Investigadora e estudante de doutoramento da FAUP vence a 18.º edição do Prémio Fernando Távora
4 de outubro de 2022
Central Geotérmica do Pico Vermelho na Ilha de São Miguel © SIARAMA arquitecta
Inês Vieira Rodrigues, investigadora do Centro de Estudos de Arquitectura e Urbanismo (CEAU) e doutoranda no Programa de Doutoramento em Arquitectura da Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto (FAUP), venceu a 18.ª edição do
Prémio Fernando Távora, com a proposta 'Viagem às arquiteturas energéticas insulares'.
Escolhido por unanimidade, o júri reconheceu que o trabalho 'Viagem às arquiteturas energéticas insulares' destaca-se "pela acutilância do seu objeto — a produção, transporte e consumo de energia — e pela capacidade de entender a dimensão política, estratégica e social das infraestruturas que lhe dão suporte"."Ao convocar a arquitetura para a percepção de obras como geradores eólicos, barragens, centrais geotérmicas e infraestruturas de transporte de energia, a proposta contribuiu para uma outra consciência das ações humanas", considerou ainda o júri, acrescentando que "a escolha dos Açores e da Islândia como lugares para essa descoberta é particularmente feliz, na medida em que o problema da autosuficiência energética é enfrentado pela raíz e o impacto das obras de arquitectura na paisagem aferido à escala das várias ilhas".O resultado da investigação de Inês Vieira Rodrigues será apresentado em abril de 2024, na data de lançamento da 20.ª edição do Prémio Fernando Távora.
Inês Vieira Rodrigues, natural de Tomar, é mestre em Arquitetura pela Faculdade de Arquitetura da Universidade do Porto (2012), com a dissertação 'Rabo de Peixe – sociedade e forma urbana', publicada em 2016 pela Editora Caleidoscópio. Trabalhou durante mais de sete anos em escritórios de arquitetura: M-Arquitetos (Ponta Delgada, 2013-2014); Feld architecture (Paris, 2015); DDA architectes (Paris, 2015-2016), no qual trabalhou no restauro e na conservação da Villa E-1027, de Eileen Gray e Jean Badovici; e na manutenção das Unités de Camping, de Le Corbusier (em Roquebrune-Cap-Martin); e Summary (Porto, 2017-2020). Desde 2020, é Bolseira de Investigação para Doutoramento – FCT e investigadora integrada no Centro de Estudos de Arquitetura e Urbanismo (CEAU-FAUP), no grupo de investigação Morfologias e Dinâmicas do Território (MDT), onde desenvolve o seu estudo sobre o território dos Açores.A proposta vencedora da 18.ª edição do Prémio Fernando Távora foi conhecida no dia 3 de outubro, Dia Mundial da Arquitectura, na sede da Ordem dos Arquitectos – Secção Regional Norte. A cerimónia contou ainda com a realização da conferência dos Vencedores da 15.ª edição do Prémio, os arquitetos Margarida Quintã e Luís Ribeiro da Silva, alumni FAUP.Presidido pelo arquiteto André Tavares, indicado pela OASRN, o júri da presente edição do prémio foi completado por Maria João Seixas, nomeada pela OASRN enquanto figura de relevo cultural externa ao campo disciplinar da Arquitetura, pelos arquitetos José Bernardo Távora, indicado pela Fundação Marques da Silva, e Pedro Baía, nomeado pela Casa da Arquitetura, e Francisco de Tavares e Távora Pereira Coutinho, designado pela família do Arquiteto Fernando Távora.
Menções Honrosas para doutorandos da FAUP
Perante a qualidade das propostas, da relevância e atualidade dos seus temas, o júri da 18.ª edição do Prémio Fernando Távora decidiu ainda atribuir duas menções honrosas às propostas "Silêncios loquazes: a cultura por vir", de
Luis Duarte Ferro, investigador do CEAU-FAUP e doutorando da FAUP, e "A presença da Eva. À procura de casas que foram brindes publicitários", de João Carlos de Almeida e Silva, mestre em Arquitetura e doutorando da FAUP.
A primeira Menção Honrosa foi atribuída à proposta "Silêncios loquazes", da autoria de Luís Duarte Ferro, que "numa proposta de visita à arquitectura de antigos mosteiros cartusianos, reclama o silêncio como uma condição capaz de gerar formas e modos de agir que nos faltam, na arquitectura e na sociedade contemporânea". De acordo com a OASRN, a proposta "ao focar em obras de arquitectura singulares, nos dispositivos de silêncio e atenção ao tempo introspectivo de cada um, apresenta-se num contraciclo necessário à emergência e aos ruídos de todos os géneros com que somos constantemente bombardeados".A segunda Menção Honrosa foi atribuída à proposta "A presença da Eva", da autoria de João Carlos de Almeida e Silva, que se propunha visitar as obras construídas entre 1933 e 1971 na sequência do sorteio de Natal da revista de bordados Eva: Jornal da Mulher e do Lar. Como destaca a OASRN, "as casas construídas e o contexto da sua utilização posterior são marcos do potencial da arquitetura", sendo "a viagem a essa memória um modo de sublinhar a importância da casa e, sobretudo, a capacidade de uma revista popular envolver a arquitectura com toda a sociedade".
Sobre o Prémio
O Prémio Fernando Távora, instituído em 2005, é organizado pela Secção Regional do Norte da Ordem dos Arquitectos (OASRN) em parceria com a Câmara Municipal de Matosinhos, a Casa da Arquitectura e a Fundação Marques da Silva.Surge como homenagem ao arquiteto Fernando Távora que, enquanto arquiteto e pedagogo, foi uma influência para sucessivas gerações de arquitetos. Relaciona-se com os hábitos do arquiteto que, durante toda a vida, viajou pelos vários continentes para estudar a arquitetura de todas as épocas. É um prémio anual e nacional destinado a todos os arquitetos inscritos na OA, para a melhor proposta de viagem. O objetivo é incentivar e valorizar a Viagem, enquanto instrumento de formação e de apoio à prática profissional do arquiteto.Esta é a décima primeira vez que o galardão é entregue a antigos estudantes e/ou investigadores da FAUP. Em edições anteriores, venceram Maria Moita, Paulo Moreira, Sidh Mendiratta, Susana Ventura, André Tavares, Maria Neto, Isa. Clara Neves, e as equipas Carla Garrido de Oliveira, Filipa de Castro Guerreiro e Pedro Bragança, Margarida Quintã e Luís Ribeiro da Silva e Carlos Machado e Moura e Pedro Abranches Vasconcelos.