Resumo (PT):
O ano de 2020 será sempre certamente recordado como o ano em que o mundo parou
e se transformou a vários níveis devido ao surgimento da COVID-19, uma doença contagiosa
que, pelas suas características e nível de risco tanto para o próprio indivíduo como para a
saúde pública levou a que as diversas nações do Mundo recorressem a medidas de controlo
da liberdade da população. Em Portugal, as principais medidas adotadas foram o
confinamento obrigatório, o isolamento profilático e a implementação do teletrabalho na
função pública. Um dos setores que sofreu largas modificações em detrimento destas
medidas foi o setor da educação, já que, em Abril de 2020, milhares de docentes tiveram de
planear e adaptar o seu trabalho aos moldes do ensino a distância de emergência, por forma
a garantir que o percurso escolar dos alunos não fosse interrompido durante a fase de
confinamento instaurada no país. É neste contexto que surge o âmbito da presente
dissertação.
O presente trabalho define-se como um estudo exploratório e tem como objetivo
geral o de caracterizar o impacto do exercício da docência em teletrabalho na saúde dos
docentes de ensino básico portugueses, nos moldes do regime de ensino a distância de
emergência implementado em detrimento da pandemia COVID-19, sendo o enfoque
específico o do fenómeno da fadiga do “zoom”. Para tal, recorreu-se a uma metodologia
mista aplicada em duas fases de investigação: primeiramente através da construção e
aplicação de um inquérito por questionário online, que continha a Zoom Exhaustion and
Fatigue Scale, e em seguida através da realização de entrevistas semiestruturadas e a análise
do conteúdo das mesmas sob os pressupostos definidos por Braun e Clarke (2006). Na
primeira fase de investigação participaram 94 docentes de ensino básico. Desses 94
docentes, 3 aceitaram participar na segunda fase de investigação.
Os dados obtidos na primeira fase de investigação demonstram que o fenómeno da
fadiga do zoom teve uma preponderância relevante na amostra, já que as médias das
subescalas de Fadiga Geral, Motivacional, Visual, Social e Emocional apresentaram valores
superiores ao valor médio da escala (2,5). A análise dos dados obtidos na segunda fase de
investigação permitiu a identificação de três grandes temas: fatores potencializadores de
fadiga e/exaustão, que inclui subtemas como fatores relacionados com a tecnologia, fatores
relacionados com o encarregado de educação, fatores relacionados com o aluno e fatores
relacionados com a entidade empregadora; características da atividade docente em
teletrabalho, que inclui subtemas como uso dos equipamentos pessoais do docente,
digitalização das tarefas e prolongamento da jornada de trabalho; e ainda o impacto do
teletrabalho na saúde do docente, que inclui subtemas como sintomas físicos, sintomas
psíquicos e sensações experienciadas.
Idioma:
Português
Nº de páginas:
71