Resumo (PT):
Portugal, um país tradicionalmente de emigração, tem registado, nos últimos anos, um
aumento de imigração e de requerentes de asilo, ocupando o segundo lugar no índice de
políticas de integração de migrantes (MIPEX). Contudo, poucas pessoas, em particular
refugiados/as ou requerentes de asilo, permanecem no país. As diminutas oportunidades
de emprego podem prejudicar o seu sentimento de pertença. No presente estudo
pretendeu-se investigar os facilitadores e/ou obstáculos ao sentimento de pertença;
explorar o papel da aprendizagem ao longo da vida e dos papéis de género; e identificar
diferenças e semelhanças entre migrantes e refugiados/as nas suas experiências de
integração. Para este efeito foi realizado um estudo de natureza qualitativa, baseado em
14 entrevistas, seis com migrantes e oito com refugiados/as. O sentimento de pertença
afigura-se elevado, sendo que apenas um entrevistado revelou não se sentir em casa em
Portugal. Foi possível explorar a complexidade de fatores que contribuem para o
sentimento de pertença no contexto nacional. Fatores, muitas vezes, interrelacionados.
Diversas categorias relativas a esses fatores são partilhadas, detetando-se diferenças em
função do estatuto de migrante ou de refugiado. As pessoas refugiadas destacaram as
questões da segurança, autonomia e bem-estar como propiciadoras de sentimento de
pertença e a Língua como obstáculo. Os resultados sugerem que o sentimento de pertença
e o de inclusão são fomentados através da disponibilização e do acesso a recursos legais
e socioeconómicos para todos/as. Destaca-se também a importância de oportunidades em
termos educativos/formativos, principalmente de aprendizagem da Língua e de acesso ao
emprego. A sensibilidade intercultural das pessoas da sociedade de acolhimento revela-
se igualmente importante, principalmente, a dos/as diversos/as profissionais e
voluntários/as responsáveis pelo acolhimento de migrantes e de refugiados/as, assim
como a sensibilidade intercultural destas últimas pessoas. Esta surge associada a outro
elemento central: o suporte social, instrumental e afetivo, encontrado no país de
acolhimento, assim como a manutenção das relações com a sociedade de origem. Por fim,
as diferenças culturais não são apenas obstáculos ao sentimento de pertença, estas podem
proporcionar oportunidades de empoderamento através da liberdade e da consagração de
direitos a grupos mais vulneráveis, como é o caso das mulheres.
Idioma:
Português
Nº de páginas:
88