Resumo (PT):
Num trabalho publicado no número de Dezembro de
2008 do Journal of the American Medical Association,
Jenkins et al.1 referem que em 210 doentes adultos, com
diabetes tipo 2, pré-obesos e obesos (IMC médio >30
kg/m2), medicados com hipoglicemiantes, a ingestão
de alimentos com baixo índice glicémico (IG) durante
seis meses se traduziu numa redução dos níveis de
hemoglobina glicosilada (HbA1c) e no aumento dos
níveis de colesterol HDL. A redução dos níveis HbA1c foi
mais marcada nos doentes com dieta de baixo IG do
que nos doentes que fizeram ao longo de 6 meses uma
dieta com alto teor de fibra de cereais. Assim, os autores
concluíram que a ingestão de uma dieta rica em alimentos
com baixo IG permite melhorias adicionais no controlo
glicémico de doentes diabéticos, quando comparada com
uma dieta com alto teor de fibra de cereais. Os níveis de
colesterol LDL e de triacilgliceróis não sofreram alterações
significativas com nenhuma das intervenções dietéticas
(ver Quadro I). Os doentes randomizados para a dieta
de baixo IG consumiram alimentos como pão de centeio
integral (pumpernickel), pão com linhaça, feijão, ervilhas,
lentilhas, flocos e cereais integrais de aveia, nozes, maçãs,
peras, arroz vaporizado e massas. Os doentes randomizados
para a dieta com alto teor de fibra de cereais consumiram
alimentos como pão e cereais integrais, arroz integral,
batatas com pele, bolachas tipo “cracker” e frutos como a
manga, banana, uvas, melancia e melão (frutos com maior
IG do que os da dieta com baixo IG). Apesar da redução
do peso corporal verificada nos dois ramos do estudo não
ter significado estatístico, a alteração no peso corporal
teve uma correlação significativa com os níveis de HbA1c
(n=210, r=0,50, P<0,001), níveis de C-HDL (n=210, r=-0,19,
p<0,007), pressão arterial sistólica (n=209, r=0,14, p<0,04)
e diastólica (n=209, r=0,2, p<0,005). O valor energético
total não diferia entre as duas dietas, tendo no entanto
sido observada em ambos os ramos uma redução deste
valor entre a semana 0 e a semana 24. Este estudo parece
mostrar que mesmo em doentes diabéticos tratados
com hipoglicemiantes, a libertação lenta de glicídeos no
processo digestivo parece ter vantagens a nível metabólico,
ao permitir subidas pós--prandiais mais suaves da glicemia,
e consequentemente da insulinemia.
Idioma:
Português
Tipo (Avaliação Docente):
Científica
Contacto:
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