Resumo: |
Decisões adequadas e eficientes sobre a introdução e financiamento de tecnologias da saúde são essenciais para a sustentabilidade dos sistemas de saúde. A Avaliação de Tecnologias da Saúde (HTA) é um processo multidisciplinar amplamente utilizado para informar decisões acerca do uso adequado de tecnologias. Os efeitos relativos das diferentes tecnologias de saúde nos resultados de saúde são inputs fundamentais para os processos de HTA. As estimativas padrão-ouro desses efeitos relativos vêm frequentemente de revisões sistemáticas e meta-análises de Ensaios Clínicos Aleatorizados (RCTs). De forma a assegurar que as melhores decisões são tomadas é, portanto,essencial que inputs confiáveis estejam disponíveis para os processos de HTA. No entanto, um número substancial de RCTs com fraquezas metodológicas significativas são frequentemente encontrados na literatura médica e incluído sem revisões sistemáticas. Vários estudos têm relatado evidências empíricas de que a inclusão destes RCTs numa meta-análise pode introduzir viés nos resultados. Ao realizar uma meta-análise, os investigadores são, portanto,confrontados com a decisão de restringir a meta-análise apenas a RCTs com baixo risco de viés (RoB), o que pode ignorar uma quantidade significativa de evidência e gerar um resultado não enviesado, mas impreciso, ou adotar uma abordagem de "todas as evidências disponíveis", o que produzirá uma maior precisão às custas de um resultado mais enviesado. A escolha da última opção pode fornecer uma estimativa de efeito espuriamente precisa e levar a decisões de HTA inapropriadas.
Recentemente, foram desenvolvidos modelos meta-analíticos Bayesianos que permitem ajustar e reduzir o peso das estimativas de efeito de RCTs com alto RoB, através da incorporação de distribuições a priori para parâmetros de viés estimados a partir de dados meta-epidemiológicos. Estes modelos representam uma metodologia de ponta que poderá oferecer um compromisso mais favorável entre viés |
Resumo Decisões adequadas e eficientes sobre a introdução e financiamento de tecnologias da saúde são essenciais para a sustentabilidade dos sistemas de saúde. A Avaliação de Tecnologias da Saúde (HTA) é um processo multidisciplinar amplamente utilizado para informar decisões acerca do uso adequado de tecnologias. Os efeitos relativos das diferentes tecnologias de saúde nos resultados de saúde são inputs fundamentais para os processos de HTA. As estimativas padrão-ouro desses efeitos relativos vêm frequentemente de revisões sistemáticas e meta-análises de Ensaios Clínicos Aleatorizados (RCTs). De forma a assegurar que as melhores decisões são tomadas é, portanto,essencial que inputs confiáveis estejam disponíveis para os processos de HTA. No entanto, um número substancial de RCTs com fraquezas metodológicas significativas são frequentemente encontrados na literatura médica e incluído sem revisões sistemáticas. Vários estudos têm relatado evidências empíricas de que a inclusão destes RCTs numa meta-análise pode introduzir viés nos resultados. Ao realizar uma meta-análise, os investigadores são, portanto,confrontados com a decisão de restringir a meta-análise apenas a RCTs com baixo risco de viés (RoB), o que pode ignorar uma quantidade significativa de evidência e gerar um resultado não enviesado, mas impreciso, ou adotar uma abordagem de "todas as evidências disponíveis", o que produzirá uma maior precisão às custas de um resultado mais enviesado. A escolha da última opção pode fornecer uma estimativa de efeito espuriamente precisa e levar a decisões de HTA inapropriadas.
Recentemente, foram desenvolvidos modelos meta-analíticos Bayesianos que permitem ajustar e reduzir o peso das estimativas de efeito de RCTs com alto RoB, através da incorporação de distribuições a priori para parâmetros de viés estimados a partir de dados meta-epidemiológicos. Estes modelos representam uma metodologia de ponta que poderá oferecer um compromisso mais favorável entre viés e precisão do que simplesmente restringir a meta-análisea RCTs de baixo RoB. Dado o seu desempenho promissor em gerar resultados mais precisos, válidos e confiáveis do que a meta-análise padrão, esta abordagem foi recentemente incluída no Manual da Cochrane para Revisões Sistemáticas como uma estratégia potencial para eliminar o viés dos resultados da meta-análise. No entanto, no estado atual do conhecimento, a Colaboração Cochrane ainda não pode recomendar esta metodologia para uso rotineiro na síntese de evidência, dada a sua natureza ainda experimental. Questões relacionadas com a falta de poder estatístico dos estudos meta-epidemiológicos, a assunção de que a meta-análise a ser ajustada é intercambiável com as meta-análises da base de dados meta-epidemiológica e, a sensibilidade dos resultados à escolha do modelo e das distribuições a priori necessitam de ser esclarecidas antes desta metodologia poder ser recomendada para uso rotineiro nos processos de HTA.
Investigar se e como esta nova metodologia pode ser aplicada com confiança na prática de síntese de evidência e ser vantajosa para o processo de tomada de decisão é, portanto, de extrema relevância e importância, tendo em vista uma melhor e mais eficiente alocação de recursos que fortaleça a sustentabilidade dos sistemas de saúde. |