Resumo: |
Com o projeto proposto pretende-se estudar as potencialidades de substituição de solos granulares de elevada qualidade por solos coesivos e subprodutos resultantes da incineração de resíduos municipais em estruturas reforçadas com geossintéticos.
A técnica de reforço de solos surgiu na década de 60 do século XX, com a proposta de Henri Vidal da tecnologia construtiva designada por Terra Armada. Neste tipo de técnica construtiva os solos a utilizar têm de ser granulares, não podendo apresentar coesão, e os reforços são metálicos. Mais tarde, com o aparecimento dos geossintéticos, os reforços metálicos começaram a ser substituídos por estes, tendo em conta, em especial, o baixo custo e facilidade de aplicação dos geossintéticos. Porém, o rápido sucesso da aplicação dos geossintéticos como elementos de reforço levou a que a primeira preocupação fosse manter a confiança da indústria da construção, minimizando os riscos de rotura através da adoção de metodologias de dimensionamento conservativas e de coeficientes de segurança elevados. Neste contexto, o tipo de solo a utilizar devia obedecer às mesmas características exigidas para a Terra Armada, isto é ser granular, sem coesão, e os coeficientes de segurança aplicados aos geossintéticos eram muito elevados dado o desconhecimento científico existente acerca da durabilidade destes materiais. Mais ainda, as metodologias de dimensionamento baseavam-se em princípios de Equilíbrio Limite. Porém, a investigação desenvolvida ao longo dos últimos 35 anos permite, hoje em dia, compreender incomparavelmente melhor o comportamento operacional das estruturas de solo reforçado com gossintéticos prevendo-se que estruturas mais económicas e tecnicamente mais eficazes possam vir a ser construídas no futuro. Um dos aspetos fundamentais do reforço de solos é a interação solo-reforço, pois é através das interfaces entre o solo e os reforços que se dá a transferência de tensões do primeiro para os segundos. O facto de os geossintéticos |
Resumo Com o projeto proposto pretende-se estudar as potencialidades de substituição de solos granulares de elevada qualidade por solos coesivos e subprodutos resultantes da incineração de resíduos municipais em estruturas reforçadas com geossintéticos.
A técnica de reforço de solos surgiu na década de 60 do século XX, com a proposta de Henri Vidal da tecnologia construtiva designada por Terra Armada. Neste tipo de técnica construtiva os solos a utilizar têm de ser granulares, não podendo apresentar coesão, e os reforços são metálicos. Mais tarde, com o aparecimento dos geossintéticos, os reforços metálicos começaram a ser substituídos por estes, tendo em conta, em especial, o baixo custo e facilidade de aplicação dos geossintéticos. Porém, o rápido sucesso da aplicação dos geossintéticos como elementos de reforço levou a que a primeira preocupação fosse manter a confiança da indústria da construção, minimizando os riscos de rotura através da adoção de metodologias de dimensionamento conservativas e de coeficientes de segurança elevados. Neste contexto, o tipo de solo a utilizar devia obedecer às mesmas características exigidas para a Terra Armada, isto é ser granular, sem coesão, e os coeficientes de segurança aplicados aos geossintéticos eram muito elevados dado o desconhecimento científico existente acerca da durabilidade destes materiais. Mais ainda, as metodologias de dimensionamento baseavam-se em princípios de Equilíbrio Limite. Porém, a investigação desenvolvida ao longo dos últimos 35 anos permite, hoje em dia, compreender incomparavelmente melhor o comportamento operacional das estruturas de solo reforçado com gossintéticos prevendo-se que estruturas mais económicas e tecnicamente mais eficazes possam vir a ser construídas no futuro. Um dos aspetos fundamentais do reforço de solos é a interação solo-reforço, pois é através das interfaces entre o solo e os reforços que se dá a transferência de tensões do primeiro para os segundos. O facto de os geossintéticos serem reforços bidimensionais, ao contrário dos reforços metálicos que são unidimensionais, faz com que a superfície de contacto com o solo, através da qual se dá a transferência de tensões seja muito superior à que se verifica no caso de os reforços serem metálicos. Este aspeto, associado ao excelente comportamento observado até à data de estruturas reforçadas com geossintéticos, permite antever a possibilidade de utilizar solos de pior qualidade ou mesmo subprodutos em substituição dos solos granulares, facto que em muito melhoraria a economia da construção e a proteção ambiental.
Por outro lado, nos últimos 15 anos tem havido um forte investimento da investigação na caracterização do comportamento das interfaces solo granular-geossintético, estando cabalmente provada a eficácia dessa interação. É imperioso avançar numa outra vertente que é o estudo da eficácia da interação material de aterro pobre-geossintético.
A persecução deste objetivo implica a seleção, em primeiro lugar, de diferentes solos coesivos e de diferentes tipos de geossintéticos, seguindo-se o estudo experimental do comportamento mecânico do solo isolado e reforçado através de ensaios triaxiais, bem como do comportamento das interfaces solo-geossintético ao arranque, ao corte direto e ao corte em plano inclinado, para diferentes valores de teor em água e grau de compactação do solo e de tensão de confinamento.
Assim, pensa-se poder contribuir, não só para uma melhor compreensão do comportamento de diferentes tipos de interfaces com geossintéticos, mas também para lançar esclarecimentos acerca da validade dos métodos de dimensionamento correntes, e ainda para a economia da construção. |