Resumo: |
A história das cidades e das grandes metrópoles é feita de variadas contribuições, umas planeadas outras espontâneas. Ambas, ao longo dos tempos, reflectem e incorporam a evolução gradual ou a rápida sucessão de diferentes modos de produção dos espaços construídos das cidades. Estes modos de produção resultam de vários factores tais como as tecnologias construtivas, a regulação do uso do solo, o funcionamento dos mercados imobiliários, as estratégias de investimento, as políticas de habitação ou as simples preferências individuais ou dos agregados familiares. Actualmente, estes modos de produção evidenciam uma elevada dinâmica, estando intrinsecamente ligados às mudanças sociais, económicas e culturais em curso. Recentemente, a paisagem urbana das cidades contemporâneas e suas periferias tem sido abalada pelo aparecimento e rápida disseminação de grandes projectos habitacionais conhecidos como condomínios fechados, separados das envolventes por extensos muros e portões, e geridos por privados. Este novo modo de produção dos espaços urbanos tem atraído significativos esforços de investigação e reflexão, um pouco por toda a parte, seja no meio académico seja no meio profissional. Têm sido publicados numerosos trabalhos explorando os aspectos sociais, económicos ou políticos dos condomínios fechados. A posição de planeadores e urbanistas não é consensual. Para alguns, os condomínios fechados representam novas oportunidades de experimentação de soluções inovadoras e de novos conceitos urbanísticos, enquanto para outros, representam uma forte ameaça à vida urbana, manifestando receios que a proliferação destes empreendimentos venham a acabar como a cidade tal como a conhecemos. A investigação que desenvolvemos anteriormente veio mostrar que, em Portugal, os condomínios fechados tem vindo a tomar diversificadas formas susceptíveis de gerar impactos muito diferenciados. De acordo com os seus procedimentos de gestão, e/ou soluções de implantação e edificação, os condomín |
Resumo A história das cidades e das grandes metrópoles é feita de variadas contribuições, umas planeadas outras espontâneas. Ambas, ao longo dos tempos, reflectem e incorporam a evolução gradual ou a rápida sucessão de diferentes modos de produção dos espaços construídos das cidades. Estes modos de produção resultam de vários factores tais como as tecnologias construtivas, a regulação do uso do solo, o funcionamento dos mercados imobiliários, as estratégias de investimento, as políticas de habitação ou as simples preferências individuais ou dos agregados familiares. Actualmente, estes modos de produção evidenciam uma elevada dinâmica, estando intrinsecamente ligados às mudanças sociais, económicas e culturais em curso. Recentemente, a paisagem urbana das cidades contemporâneas e suas periferias tem sido abalada pelo aparecimento e rápida disseminação de grandes projectos habitacionais conhecidos como condomínios fechados, separados das envolventes por extensos muros e portões, e geridos por privados. Este novo modo de produção dos espaços urbanos tem atraído significativos esforços de investigação e reflexão, um pouco por toda a parte, seja no meio académico seja no meio profissional. Têm sido publicados numerosos trabalhos explorando os aspectos sociais, económicos ou políticos dos condomínios fechados. A posição de planeadores e urbanistas não é consensual. Para alguns, os condomínios fechados representam novas oportunidades de experimentação de soluções inovadoras e de novos conceitos urbanísticos, enquanto para outros, representam uma forte ameaça à vida urbana, manifestando receios que a proliferação destes empreendimentos venham a acabar como a cidade tal como a conhecemos. A investigação que desenvolvemos anteriormente veio mostrar que, em Portugal, os condomínios fechados tem vindo a tomar diversificadas formas susceptíveis de gerar impactos muito diferenciados. De acordo com os seus procedimentos de gestão, e/ou soluções de implantação e edificação, os condomínios fechados são susceptíveis de gerar impactos muito distintos induzindo ou inibindo formas de segregação social e espacial, sentimentos de segurança pública e privada, sentidos de comunidade ou de lugar. É nossa intenção, com esta proposta de investigação, aprofundar a compreensão dos impactos físicos e funcionais dos condomínios fechados à escala micro, dos tecidos urbanos e suburbanos, e à escala macro, da forma e estrutura metropolitanas. Julgamos que a consideração simultânea destas duas escalas de análise, que se interpenetram, enriquecerá a investigação deste novo e complexo fenómeno urbano. |