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Professor da FMUP proferiu Conferência CAC Porto na área da Nefrologia

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João Frazão falou sobre as alterações do metabolismo mineral na doença renal crónica

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A Nefrologia foi a especialidade em destaque na mais recente Conferência do Centro Académico Clínico do Porto (CAC Porto), que decorreu no passado dia 7 de março, na Aula Magna da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP).

O diretor da FMUP, Altamiro da Costa Pereira, falou na abertura, considerando que este Ciclo, iniciado em 2023 por António Sarmento e Francisco Cruz, é “uma iniciativa extremamente louvável”, que visa “promover e dar visibilidade à investigação que se faz nesta Faculdade e neste hospital [Centro Hospitalar Universitário do Porto]”.

Entre os presentes estava Manuel Pestana, professor catedrático e diretor do Departamento de Medicina da FMUP, que assim se juntou aos mentores das Conferências do CAC Porto e a membros destacados da comunidade científica da FMUP e do hospital que assistiram a esta sessão.

Na sua conferência, João Frazão apresentou resultados de projetos de investigação que tem desenvolvido no campo da histomorfometria óssea, no âmbito do Laboratório da FMUP onde são feitos o processamento, a leitura e a avaliação histomorfométrica de fragmentos de biópsia óssea. 

“A doença renal crónica é muito prevalente. Em Portugal, 10 a 15% da população sofre desta doença, em que as alterações do metabolismo mineral e ósseo são muito frequentes”, explicou o professor da FMUP e nefrologista do CHUSJ.

Abordando a fisiopatologia, João Frazão explicou que as alterações do metabolismo mineral ósseo começam provavelmente em fases precoces da doença renal crónica, sendo que “o principal culpado é o fósforo”. Ao detetar esta carga excessiva (hiperfosfatemia), o organismo procura regular os níveis de fósforo, o que resulta em hipocalcemia (cálcio baixo), calcitriol baixo e hiperparatiroidismo secundário à doença renal.

“É fantástico termos doentes com 20 anos de curso de doença renal crónica com valores de cálcio tendencialmente normais por causa da hormona PTH, que normaliza o cálcio, que vai buscar ao rim e ao osso. Estes mecanismos compensatórios têm como preço o desenvolvimento de doença óssea”, esclareceu o conferencista. Entre estas doenças estão a osteíte fibrosa cística e a doença adinâmica, por exemplo.

Em termos de consequências clínicas, “temos doentes com dores ósseas, incapacidade funcional, deformidades e fraturas. De facto, quando se comparam doentes renais com a população geral, o risco de fratura óssea é mais do que o dobro no sexo feminino. Temos também calcificações, que são uma consequência grave e “devastadora” da doença óssea e da doença renal.

Segundo João Frazão, as calcificações vasculares são “muito prevalentes nos doentes renais crónicos” e “quanto maior o score de calcificação, maior é a mortalidade associada”. Por isso é tão importante “tratar bem e precocemente as alterações do metabolismo mineral”.

Em resumo, “a doença renal crónica com alterações do metabolismo mineral ósseo está associada a doenças cardiovasculares, fraturas e mortalidade. Temos alterações da remodelação óssea, alterações do metabolismo mineral e calcificação vascular”.

A investigação realizada por João Frazão tem incidido na identificação de biomarcadores para diagnosticar e orientar o tratamento destas alterações comuns ao longo do curso da doença renal crónica. A PTH é um dos biomarcadores apontados, mas apresenta vários problemas. Estudos de que é coautor avaliaram o desempenho, especificidade e sensibilidade para o diagnóstico numa série de moléculas em doentes renais pré-diálise e em diálise peritoneal, recorrendo a biopsias ósseas.

“Há poucos estudos a caracterizar a doença óssea na população pré-diálise. Os biomarcadores clássicos não são capazes de discriminar adequadamente os diferentes tipos de osteodistrofia. Pensamos que a esclerostina e o DKK1 são prometedores em termos de desempenho, sensibilidade e especificidade e merecem uma avaliação adicional, mas a biopsia óssea continua a ser o gold standard”, concluiu

Outro estudo que realizou, este com doentes a fazer diálise peritoneal mostrou que uma grande percentagem tem osso adinâmico, sendo que a PTH tem mau desempenho no seu diagnostico. Nesse trabalho, “a utilização do rácio entre a esclerostina e a PTH tiveram um bom desempenho para o diagnóstico de osso adinâmico”.

Em suma, “este foi, quando publicado, o estudo com a maior série recente de doentes em diálise peritoneal submetidos a biopsia óssea. O osso adinâmico foi o diagnóstico mais frequente nesta população de doentes. O rácio esclerostina e PTH teve o melhor desempenho em termos de diagnóstico de osso adinâmico em comparação com a PTH intacta. Este é um achado importante, que merece avaliação em estudos futuros”.

Em jeito de conclusão final, João Frazão enfatizou que “as perturbações do metabolismo mineral são muito prevalentes na doença renal crónica. A doença de baixo remodelado é muito prevalente na população pré-diálise e em diálise peritoneal e é um fator de risco não tradicional importante em termos cardiovasculares porque está associada ao desenvolvimento de calcificações”.

Além disso, “o diagnóstico baseado em biomarcadores clássicos, como a PTH intacta, apresenta limitações muito relevantes, não conseguindo discriminar as categorias de osteodistrofia. Não conseguimos tratar estas alterações baseados nestes marcadores. Portanto, continuaremos a precisar das nossas biopsias. Infelizmente é um procedimento invasivo. Alguns marcadores, como a esclerostina e o DKK1, têm um potencial que tem de ser avaliado na osteodistrofia renal com estudos futuros”.

Além de Professor Associado da FMUP, João Frazão é especialista em Medicina Interna e Nefrologia. É Assistente Graduado Sénior no Serviço de Nefrologia do Centro Hospitalar Universitário de São João.

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