Resumo: |
A insuficiência cardíaca aguda (ICA) é a causa mais comum de internamento hospitalar não programado, não havendo evidência de um impacto positivo dos seus tratamentos atuais na sobrevivência a longo prazo. O choque cardiogénico (CC), a forma mais grave de ICA, está associado a uma resposta inflamatória exuberante, falência multiorgânica e morte. A inflamação é induzida por diferentes fatores etiológicos da ICA, contribuindo para distúrbios da estrutura/função cardíaca. No entanto, os ensaios clínicos com moléculas neutralizadoras de citocinas pró-inflamatórias na IC têm sido dececionantes. Recentemente, surgiu um novo paradigma do processo inflamatório que destaca o envolvimento ativo de mediadores pró-resolutivos especializados (SPMs), tais como lipoxinas (LXs) e resolvinas (Rvs), na estimulação da resolução da inflamação e regeneração tecidual. O nosso grupo demonstrou previamente que a gravidade clínica em doentes com IC crónica está associada a níveis reduzidos de LXs que, por sua vez, estão inversamente correlacionados com marcadores de IC. O principal objetivo deste projeto é a caracterização da resolução da inflamação na ICA. A hipótese a testar é que os SPMs e o receptor FPR2/ALX são biomarcadores úteis para a estratificação de risco, monitorização terapêutica e/ou prognóstico em doentes com ICA e CC. Este estudo, cujo protocolo já foi aprovado pela Comissão de Ética em Saúde do Centro Hospitalar São João (CHSJ), incluirá 80 doentes da Unid. Cuid. Intermédios e da Unid. Cuid. Intensivos, Dep. Med. Intensiva, CHSJ, com diagnóstico estabelecido de ICA (40 com ICA; 40 com CC). Como controlos serão recrutados 40 doentes com choque não cardiogénico (CNC), do Dep. Med. Intensiva, e 40 voluntários saudáveis do Dep. Imunohemoterapia, CHSJ. Todos os participantes (ou representante legal) serão informados sobre o estudo e solicitados a participar dando consentimento informado. Serão colhidas amostras de sangue/urina em 3 tempos ao longo do internamento para ava |
Resumo
A insuficiência cardíaca aguda (ICA) é a causa mais comum de internamento hospitalar não programado, não havendo evidência de um impacto positivo dos seus tratamentos atuais na sobrevivência a longo prazo. O choque cardiogénico (CC), a forma mais grave de ICA, está associado a uma resposta inflamatória exuberante, falência multiorgânica e morte. A inflamação é induzida por diferentes fatores etiológicos da ICA, contribuindo para distúrbios da estrutura/função cardíaca. No entanto, os ensaios clínicos com moléculas neutralizadoras de citocinas pró-inflamatórias na IC têm sido dececionantes. Recentemente, surgiu um novo paradigma do processo inflamatório que destaca o envolvimento ativo de mediadores pró-resolutivos especializados (SPMs), tais como lipoxinas (LXs) e resolvinas (Rvs), na estimulação da resolução da inflamação e regeneração tecidual. O nosso grupo demonstrou previamente que a gravidade clínica em doentes com IC crónica está associada a níveis reduzidos de LXs que, por sua vez, estão inversamente correlacionados com marcadores de IC. O principal objetivo deste projeto é a caracterização da resolução da inflamação na ICA. A hipótese a testar é que os SPMs e o receptor FPR2/ALX são biomarcadores úteis para a estratificação de risco, monitorização terapêutica e/ou prognóstico em doentes com ICA e CC. Este estudo, cujo protocolo já foi aprovado pela Comissão de Ética em Saúde do Centro Hospitalar São João (CHSJ), incluirá 80 doentes da Unid. Cuid. Intermédios e da Unid. Cuid. Intensivos, Dep. Med. Intensiva, CHSJ, com diagnóstico estabelecido de ICA (40 com ICA; 40 com CC). Como controlos serão recrutados 40 doentes com choque não cardiogénico (CNC), do Dep. Med. Intensiva, e 40 voluntários saudáveis do Dep. Imunohemoterapia, CHSJ. Todos os participantes (ou representante legal) serão informados sobre o estudo e solicitados a participar dando consentimento informado. Serão colhidas amostras de sangue/urina em 3 tempos ao longo do internamento para avaliar o perfil temporal dos SPMs e recetor FPR2/ALX. Serão efetuados exames físicos e ecocardiogramas, assim como o registo de dados demográficos, comorbilidades e medicação. Serão ainda avaliadas correlações dos SPMs e recetor FPR2/ALX com biomarcadores de IC, estado inflamatório/redox, sistema renina-angiotensina-aldosterona (RAAS) e outros fatores de risco cardiometabólicos/renais, bem como com parâmetros ecocardiográficos e prognóstico. Os SPMs e a maioria dos biomarcadores do estado inflamatório/redox e do RAAS serão quantificados por ensaios imunoenzimáticos. Alguns marcadores redox serão avaliados por kits fluorométricos/espetrofotométricos. A expressão do recetor FPR2/ALX será quantificada em células do sangue periférico por qPCR. Espera-se que este projeto valide os SPMs e o recetor FPR2/ALX como biomarcadores de estratificação de risco em doentes com ICA e identifique os melhores tratamentos para promover a resolução da inflamação e melhorar a função cardiovascular e renal na IC. |