Resumo: |
A qualidade da vinculação estabelecida no primeiro ano de vida afeta o desenvolvimento e o desempenho escolar em idades subsequentes. Em bebés prematuros (32 a 36 semanas de idade de gestação; SIG) de baixo risco neonatal e oriundos de famílias de classe média com bons níveis de literacia, a incidência de vinculação segura é aproximada àquela encontrada em díades com bebés de termo. Contudo, na presença de outros fatores de risco (e.g., problemas socioeconómicos, de saúde do bebé, depressão materna, stress parental) a incidência de vinculação insegura aumenta significativamente. Recentes melhorias nos cuidados peri e neonatais permitiram aumentar a taxa de sobrevivência de bebés muito (28-31 SIG) ou extremamente (<28 SIG) prematuros ou com extremo baixo peso (<1500g). Até à data, são raros os estudos sobre a qualidade da vinculação nestes bebés. Os poucos estudos realizados indicam incidências muito elevadas de vinculação insegura ou desorganizada, mas ainda estão por encontrar os fatores explicativos da qualidade da vinculação nestas amostras. O único preditor da qualidade da vinculação encontrado, nesses estudos, é a sensibilidade materna em interação livre. Contudo, são vários os preditores da vinculação noutras amostras. Um recente estudo meta-analítico indica que a autorregulação emocional do bebé no paradigma experimental Face-to-Face-Still-Face de Tronick e colegas (FFSF) é um preditor da segurança da vinculação. No presente projeto pretendemos incluir os dois fatores: a sensibilidade materna e autorregulação emocional do bebé, e verificar o seu impacto na vinculação de bebés muito ou extremamente prematuros. Tanto quanto sabemos, nunca foi estudado o efeito da autorregulação emocional na qualidade da vinculação nestes bebés. Recentemente, a equipa proponente, modificando um sistema de cotação microanalítica anterior (o IRSS) procurou avaliar, para além da ocorrência, a intensidade do afeto infantil, identificando três estilos de comportamento regulatóri |
Resumo A qualidade da vinculação estabelecida no primeiro ano de vida afeta o desenvolvimento e o desempenho escolar em idades subsequentes. Em bebés prematuros (32 a 36 semanas de idade de gestação; SIG) de baixo risco neonatal e oriundos de famílias de classe média com bons níveis de literacia, a incidência de vinculação segura é aproximada àquela encontrada em díades com bebés de termo. Contudo, na presença de outros fatores de risco (e.g., problemas socioeconómicos, de saúde do bebé, depressão materna, stress parental) a incidência de vinculação insegura aumenta significativamente. Recentes melhorias nos cuidados peri e neonatais permitiram aumentar a taxa de sobrevivência de bebés muito (28-31 SIG) ou extremamente (<28 SIG) prematuros ou com extremo baixo peso (<1500g). Até à data, são raros os estudos sobre a qualidade da vinculação nestes bebés. Os poucos estudos realizados indicam incidências muito elevadas de vinculação insegura ou desorganizada, mas ainda estão por encontrar os fatores explicativos da qualidade da vinculação nestas amostras. O único preditor da qualidade da vinculação encontrado, nesses estudos, é a sensibilidade materna em interação livre. Contudo, são vários os preditores da vinculação noutras amostras. Um recente estudo meta-analítico indica que a autorregulação emocional do bebé no paradigma experimental Face-to-Face-Still-Face de Tronick e colegas (FFSF) é um preditor da segurança da vinculação. No presente projeto pretendemos incluir os dois fatores: a sensibilidade materna e autorregulação emocional do bebé, e verificar o seu impacto na vinculação de bebés muito ou extremamente prematuros. Tanto quanto sabemos, nunca foi estudado o efeito da autorregulação emocional na qualidade da vinculação nestes bebés. Recentemente, a equipa proponente, modificando um sistema de cotação microanalítica anterior (o IRSS) procurou avaliar, para além da ocorrência, a intensidade do afeto infantil, identificando três estilos de comportamento regulatório em bebés prematuros de baixo risco: o socialmente positivo, o socialmente negativo e o orientado para o autoconforto. Estes três padrões estão associados a diferentes respostas regulatórias e cardíacas, corroborando a tese de que se trata de formas organizadas de resposta ao stress no FFSF. Adicionalmente, os três padrões de autorregulação infantil e a interação mãe-filho(a) predizem a qualidade da vinculação em bebés de termo e pré-termo. Com efeito, a vinculação segura surge associada ao estilo socialmente positivo e a respostas maternas sensíveis, a vinculação resistente ao estilo socialmente negativo e à passividade materna, e a vinculação evitante ao estilo de orientado para o autoconforto e à intrusividade/diretividade materna. Neste estudo pretendemos aplicar esta metodologia que já se encontra organizada numa escala (Infant COPing in FFSF scale; COP) desenvolvida e aferida pela equipa (no prelo). Embora pouco compreendido, alguns estudos realizados com bebés de pré-termo com baixo risco neonatal indicam que os padrões de autorregulação emocional estão associados ao tempo de internamento na unidade de cuidados intensivos neonatais, ao peso e à idade gestacional. O peso das condições neonatais na autorregulação infantil está por determinar.
Em suma, pretendemos pesquisar em 60 nascidos com idade gestacional inferior a 32 semanas a sua autorregulação comportamental (através das escalas IRSS, ICEP e COP) e autonómica (através das respostas cardíacas) no FFSF, bem como a qualidade de interação mãe-filho(a) em jogo livre (com a escala CARE-Index de Crittenden), aos 6 mese |