Os Fóruns do Território visam criar espaços de debate e construção colectiva de conhecimento em torno de temas prementes associados às políticas, práticas e processos da urbanização contemporânea, tendo em vista dotar os alunos de instrumentos operativos para a análise e actuação no território.

O Fórum do Território - Espaço Público pretende aprofundar a importância do espaço público na cidade contemporânea e reflectir sobre os principais temas e desafios que se colocam à sua qualificação, projecto e desenho, nas várias escalas e contextos de cidade. Assim, os conteúdos programáticos a abordar procuram delimitar um conjunto alargado de temáticas, que, entrecruzando-se, se podem entender como temas específicos a desenvolver do ponto de vista das metodologias e estratégias de projecto. Procurar-se-á enquadrar cada um dos temas numa leitura alargada da cidade, promovendo a reflexão e discussão tanto em torno de áreas urbanas que resultam de uma urbanização recente (mais diversa, extensiva e descontínua) como em áreas mais centrais e consolidadas, não esquecendo, em cada caso, a procura da valorização da sua dimensão territorial, ambiental e paisagística.

A estrutura desta unidade de formação assenta num conjunto de sessões temáticas, organizadas em três fases distintas, mas complementares. Na primeira fase, procura-se partir de uma leitura mais geral, de enquadramento histórico e teórico sobre a evolução e a importância do espaço público em diferentes momentos da história da cidade. Na segunda fase, perspectiva-se uma aproximação à importância da definição do programa e consequentes ferramentas de diagnóstico sobre o potencial, a qualidade e o desempenho de diferentes tipologias de espaços públicos. E por fim, na terceira fase, de forma progressiva, pretende-se aprofundar um conjunto de abordagens temáticas que na actualidade têm vindo a marcar e a revelar a sua premência nos processos de requalificação urbana e de espaços públicos nas principais cidades europeias.

Paralelamente às visões e experiências mais ligadas à prática projectual que serão transmitidas por conferencistas convidados para as diferentes sessões, procurar-se-á, em cada sessão, mostrar exemplos e experiências de intervenções em espaço público que, em conjunto, estabeleçam um enquadramento teórico-prático e referenciais de projecto para cada um dos temas a abordar em cada sessão.

A banalização do uso da palavra “território” dá erradamente a entender que o seu sentido é claro e auto-explicativo. De facto, a situação é muito diferente: os sentidos do território enquanto conceito perdem-se (como na linguagem comum) na falta de rigor e na diversidade e contradição daquilo que é dito a esse respeito.

Território é um dispositivo político de alta sensibilidade; uma permanente construção social interpretada e problematizada de modo instável. Mais do que facto ou conjunto de factos, o território é um assunto, uma matéria em discussão que inclui as posições dos actores em presença e os enfoques científicos/disciplinares postos em evidência.

Nesta UC procurar-se-á reflectir sobre o que se fala quando se fala de território, bem como sobre os seus modos de produção e representação, explorando modos operativos de olhar os fenómenos da urbanização contemporânea. Para tal, parte-se do reconhecimento da antropização extensiva da Terra na qual as dicotomias cidade-campo; centro-periferia; rural-urbano; natural-artificial deixam de fazer sentido. Esta condição obriga a aceitar e perceber a complexidade dos processos, agentes e fenómenos (in)visíveis, a qual atravessa infinitas escalas, tempos e campos disciplinares.

Agir neste contexto é “um acto de ‘desdobramento’ que tece de um ponto a outro, outras tantas relações (...). É isso, actualizar a potência, ou devir activo: disso depende a vida e o seu prolongamento.” (Deleuze,1988). Por isto, contraria-se a visão limitada do projecto-que-cria o ‘novo’, e assim congela o território numa ideia ‘finita’, para um projecto-que-transcria e catalisa infinitas relações e possibilidades. Como agir assim? Como pensar assim? Quais as ferramentas? Como representar este desdobramento relacional? são as questões às quais nos tentamos aproximar.

Os Fóruns do Território visam criar espaços de debate e construção colectiva de conhecimento em torno de temas prementes associados às políticas, práticas e processos da urbanização contemporânea, tendo em vista dotar os alunos de instrumentos operativos para a análise e actuação no território.

 O Fórum do Território - Ambiente irá centrar-se na discussão de temas associados às estruturas biofísicas, sustentabilidade ambiental, gestão climática, serviços ecossistémicos, estruturas ecológicas e papel dos elementos não edificados na organização da urbanização e da paisagem. Pretende-se explorar práticas de planeamento e de desenho urbano mais capazes de responder aos desafios cada vez mais prementes da sustentabilidade ambiental e alterações climáticas, bem como, de um modo mais geral, responder à necessidade de actuar em territórios de ocupação extensiva onde a estruturação do território já não poderá estar dependente da edificação, que aí é minoritária.

 Neste sentido, no Fórum do Território - Ambiente procurar-se-á:

• Compreender e debater os sistemas ambientais existentes e latentes e o seu papel estruturante na organização da paisagem, em termos topológicos, funcionais, morfológicos e culturais.
• Identificar, explorar e debater as políticas de regulação, instrumentos de planeamento e as práticas de gestão e de intervenção no território, na sua relação com os sistemas ambientais. Será dada particular atenção ao modo como a emergência de novos desafios associados à sustentabilidade ambiental e alterações climáticas têm vindo a alterar essas políticas, instrumentos e práticas. Serão exploradas e debatidas novas formas de actuar que essas alterações reclamam.
• Explorar e debater práticas de planeamento, gestão e intervenção de escala local, na procura de modos operativos de actuar nos territórios da contemporaneidade que tome os sistemas ambientais e os elementos não edificados como partes estruturantes da organização dos territórios.
• Esclarecer as condições de pertinência dos termos de coesão urbanística e territorial, e formas de conjugação dos sistemas espaciais face a contextos diferenciados e dinâmicas frequentemente imprevisíveis, nomeadamente no que respeita a conformidades sociais e significantes.
• Avaliar a natureza contingente da actuação urbanística, por observação de como o projecto reconhece e representa a realidade física e social que pretende modificar.

 Dado o carácter do curso, focado na formação contínua e na actualização do conhecimento e instrumentos dos técnicos, o Fórum do Território - Ambiente terá, a cada nova edição do curso, um tema específico, visando ir assim cobrindo, com grande aprofundamento, as principais questões emergentes, quer no debate académico, quer, sobretudo, nas práticas de projecto e planeamento urbano.

Os territórios onde trabalhamos resultam da sobreposição de sistemas, tempos e transformações de diversas escalas que se complementam e integram de forma transversal.

Aquelas intervenções tidas por bons exemplos são normalmente destacadas pela sua imagem e qualidade espacial. Mas os processos que viabilizaram a sua materialização tendem a permanecer pouco conhecidos e estes são, muitas vezes, processos longos, complexos, interdisciplinares e essenciais para o sucesso das intervenções. A aproximação a estes processos oferece uma aprendizagem valiosa para futuros projectos e para o conhecimento disciplinar.

A U.C. tem por objectivo a apresentação, análise e debate de uma ou mais intervenções selecionadas em função do seu contributo para o tema do Laboratório. Cada intervenção será reconhecida através de visita de estudo e do contacto com os seus principais intervenientes que permitirão compreender todo o contexto e os processos que a viabilizou.