A liquefação dos solos induzida por ações sísmicas, resulta na perda de rigidez e resistência dos maciços que suportam as fundações de edifícios e infraestruturas de transporte, diques de proteção, encontros de pontes de condutas de água, hidrocarbonetos, esgotos, etc, afetando significativamente a retoma de atividade das populações afetadas por estes desastres, ou seja, perda resiliência. A Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP), com a liderança do Professor António Viana da Fonseca do Departamento de Engenharia Civil, constitui um consórcio com outros cinco países parceiros europeus - Eslovénia, Inglaterra, Itália, Noruega e Turquia - e preparou o projeto LIQUEFACT que veio a ser aprovado com a maior classificação. O projeto contou com mais de 5 milhões euros de financiamento (dos quais 500mil para a FEUP) através do programa europeu Horizonte 2020.
Os trabalhos foram iniciados em maio 2016, decorrendo ao longo de 42meses, com uma abordagem sistemática, em macro, do território europeu com risco de liquefação sísmica e estudo de pormenor (microzonamento) de quatros regiões críticas na Eslovénia, Itália, Turquia e Portugal. Aqui, o caso-piloto selecionado foi a região que comporta a margem esquerda do Rio Tejo dos Municípios de Benavente e Vila Franca de Xira, por terem sido fortemente afetados no terramoto de 1909.
Este projeto desenvolveu metodologias inovadoras que permitem identificar de forma clara e expedita a vulnerabilidade (fragilidade) das estruturas e infraestruturas construídas e apontar soluções de engenharia avançadas e com custo benefício otimizado, para manter a sua atividade, bem como identificar viabilidade de novos investimentos tendo em conta este risco. Foi criada uma ferramenta em plataforma digital para utilização destas metodologias. A abordagem mais holística e geral do LIQUEFACT permite uma compreensão mais abrangente dos EILDs ("Earthquake Induced Liquefaction Damages") adaptadas a cada cenário específico, tanto para a Europa como para o resto do mundo.
Dado como terminado no final de outubro de 2019, o projeto encerrou com um balanço extremamente positivo. A equipa de projeto e os seus avaliadores acreditam que a aplicação eficaz das ferramentas desenvolvidas, tanto no espaço Europeu como fora, podem melhorar a resiliência dos cidadãos num próximo evento de liquefação induzida por terramoto. Tal será um facto se as organizações públicas responsáveis e as empresas que operam nas áreas de segurança e bem estar assimilem estes resultados.
Mais informações sobre as conclusões e metas alcançadas pelo LIQUEFACT disponíveis em: http://www.liquefact.eu/ |