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Crónica ICBAS News | fevereiro 2024

Cancro: uma jornada entre o medo e a esperança

O Dia Mundial do Cancro proporciona a oportunidade de refletir sobre o impacto que a doença e o seu tratamento produzem nos que dela padecem. Muitas vezes, na nossa forma de pensar e discutir a problemática do Cancro, olhámos muito à biologia e às manifestações clínicas, valorizando os aspetos mecanísticos em detrimento da compreensão de como o doente com Cancro e os seus cuidadores se veem na relação com a doença e com as terapêuticas utilizadas para a combater. É certo que apenas a compreensão dos mecanismos da doença nos permite avançar para formas mais efetivas de diagnosticar e de tratar, mas não deixa de ser verdade que a missão dos profissionais de saúde não se esgota no tratar e (eventualmente) no curar. Há a dimensão do “cuidar”, uma vertente em que o humanismo e compaixão continuam a ser a base para a ação. E mais que uma Ciência, “cuidar” é uma Arte.

Assim, faz perfeitamente sentido assinalar esta efeméride através da evocação da Arte, como forma superior de expressão do sentimento humano. Confesso a minha surpresa (e não menos fascínio) pelo que ouvi sobre os “Objetos Feitos de Cancro”, onde a Arte (e não necessariamente a Estética) se mistura com as histórias e as perceções subjetivas dos que vivenciaram a preocupante e muitas vezes terrível experiência de ver desenvolver em si e a partir de si, a maior ameaça à sua própria existência. Sim, o Cancro é uma parte de cada um de nós, que se rebela contra as normas e imposições da nossa biologia, encetando uma competição pela dominância na qual, caso vença, acaba por ser derrotado, pois a morte do doente é, também, o final anunciado do seu cancro. Ouvimos e observamos estórias bem diversas sobre a forma como o Cancro e tudo o que o rodeia impacta na vida quotidiana e na imagem que construímos, desconstruímos ou reconstruímos de nós próprios. A visão, quase ancestral, do Cancro como um ente maligno, cujo espectro infunde medo ou mesmo terror, é algo que muitos doentes com Cancro relatam e que causa um profundo sofrimento psicológico. A compreensão desta dimensão é fundamental para o “cuidar” e a Arte pode ser uma forma eficaz de ajudar a lidar com o Cancro, quer para o Doente quer para os seus cuidadores. É um veículo para perpetuar a memória dos que combateram o Cancro e foram derrotados nesse combate. E aprendemos como o poder da Arte é capaz de transformar o medo em esperança.

Rui Henrique
Diretor de Curso Programa Doutoral em Patologia e Genética Molecular e membro do Conselho Executivo do ICBAS
ICBAS, 26.FEV.2024

[Texto anexo à newsletter de fevereiro 2024] 

 

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