Decorreu, entre os dias 13 e 15 de abril, a Conferência Internacional Orpheus 2023, na KU Leuven, na Bélgica, este ano sob a temática “Putting the i’s and o’s in doctoral training; International, Intersectoral, Interdisciplinary, and Open Science”, que contou com a participação do Professor Doutor Paulo Correia de Sá, Vice-Presidente do Conselho Científico e Representante do ICBAS na Orpheus; do estudante do Programa Doutoral em Ciências Biomédicas, Rui Pinto Cardoso, que apresentou o resultado do seu trabalho em torno da temática “Translational research: main challenges towards the future of PhD trainees in Biomedical Sciences”; e da Dra. Daniela Gomes, membro do Conselho Executivo e coordenadora dos Serviços de Apoio à Formação.
A propósito da Conferência, Paulo Correia de Sá referiu que “enquanto representante do ICBAS no grupo ORPHEUS praticamente desde a sua fundação verifiquei com satisfação que o consórcio se mantém muito ativo, rejuvenescido através da participação ativa de estudantes e que as questões relacionadas com a garantia de qualidade dos programas doutorais na área da Biomedicina evoluíram para novos desafios. Estes agora mais voltados para o exterior das próprias instituições (e.g. doutoramentos em cotutela, dupla titulação, mobilidade de estudantes vs “brain drain/brain gain”, participação de empresas) e até dos limites europeus, vencidos que foram os requisitos iniciais de garantia da qualidade na implementação dos programas e na supervisão dos estudantes versados nas edições anteriores. Foi muito agradável assistir a discussões abertas sobre os benefícios da divulgação de resultados científicos através de plataformas de acesso aberto (não confundir com publicações “Open Access”), da utilização de consórcios universitários nacionais e internacionais e, até, de doutoramentos em contexto empresarial numa perspetiva de comprometer e dotar o terceiro setor de recursos humanos com “know-how” adaptado às suas próprias necessidades. Do programa da reunião e das discussões desencadeadas a propósito das palestras proferidas realçam-se, ainda, questões prementes exacerbadas no rescaldo da pandemia Covid-19, tais como o treino relacionado com a comunicação em ciência, o combate à ânsia de divulgação e às “fake news” científicas, a explicação sobre a necessidade de uso de animais de experimentação e os problemas relacionados com as “agressões a cientistas” por discordância (muitas vezes infundada) e/ou quando a verdade científica é incómoda”.
Para o estudante Rui Pinto Cardoso, esta experiência “foi bastante enriquecedora. Permitiu não só conhecer outras realidades como também perceber que há um longo caminho pela frente no que toca a programas doutorais e à formação de profissionais de excelência capazes de enfrentar os desafios dos tempos modernos. Esta experiência permitiu-me também perceber que as diretivas ORPHEUS permitem não só um crescimento do estudante como também são uma mais-valia na garantia da qualidade de orientadores, programas doutorais e em última instância da própria escola. Na minha opinião, o ICBAS, sendo uma escola com História nas biomédicas e com uma vasta experiência na formação de profissionais capazes de fazer a diferença pelo mundo, beneficiará e colocar-se-á na vanguarda no que toca à qualidade de ensino, no só em Portugal como no Mundo apostando na certificação ORPHEUS. A ORPHEUS não é mais uma reunião de universidades de países com menores padrões de qualidade do ensino doutoral. A certificação ORPHEUS é um selo de qualidade e está a conquistar o mundo. Irá a escola perder esta oportunidade de marcar a diferença?”.
Daniela Gomes refere que “a questão da promoção de uma cultura de qualidade em todas as vertentes da atividade do ICBAS é um dos desígnios da Direção. Essa é a razão pela qual temos procurado identificar em todas as áreas de atuação modelos de certificação de gestão da qualidade adequados às especificidades da nossa Escola; e as Best Practices da Orpheus têm tudo para ser uma mais-valia para a formação doutoral do ICBAS: não só são vocacionadas para as áreas Biomédicas, como são pensadas e sistematicamente discutidas por um grupo de membros que reúne algumas das melhores Universidades da Europa, assim como parceiros de excelência para a formação, desde associações e federações académicas, a instituições governamentais e a entidades empregadoras. Foi por isso que quisemos marcar uma presença forte na Conferência deste ano, pois assinalou o arranque do caminho que queremos percorrer, desde o exercício de autodiagnóstico, já este ano; à discussão e implementação de boas práticas pelos órgãos científicos; até à certificação com o selo de qualidade Orpheus dos nossos programas doutorais”.
A Orpheus (ORganisation for PhD Education in Biomedicine and Health Science in the EUropean System) é uma organização europeia para a educação doutoral nas áreas das Ciências Biomédicas, fundada em 2004, que visa salvaguardar a formação doutoral como grau de investigação, apoiando escolas, faculdades e departamentos de pós-graduação, assim como estudantes, orientadores e gestores académicos, na constituição de mecanismos de garantia da qualidade, na defesa das melhores práticas, na formação e no desenvolvimento profissional.
Em cooperação com a Association of Medical Schools in Europe (AMSE) e a World Federation for Medical Education (WFME), a ORPHEUS desenvolveu as “Best Practices for PhD Training”, que permitem às instituições avaliar as suas práticas na formação doutoral. A ORPHEUS apoia e suporta as instituições na certificação das suas boas práticas para a qualidade.