Resumo (PT):
— Ecce Corpus, então. Mas qual corpo — este ou o outro?
— Este é o outro.
— Este é um ensaio sobre Ecce Corpus, uma performance do artista plástico António Gonçalves.
— No princípio era a performance.
— Resta saber se a performance pode ser um princípio, ou se exige algo que seja antes do princípio.
— Se algo for antes do princípio, então o princípio não é o princípio.
— Talvez seja preciso escolhermos um princípio, um certo princípio nem aleatório nem definitivo; e depois descrevermos o nosso objecto com o máximo rigor, ignorando tudo o que estiver antes e depois dele.
— Podemos tentar (com alguma inocência, e q.b. de estratégia). Aliás, já começámos, mais acima, no princípio, quando disseste (ou terei sido eu?): «Este é um ensaio sobre Ecce Corpus, uma performance do artista plástico António Gonçalves».
[…]
— No princípio eram as performances, e elas são múltiplas.
— Nesse caso, observemo-las uma a uma, porque cada qual é o princípio.
— O princípio, por definição, não tem de ser único?
— Talvez seja preciso desafiar as definições, pensar que pode haver vários princípios, vários singulares (que não formam um plural). E talvez cada uma dessas performances abra por seu turno para uma pluralidade de referências, jogos, linguagens, outros princípios e origens, e esses para outros ainda mais antigos.
— Vejamos então. No princípio, António Gonçalves escolheu projectar sobre o seu corpo fotografias de diversas performances de diversos artistas. Do infinito de exemplos possíveis, fez uma escolha finita, será preciso explicá-la, ou pelo menos tentar. Escolhe uma, começa.
[…]
— Ficámos sem saber, afinal, o que havia no princípio.
— Mas que importa, que importa o que havia no princípio?
Abstract (EN):
Language:
Portuguese
Type (Professor's evaluation):
Scientific
No. of pages:
92
ISBN:
978-989-9006-80-5
Collection:
Linhas de fuga ; 19