No passado dia 3 de maio, Nicholas Hart, professor no King's College de Londres, marcou presença na sessão extraordinária das Conferências CAC Porto.
Após a sessão protagonizada no dia anterior por Roberto Roncon e Francisco Vasques-Nóvoa, o médico pneumologista e intensivista inglês proferiu uma palestra sob o título Taking care of patients with chronic respiratory failure in the future.
Na sua intervenção, o especialista, que desempenhou um papel de liderança durante a pandemia, percorreu parte do seu percurso clínico e científico para abordar a doença pulmonar obstrutiva crónica (DPOC), “atualmente um problema crescente nos hospitais”.
Referindo-se ao trabalho desenvolvido no seu centro de referência, Nicholas Hart explicou a “ideia de que é preciso entender primeiro os mecanismos antes de avançar para os ensaios clínicos, de modo a desenhá-los no futuro com maiores probabilidades de fazerem a diferença na vida dos doentes”.
O professor de Patologia Respiratória e Cuidados Intensivos recordou que é necessário tratar os doentes de forma multidisciplinar, “integrando médicos, fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais, entre outras áreas”, de modo a que o paradigma no futuro passe por “instalar esses pacientes em suas casas, em lugar de os trazer recorrentemente para um ambiente hospitalar”.
“No Reino Unido, os custos relacionados com a DPOC rondam os 2.2 bilhões de euros. Neste momento, estamos a conduzir um programa para alterar o modo como são vistos estes doentes e para garantir a equidade no acesso aos cuidados de saúde”, realçou o especialista, sem esquecer as tecnologias ao serviço da saúde, que devem ser “mais simples de puderem ser utilizadas”.
Ainda durante a sua intervenção, o também diretor de I&D da Lane Fox Respiratory Service at Guy's and St Thomas’ NHS Foundation Trust apresentou os resultados de um ensaio clínico onde metade dos doentes recebeu ventilação mecânica domiciliária e oxigenoterapia domiciliária e outra metade recebeu oxigenoterapia domiciliar padrão. O estudo permitiu concluir que, no primeiro grupo, o tempo de readmissão hospitalar foi prolongado em 90 dias e a possibilidade de readmissão ou morte reduziu em 50%.
“Estas pessoas têm uma doença grave e não vamos conseguir impedir as readmissões, mas podemos melhorar a vida do doente e reduzir o seu tempo de permanência no hospital, e isso é muito importante”, concluiu o especialista inglês.
A sessão, que contou com um período final para perguntas por parte da audiência, teve a presença de António Sarmento, João Carlos Winck e Miguel Gonçalves, entre outros membros da comunidade académica e clínica.
Recorde-se que as Conferência do CAC Porto prosseguem no próximo mês de junho, novamente em dose dupla, com as participações de Guilherme Macedo (6 de junho) e Elsa Azevedo (13 de junho).