Os Museus da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP) estão a promover um ciclo de quatro visitas, cada uma dirigida a uma peça em exposição, numa iniciativa com o tema “Cruzamentos de tempos, lugares, ideias e pessoas”, inserida nas comemorações do Bicentenário da FMUP.
De acordo com o coordenador dos Museus da FMUP, José Paulo Andrade, o objetivo destas visitas-relâmpago, de curta duração, era “dar a conhecer à comunidade académica a história da Faculdade e das suas pessoas de uma forma mais intimista”. Além disso, pretendia-se “cruzar as pessoas da Faculdade de Medicina bem como o seu património com outras instituições” e celebrar o mês de maio enquanto “mês dos Museus”.
As primeiras duas visitas, tal como a última orientadas por José Paulo Andrade e Catarina Janeiro, foram ao Museu Nacional Soares dos Reis (MNSR) e ao Átrio da Aula Magna da FMUP.
No MNSR, a atenção centrou-se nas Insculturas do Monte Eiró, peça descrita pela primeira vez em 1924, por Pedro Vitorino, médico e antigo estudante da Escola Médico-Cirúrgica do Porto, que seria conservador e vice-diretor do Museu Municipal. Na FMUP, a visita à escultura “A Medicina” foi perspetivada através da relação do escultor Salvador Barata Feyo (pai) e do médico Pedro Barata Feyo (filho).
Inserida nas comemorações do Emergency Medicine Day, a terceira visita foi ao Museu Militar do Porto, fundado por Francisco Fernandes Figueira (1926-2003), major médico estomatologista e alumnus da FMUP. A curadora do Museu, Alexandra Anjos, orientou a visita, comentada por Cristina Marujo e Carla Freitas.
Em destaque estiveram dois modelos históricos: a ambulância “voadora”, criada por Dominique Jean Larrey, cirurgião militar francês pioneiro no transporte rápido de feridos em campo de batalha, e a ambulância Wurtz, concebida por Pierre Percy, igualmente cirurgião militar e inovador no socorro médico.
A quarta e última visita foi ao Museu de Anatomia para ver o “Coração do Fundador” da FMUP, Vicente José de Carvalho, o primeiro lente de Anatomia e fundador daquele Museu. A peça (fotografia acima) “simboliza a dedicação deste Professor à sua instituição, a Régia Escola de Cirurgia”.
A autópsia de Vicente José de Carvalho, falecido em 1851, mostrou que ele tinha dois aneurismas na aorta ascendente. A encimar o coração está um busto semelhante ao que se encontra no Cemitério do Prado do Repouso e mandado fazer pelos seus colegas, que também mandaram pintar um quadro do antigo professor. Na moldura desse quadro, que faz parte do espólio do Museu de História da Medicina Maximiano Lemos, encontra-se a chave do caixão.