Resumo: |
Os incêndios extremos são eventos muito complexos, nomeadamente, em termos de causas, intensidade, dimensão
da área ardida e severidade. Normalmente têm importantes consequências ambientais, sociais e económicas.
Representam um desafio à capacidade da sociedade gerir o risco de incêndio que se prevê cada vez mais elevado
num contexto de alterações climáticas. Paralelamente, o processo de desenvolvimento tem contribuído para a criação
de ambientes mais favoráveis ao aparecimento de incêndios extremos.
Embora haja relatos da ocorrência esporádica de incêndios de grandes dimensões no séc. XIX e no séc. XX, foi em
2003 que Portugal registou a maior dimensão de área ardida e um elevado número de incêndios com mais 10 000
hectares. Alguns desses incêndios podem mesmo ser classificados como mega-incêndios.
Embora estes incêndios apresentem uma frequência de ocorrência baixa são um desafio importante, principalmente
quando afetam áreas de interface urbano-florestal. A resposta das autoridades portuguesas a este tipo de incêndios
foi um crescente investimento no combate.
O reforço no sistema de combate em termos de meios, prontidão e eficácia são importantes, não para suprimir
os incêndios extremos, que é uma tarefa difícil ou mesmo impossível, mas para evitar que pequenos incêndios se
transformem em eventos de extrema severidade que amplamente superam as capacidades do dispositivo de combate
mesmo nas mais preparadas e equipadas regiões do globo. A atual política de gestão do fogo baseada no combate
não é adequada para resolver um problema que requer uma abordagem integrada de prevenção, preparação e
combate.
Considerando a complexidade das variáveis ecológicas e humanas que contribuem para o aparecimento de eventos
extremos, a minimização do seu aparecimento envolve cada vez mais complexos trade-offs. Estes não podem ser
alcançados se apenas ?virmos as árvores e perder a dimensão da floresta", ou seja, as abordagens da gestão do risco
não podem ser f |
Resumo Os incêndios extremos são eventos muito complexos, nomeadamente, em termos de causas, intensidade, dimensão
da área ardida e severidade. Normalmente têm importantes consequências ambientais, sociais e económicas.
Representam um desafio à capacidade da sociedade gerir o risco de incêndio que se prevê cada vez mais elevado
num contexto de alterações climáticas. Paralelamente, o processo de desenvolvimento tem contribuído para a criação
de ambientes mais favoráveis ao aparecimento de incêndios extremos.
Embora haja relatos da ocorrência esporádica de incêndios de grandes dimensões no séc. XIX e no séc. XX, foi em
2003 que Portugal registou a maior dimensão de área ardida e um elevado número de incêndios com mais 10 000
hectares. Alguns desses incêndios podem mesmo ser classificados como mega-incêndios.
Embora estes incêndios apresentem uma frequência de ocorrência baixa são um desafio importante, principalmente
quando afetam áreas de interface urbano-florestal. A resposta das autoridades portuguesas a este tipo de incêndios
foi um crescente investimento no combate.
O reforço no sistema de combate em termos de meios, prontidão e eficácia são importantes, não para suprimir
os incêndios extremos, que é uma tarefa difícil ou mesmo impossível, mas para evitar que pequenos incêndios se
transformem em eventos de extrema severidade que amplamente superam as capacidades do dispositivo de combate
mesmo nas mais preparadas e equipadas regiões do globo. A atual política de gestão do fogo baseada no combate
não é adequada para resolver um problema que requer uma abordagem integrada de prevenção, preparação e
combate.
Considerando a complexidade das variáveis ecológicas e humanas que contribuem para o aparecimento de eventos
extremos, a minimização do seu aparecimento envolve cada vez mais complexos trade-offs. Estes não podem ser
alcançados se apenas ?virmos as árvores e perder a dimensão da floresta", ou seja, as abordagens da gestão do risco
não podem ser focadas num único e discreto elemento que influencia a ocorrência do incêndio e a sua severidade,
mas deve considerar a globalidade do sistema sociedade-fogo-paisagem.
O grande desafio deste projeto é compreender os processos biofísicos e humanos que explicam a ocorrência de
incêndios extremos. O objetivo é desenvolver estratégias mais eficientes de prevenção, preparação do risco de
incêndio e criar sociedades e ecossistemas mais resilientes. Os incêndios extremos não são uma inevitabilidade,
pelo que as comunidades e as sociedades têm de se prevenir e preparar, atempadamente, para este tipo de eventos.
A ideia chave do projeto assenta no conceito inovador de "fire smart territories" que conjuga as "fire smart forest
landscape management" e a "fire aware communities" através de uma abordagem socio-ecológica em todas as
etapas da gestão dos incêndios, principalmente as de prevenção e preparação.
A metodologia do projeto é enquadrada por duas conceptualizações teóricas: i) o conceito de sistemas socioecológicos
que se baseia na relação dialética entre o homem e paisagem; ii) o conceito de redução do risco
considerando-se o incêndio como um perigo e atribuindo à vulnerabilidade e resiliência uma importância fundamental
para reduzir a ocorrência e as consequências dos incêndios florestais.
O projeto contribui, claramente, para o avanço do estado da arte em dois aspetos principais: criação e
desenvolvimento dos conceitos de "fire smart territories" e "wildfire chain" (fileira de incêndios). FIREXTR propõese:
otimizar e desenvolver conhecimento científico que suporte uma articulação mais equilibrada e i |