Mostrando-se orgulhoso pela conquista do mais elevado título honorífico atribuído pela U.Porto, o fundador do grupo COLEP e Presidente do Conselho de Administração das empresas do Grupo Ilídio Pinho começou por agradecer “o Honoris (Causa) em nome das minhas causas como empresário, colecionador de arte portuguesa e criador de uma fundação [a Fundação Ilídio Pinho] dedicada às ciências e às artes. É esta transversalidade que tenho em comum com a U.Porto e que quero sublinhar para justificar o orgulho que sinto”, disse.

O agora 104.º Doutor Honoris Causa da U.Porto salientou ainda o “facto inédito” associado à homenagem: “Fazer parte da galeria de Doutores da Universidade é uma honra maior, mas ser proposto por três faculdades multiplica a minha cumplicidade estratégica com a Universidade”, vincou.

Estava dado o mote para um discurso que rapidamente se transformou numa “lição de vida empresarial”, onde Ilídio Pinho aproveitou para partilhar as “convicções de uma vida” com aqueles que ainda estão a iniciá-la, nomeadamente os estudantes da U.Porto.

“Sê ativo para iniciar a vida. Se esperas passivamente por um emprego, estás ultrapassado (…); Para saberes o que queres do teu país, vai primeiro conhecer o mundo (…); Inicia-te como podes e não como queres (…); Se os outros não querem construir o caminho contigo, vai e fá-lo sozinho” (…); não delegues dificuldades. Assume-as e vence-as!”, foram apenas algumas das máximas/receitas que o empresário deixou. Com uma à cabeça: “a autonomia é o imperativo mais importante na nossa vida!”.

Perante uma plateia onde pontificaram figuras como a Ministra da Cultura, Dalila Rodrigues, ou o Presidente da Assembleia da República, José Pedro Aguiar-Branco, Ilídio Pinho não se coibiu ainda de criticar o fim do apoio estatal ao “Ciência na Escola” um programa patrocinado pela Fundação Ilídio Pinho e que “permitiu que 90 jovens se licenciasses e se destacassem” com o apoio de bolsas empréstimo concedidas pela fundação.

“Por falta de interesse do Ministério do Ensino Superior, o programa foi suspenso. No meu entendimento, sem bolsas empréstimo, os jovens ficam dependentes, pedintes e subservientes, o que os impede de serem autossuficientes nas suas iniciativas”, alertou o empresário, antes de fechar a sua intervenção com um desafio: “precisamos de criar condições para que as universidades possam ajudar as empresas”.


A Ministra da Cultura e o Presidente da Assembleia da República foram algumas das personalidades que quiseram associar-se à homenagem da U.Porto a Ilídio Pinho. (Foto: Egidio Santos/U.Porto)

“Um ato da mais elementar justiça”

Antes de Ilídio Pinho receber as insígnias doutorais das mãos de António de Sousa Pereira (Reitor da U.Porto), Lúcia Matos (Diretora da FBAUP), Óscar Afonso (Diretor da FEP) e Paula Pinto Costa (Diretora da FLUP), coube a Fátima Vieira, Vice-Reitora para a Cultura e Museus da U.Porto, proclamar o Elogio ao Doutorando.

“Esta outorga prestigia a nossa Universidade”, frisou a Vice-Reitora, num discurso em que percorreu grande parte do trajeto de vida (ver biografia abaixo) daquele que “é indubitavelmente uma das figuras maiores do mundo empresarial português”.

Referindo-se a Ilídio Pinho como “o melhor exemplo de um pensador utópico pragmático”, Fátima Vieira lembrou que “estamos perante um doutorando que, desde cedo, viu mais longe (…), que se comove com a Arte, que acorda de noite sobressaltado com novas ideias e que acredita que através da arte e da ciência, é possível mudarmos o mundo”.

“Ao inscrevermos o nome de Ilídio Pinho na galeria dos novos doutores da U.Porto, estamos a concretizar um ato da mais elementar justiça e a traduzir o sentimento comum de respeito e admiração pela obra que concretizou e que vai continuar a concretizar”, concluiu.


Ilídio Pinho: Muito mais do que um empresário

Nascido em Vale de Cambra a 19 de dezembro de 1938, Ilídio da Costa Leite de Pinho é uma figura destacada no meio empresarial e filantrópico português.

Fundador e presidente da Fomentinvest e da Ilídio Pinho Holding, iniciou a carreira empresarial quando em 1964 estabeleceu a COLEP Portugal – Embalagens, Produtos, Enchimentos e Equipamentos, SA. A COLEP rapidamente se transforma na maior empresa europeia do seu género, tendo o sentido estratégico de Ilídio Pinho levando a expandir os interesses empresariais para setores tão diversos como a banca, os seguros, a energia, o agroalimentar ou a metalurgia, entre outros (ver Curriculum e Brochura em anexo).

O nome de Ilídio Pinho é também indissociável ao da Fundação que criou em 1990 – em homenagem ao filho, falecido no mesmo ano -, com o propósito de “contribuir para que o desenvolvimento da ciência seja um fator de valorização humana e um instrumento de desenvolvimento económico, de promoção da cultura e de solidariedade entre gerações e povos”.

Mais de três décadas depois, a Fundação Ilídio Pinho agrega hoje o legado filantrópico do seu criador, destacando-se no apoio à arte e à cultura portuguesa. Para além de possuir uma notável coleção de arte contemporânea nacional, acessível ao público através da plataforma digital Anamnese, é responsável por iniciativas como o programa “Ciência na Escola”, criado em 2022 com o objetivo de “despertar e estimular o interesse dos jovens para a ciência”. A cargo da Fundação está ainda um inovador sistema de bolsas que tem ter permitido a dezenas de jovens estudarem no estrangeiro, patrocinando ainda estágios internacionais de jovens artistas plásticos.

Em 2022, a fundação estabeleceu o Grande Prémio Fundação Ilídio Pinho, uma distinção anual no valor de 100 mil euros, destinada a celebrar e a incentivar cidadãos portugueses de excelência com reconhecimento internacional. As duas primeiras edições premiaram o cardeal Tolentino de Mendonça e o arquiteto Álvaro Siza Vieira.

Também Ilídio Pinho recebeu várias distinções ao longo da sua carreira, como reconhecimento do seu contributo para o avanço económico, cultural e social de Portugal. Entre elas estacam-se o Grau de Comendador da Ordem de Mérito Agrícola e Industrial, a Grã-Cruz da Ordem do Mérito e a Medalha de Mérito Cultural pelo Estado Português. Foi ainda agraciado com as Medalhas de Ouro de Vale de Cambra, da Universidade Católica e da cidade do Porto, e com o Prémio “Lifetime Achievement Award” da Deloitte.


Cerimónia do Doutoramento Honoris Causa pela Universidade do Porto a Ilídio Pinho. Youtube


In notícias.up.pt
Por Tiago Reis / REIT
17/06/2024