Justiça, Cidade e Natureza
Justice, City and Nature
| Bruno Ribeiro Bré (IF-UP)
Na senda do pensamento de Cas Mudde e Cristóbal Kaltwasser (2017), o fenómeno político do populismo preconiza uma ameaça para as democracias de matriz liberal na medida em critica as instituições democráticas independentes que procuram assegurar os direitos fundamentais dos elementos constitutivos do corpus social e político. Ademais, o populismo propícia um prolongado clima de instabilidade governativa sustentado numa dissonante apropriação da voz do povo em nome do qual, e pelo qual, se fala. O que contribui, por um lado, para o anquilosar da crise de representatividade e, por outro lado, para a polarização da discussão dos problemas levantados no seio da esfera pública.
O populismo não pode ser concebido como um certo estilo político ou um conjunto de entorpecimentos retóricos e figurativos, como o defendem determinadas perspetivas, dado que aspira ao poder do Estado para implementar uma determinada agenda política (Urbinati, 2013). Aliás, o populismo apoia-se nos instrumentos que as sociedades democráticas contemporâneas colocam ao seu alcance para através deles se poder afirmar (Pinto, 2022), podendo mesmo culminar na emergência de uma democracia de perfil iliberal (Mudde & Kaltwasser, 2017, p. 102).
Assim, no âmbito desta nossa reflexão, procederemos à cartografia das características nucleares que o populismo hodierno corporaliza, tendo em vista a compreensão do modo como este fenómeno político se configura como uma ameaça, ainda que em potência, para as democracias contemporâneas.
Palavras-chave: Populismo; Democracia; Crise de Representatividade.
Ciclo de Seminários PPS Talks 2023-2024
Organização:
Research Group Philosophy and Public Space (PPS)
Apoio técnico, divulgação e comunicação: Irandina Afonso | Isabel Marques
Instituto de Filosofia da Universidade do Porto - UIDB/00502/2020
Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT)