Resumo (PT):
A segunda metade do século XX conheceu um fenómeno de expansão das áreas edificadas por
quase todo o Mundo. Em Portugal, este fenómeno observou‐se com particular incidência na
faixa litoral e em torno das duas principais cidades portuguesas, Lisboa e Porto. O crescimento
económico e demográfico conduziu a expansão da mancha edificada e esta potenciou o
desenvolvimento de extensos contínuos urbanizados que contribuíram para a consolidação
das áreas metropolitanas. Aprofundar o conhecimento sobre os processos de urbanização
recentes é de interesse para as ciências geográficas, mas também para disciplinas aplicadas
como o planeamento territorial.
Desde o seu surgimento, os Sistemas de Informação Geográfica (SIG) e as ferramentas de
cartografia automática têm aberto novos horizontes para a Cartografia, com potencialidades
que devem ser aproveitadas também no estudo do crescimento urbano. Do ponto de vista
morfológico, o estudo da expansão urbana não pode deixar de se apoiar em cartografia multitemporal.
Mais do que sucessivos retratos estáticos, a cartografia multi‐temporal permite
construir uma imagem dinâmica do processo, apoiando subsequentes estudos explicativos.
Em Portugal, o que se tem produzido sobre expansão urbana ou está limitado pela reduzida
escala ou pela reduzida extensão (estudo de áreas restritas ou de cidades isoladamente). Cada
vez mais adoptadas, as técnicas baseadas em classificação e/ou interpretação de imagens de
satélite permitem produzir cartografia multi‐temporal de escala e extensão bastante maiores.
Todavia, estas técnicas estão limitadas pelo seu recente surgimento: cartografar o espaço
edificado em períodos anteriores à década de 1980 não é possível.As limitações conhecidas para a produção de cartografia urbana multi‐temporal para escalas
regionais e sub‐regionais podem ser diminuídas através de uma abordagem que recorra à
integração em SIG de informação contida em edições antigas de cartografia topográfica,
permitindo cartografar o processo de crescimento urbano para um determinado intervalo de
tempo. Neste trabalho, esta abordagem foi seguida para preparar uma base cartográfica multitemporal
do edificado, com três momentos que cobrem a segunda metade do século XX. Estas
bases permitiram ainda a produção de um conjunto de indicadores “morfo‐densimétricos”
relativos às áreas edificadas, para os três momentos temporais, possibilitando análises sobre
os ritmos e as formas de urbanização recente na área de estudo (metrópole do Porto).
Crê‐se que a abordagem proposta permite abrir novas perspectivas para a produção
cartográfica, o estudo e a compreensão dos processos recentes de urbanização.
Idioma:
Português
Tipo (Avaliação Docente):
Científica
Contacto:
http://repositorio-aberto.up.pt/handle/10216/19858