Resumo (PT):
Esta tese é composta por três ensaios que prosseguem o objetivo de investigar a influência da personalidade, cultura e religião nas dimensões financeiras das famílias no contexto europeu. Todos os estudos empíricos realizados nesta tese recorrem à base de dados “European Union Statistics on Income and Living Conditions” (EU-SILC) criada pelo Eurostat.
O segundo capítulo da tese examina o impacto dos traços de personalidade (neuroticismo, extroversão e amabilidade) em algumas dimensões das finanças domésticas em 31 países europeus. Empregamos a análise de regressão para proporcionar uma melhor compreensão dos determinantes da decisão de assumir dívidas da probabilidade de se estar numa situação de dificuldade financeira e numa situação de bem-estar financeiro. Os nossos resultados principais sugerem que os níveis de neuroticismo e extroversão estão negativamente associados à probabilidade de se ter uma hipoteca; e que os níveis de neuroticismo e extroversão (amabilidade) estão positivamente (negativamente) associados à probabilidade de se estar em situação de dificuldade financeira.
O terceiro capítulo da tese explora a influência das dimensões culturas na acepção de Hofstede (distância ao poder, masculinidade, individualismo, aversão à incerteza, orientação de longo prazo e indulgência) sobre a probabilidade de se ter uma hipoteca e sobre a probabilidade de se estar numa situação de bem-estar financeiro no mesmo grupo de 31 países europeus. Neste capítulo recorremos à análise de regressões para concluir que os níveis de distância ao poder, masculinidade, aversão à incerteza e orientação de longo prazo estão negativamente associados à probabilidade de se ter uma hipoteca. Os resultados também mostram que quanto mais altos os níveis de masculinidade, aversão à incerteza, orientação de longo prazo e indulgência das culturas nacionais em questão, menor a quantidade de hipotecas detidas pelos indivíduos. Além disso, os níveis de individualismo e orientação de longo prazo (distância ao poder e aversão à incerteza) estão positivamente (negativamente) associados à probabilidade de se estar numa situação de bem-estar financeiro.
O quarto capítulo investiga o efeito das características religiosas dos países (católicas, ortodoxas e protestantes) e do seu nível de religiosidade sobre a probabilidade de se ter uma hipoteca e de se estar numa situação de dificuldade financeira ou numa situação de bem-estar financeiro num conjunto de 32 países europeus. Recorremos à análise de regressões para mostrar que pertencer a um país predominantemente católico ou ortodoxo (protestante) está negativamente (positivamente) associado à probabilidade de se ter uma hipoteca. Além disso, pertencer a um país católico (protestante) está negativamente (positivamente) associado à probabilidade de se estar numa situação de dificuldade financeira. Os nossos resultados também indicam que os níveis de religiosidade observados num dado país estão negativamente associados à probabilidade de se ter uma hipoteca e à probabilidade de se estar numa situação de dificuldade financeira.
Em termos globais, a nossa investigação sugere que as variáveis relacionadas à personalidade, cultura e religião são cruciais para a compreensão das várias dimensões financeiras no campo das finanças domésticas. Além disso, nossos resultados permitem oferecer recomendações para famílias, decisores políticos e membros da academia sobre os determinantes da probabilidade de se terem dívidas, permitindo ainda uma melhor explicação da probabilidade de se estar num estado de dificuldade financeira ou de bem-estar financeiro.
Abstract (EN):
This thesis is composed of three research essays aimed at investigating the influence of personality, culture, and religion on household financial dimensions in the European setting. All the empirical studies conducted in this thesis recur to the European Union Statistics on Income and Living Conditions (EU-SILC) dataset from Eurostat. The second chapter examines the impact of personality traits (Neuroticism, Extraversion, and Agreeableness) on some dimensions of household finance in 31 European countries. We employ regression analysis to provide a better understanding of the determinants of the decision to hold secured debts and the likelihood of being in a state of financial distress and financial well-being. Our main findings suggest that the levels of neuroticism and extraversion are negatively associated with the likelihood of holding a mortgage; and that the levels of neuroticism and extraversion (agreeableness) are positively (negatively) associated with the likelihood of being in a state of financial distress.
The third chapter explores the influence of Hofstede's national cultures (Power Distance, Masculinity, Individualism, Uncertainty avoidance, Long-term Orientation, and Indulgence) on the likelihood of holding a mortgage and likelihood of being in a state of financial well-being in the same group of 31 European countries. This chapter employs regression analysis using mainly Hofstede's cultural dimensions to conclude that the levels of power distance, masculinity, uncertainty avoidance, and long-term orientation are negatively associated with the likelihood of holding a mortgage. The findings also show the higher the levels of masculinity, uncertainty avoidance, long-term orientation, and indulgence of the national culture in question, the lower the amount of mortgage owned by individuals. Moreover, the levels of individualism and long-term orientation (power distance and uncertainty avoidance) are positively (negatively) associated with the likelihood of being in a state of financial well-being. The fourth chapter investigates the effect of religious backgrounds (Catholic, Orthodox, and Protestant) and religiosity on the likelihood of holding a mortgage and being in a state of financial distress and financial well-being in 32 European countries. We recur to regression analysis of the information on religions to find that belonging to a mainly Catholic or Orthodox (Protestant) country is negatively (positively) associated with the likelihood of holding a mortgage. Moreover, belonging to a Catholic (Protestant) country is negatively (positively) associated with the likelihood of being in a state of financial distress. The results also depict that the levels of religiosity observed in a country are negatively associated with the likelihood of holding a mortgage and the likelihood of being in a state of financial distress.
Collectively, our research suggests that variables related to personality, culture, and religion are crucial to understand several financial dimensions in the field of household finance. Moreover, our results offer recommendations to households, policymakers, and academia on the determinants of the likelihood of holding secured debts and a better explanation of the likelihood of being in the states of financial distress and financial well-being.
Idioma:
Inglês