Resumo: |
Os Poluentes Orgânicos Persistentes (POPs) são uma família extensa de compostos com elevada toxicidade e persistência no ambiente e grande mobilidade, ao ponto de serem encontrados em regiões remotas da Terra, como os pólos. Acumulam-se em tecidos gordos e possuem propriedades hidrofóbicas, com elevados coeficientes de partição octanol-água (log Kow >5). Entre os POPs mais significativos destacam-se 4 famílias - os organoclorados (OCPs), os hidrocarbonetos aromáticos policíclicos (PAHs), os bifenilos policlorados (PCBs) e os retardadores de fogo polibromados (PBFRs). O conhecimento da química, transporte e distribuição ambiental é essencial para prevenir e minimizar os efeitos da sua presença.
A vegetação é uma matriz privilegiada para o estudo destes contaminantes, dada a sua omnipresença e características lipofílicas de alguns constituintes, necessárias para os reter e certificá-la como um amostrador passivo de confiança, especialmente para poluentes atmosféricos. Entre os mais estudados, como o musgo, líquenes e folhas de plantas, as agulhas de pinheiro têm sido aplicadas com sucesso na detecção de OCPs, PAHs e PCBs. No entanto não existe informação sobre a sua capacidade para detecção de PBFRs, pelo que a perspectiva da sua utilização como biomonitores destes contaminantes é inovadora.
Este projecto visa utilizar os pinheiros das espécies mais abundantes em Portugal - Pinus pinaster e Pinus pinea - como amostradores passivos para monitorização da contaminação atmosférica. Espera-se responder a questões importantes: (i) com que fiabilidade as medições em agulhas de pinheiros representam a contaminação ambiental? (ii) que tipos de POPs existem em Portugal e a que níveis? (iii) tais valores podem ser explicados por fontes directas locais - indústria, agricultura e/ou incineradores - ou de outros países? (iv) existe relação entre os níveis de POPs, em particular PAHs e a incidência de fogos florestais?
Em Portugal, o controle de q |
Resumo Os Poluentes Orgânicos Persistentes (POPs) são uma família extensa de compostos com elevada toxicidade e persistência no ambiente e grande mobilidade, ao ponto de serem encontrados em regiões remotas da Terra, como os pólos. Acumulam-se em tecidos gordos e possuem propriedades hidrofóbicas, com elevados coeficientes de partição octanol-água (log Kow >5). Entre os POPs mais significativos destacam-se 4 famílias - os organoclorados (OCPs), os hidrocarbonetos aromáticos policíclicos (PAHs), os bifenilos policlorados (PCBs) e os retardadores de fogo polibromados (PBFRs). O conhecimento da química, transporte e distribuição ambiental é essencial para prevenir e minimizar os efeitos da sua presença.
A vegetação é uma matriz privilegiada para o estudo destes contaminantes, dada a sua omnipresença e características lipofílicas de alguns constituintes, necessárias para os reter e certificá-la como um amostrador passivo de confiança, especialmente para poluentes atmosféricos. Entre os mais estudados, como o musgo, líquenes e folhas de plantas, as agulhas de pinheiro têm sido aplicadas com sucesso na detecção de OCPs, PAHs e PCBs. No entanto não existe informação sobre a sua capacidade para detecção de PBFRs, pelo que a perspectiva da sua utilização como biomonitores destes contaminantes é inovadora.
Este projecto visa utilizar os pinheiros das espécies mais abundantes em Portugal - Pinus pinaster e Pinus pinea - como amostradores passivos para monitorização da contaminação atmosférica. Espera-se responder a questões importantes: (i) com que fiabilidade as medições em agulhas de pinheiros representam a contaminação ambiental? (ii) que tipos de POPs existem em Portugal e a que níveis? (iii) tais valores podem ser explicados por fontes directas locais - indústria, agricultura e/ou incineradores - ou de outros países? (iv) existe relação entre os níveis de POPs, em particular PAHs e a incidência de fogos florestais?
Em Portugal, o controle de qualidade atmosférica a tão larga e diversificada escala, relativo a estes poluentes, é inexistente, pelo que este projecto constitui uma tentativa de colmatar algumas dessas lacunas. Em 1979, como resultado da preocupação crescente em torno da hipótese de existência de correlação entre a poluição atmosférica e a degradação florestal, numerosos países assinaram em Genebra, no âmbito da Comissão Económica para a Europa das Nações Unidas, a Convenção sobre Poluição Atmosférica Transfronteiriça a Longa Distância, para investigação do fenómeno e estudo das medidas a tomar para o travar ou até mesmo para pôr termo às suas causas. Desde então, vários regulamentos relativos à Protecção das Florestas da Comunidade Contra a Poluição Atmosférica têm vindo a ser implementados e executados. Portugal participa desde 1987, ano em que foram implantados no campo os pontos da rede pan-europeia de monitorização florestal (16 Km x 16 Km), tendo-se verificado que, em muitos casos, a existência e o grau dos danos causados às florestas, não podem ser explicados sem se considerar a influência da poluição atmosférica. É nesta medida que este projecto se integra, pois irá complementar a informação recolhida relativa aos parâmetros básicos de vitalidade das florestas com a informação acerca da deposição de poluentes atmosféricos semi-voláteis.
A nível internacional esta informação irá complementar a já existente noutros países, permitindo contribuir para a avaliação da distribuição e transporte mundial destes micropoluentes semivoláteis.
A equipa deste projecto possui experiência de largos anos na análise de POPs em matrizes ambientais (águas, sedimentos e lixiviados) e tem trabalhado com sucesso na utilização de agulhas de pinheiro para monitorização de PAHs. A inclusão da Dir. Geral de Recursos Florestais, para definição da estratégia e pontos de amostragem e integração dos resultados na rede pan-europeia de vigilância das florestas constitui uma mais valia para alcançar os objectivos. |