Será possível adaptar os jardins verticais à produção de alimentos? Foi esta a questão que Patrícia Alves, estudante do mestrado em Engenharia Agronómica da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto (FCUP), procurou responder no trabalho que desenvolveu no Centro de Investigação em Produção Agroalimentar Sustentável (GreenUPorto).
“Um dos aspetos que verificámos é que existem poucos estudos e dados sobre o uso de jardins verticais para a produção de alimentos”, explica Ruth Pereira, docente da FCUP e orientadora da estudante.
No GreenUPorto, está montado, com o apoio da Neoturf, empresa dedicada aos espaços verdes e coberturas ajardinadas, um jardim vertical, onde, em vez de plantas ornamentais estão, por exemplo, rúcula, couve, alface, morangos e também algumas plantas aromáticas. Para minimizar o consumo de água, cada planta tem um sistema de rega individualizado.
“O objetivo é avaliar que espécies melhor se adaptam nestes jardins, com este tipo de estrutura, que dificuldades podem surgir e como lidamos com elas, e quais os custos deste tipo de jardim”, conta a docente da FCUP.
Para além do GreenUPorto e da Neoturf, o projeto da estudante contou ainda com a orientação da investigadora Cristina Calheiros, do Centro Interdisciplinar de Investigação Marinha e Ambiental (CIIMAR), que, através de uma ação do European Cooperation in Science and Technology (COST), fez com que este jardim tivesse visibilidade a nível europeu.
O jardim está em destaque na página da Circular City Week, num vídeo com exemplos de espaços verdes sustentáveis em vários países da Europa.
Contributo para o ambiente
“Esta estrutura já montada, que incorpora uma percentagem significativa de material plástico retirado do meio marinho, vai continuar a servir de apoio ao ensino e investigação. Podemos estudar, por exemplo, qual o impacto destes jardins na climatização do edifício”, acrescenta Ruth Pereira.
É também objetivo dos investigadores do GreenUPorto continuar a avaliar o papel que estas infraestruturas podem ter na redução da pegada de carbono e na circularidade das cidades. “Estas estruturas permitem uma produção mais local, particularmente relevante para alimentos perecíveis, contribuem para fixar carbono, reciclar materiais entre outros aspetos”, concretiza.
Divulgue os seus eventos e projetos | comunica@fc.up.pt
Renata Silva. SICC. 05-11-2021