Resumo (PT):
Os actuais programas para o ensino da Física e da Química no ensino Secundário referem, na sua apresentação, a opção pela “educação CTS” – “Ciência-Tecnologia-Sociedade”. O movimento CTS prescreve que o ensino da ciência e tecnologia atenda ao contexto cultural, social, económico e político em que as actividades de ciência e tecnologia são desenvolvidas e proporcione formação que permita compreender o impacto da ciência e tecnologia na vida real [1]. Na situação actual, a Tecnologia tem de contribuir para o Desenvolvimento Sustentável, pelo que a postura CTS deve incluir uma provisão neste sentido, sendo a sigla modernizada para CTSS ou CTS2 – “Ciência, Tecnologia, Sociedade e Sustentabilidade”.
Em face desta situação decidiu-se investigar se as actividades laboratoriais dos referidos programas se integram nesta postura. Para isso, construiu-se uma ferramenta SWOT para analisar se um conjunto de objectivos estabelecidos para definir a postura CTS2 era cumprido. A análise SWOT, criada na Harvard Business School nos anos sessenta, embora tenha sido originalmente utilizada na avaliação empresarial, é aplicada actualmente nas mais diversas áreas, tendo recentemente chegado à química [2]. O termo SWOT resulta das iniciais S (Strenghts – pontos fortes), W (Weaknenesses – pontos fracos), O (Opportunities – oportunidades) e T (Threats – ameaças). Os pontos fortes indicam os aspectos positivos, e os fracos os negativos, relativamente aos objectivos a atingir e o seu conjunto corresponde à análise interna. As oportunidades podem tornar mais forte o objecto em análise e as ameaças pôr em causa o seu sucesso; o seu conjunto corresponde à análise externa. Para se realizar o SWOT começa-se por definir as dimensões destas duas análises.
Os resultados da análise SWOT mostraram que as experiências programadas não suportam o ensino CTS2. Por exemplo, o gráfico na Fig. 1 permite concluir que 70% das actividades laboratoriais do 10º e 11º anos apresentam 40% ou mais de pontos fracos. Por outro lado, uma fracção apreciável dos pontos fortes não eram satisfeitos por mais de 80% das experiências. Em suma, a adopção da postura CTS2, que presentemente se impõe, exigirá profundas alterações dos programas actuais.
Referências
[1] G. Aikenhead, What is STS science teaching?, in J. Solomon e G. Aikenhead (eds), STS Education – International Perspectives on Reform, TCP, 1994, 47-59.
[2] M. Deetlefs, K. R. Seddon, Green Chemistry, 12 (2010) 17-30.
Idioma:
Português
Tipo (Avaliação Docente):
Científica