Resumo (PT):
O objetivo deste trabalho é contribuir para o refinamento da relação
retórica de Elaboração, que, apesar de estar presente na maioria das teorias
discursivas (Mann e Thompson, 1988, Asher e Lascarides, 2003), tem sido objeto
de algum debate motivado pela ambiguidade das definições propostas na literatura
(cf. Fabricius-Hansen e Behrens, 2001).
Para lidar com este problema, nomeadamente com a falta de clareza na
distinção entre Elaboração e Background, Prevót, Vieu e Asher (2009) propõem a
relação retórica Elaboração de Entidade (Entity-Elaboration), distinta da relação
clássica Elaboração, agora designada Elaboração de Eventualidade (EventualityElaboration).
A Elaboração de Entidade (Elaboração-Ent) é inferida quando o segmento
β representa uma proposição na qual a eventualidade principal é um estado eβ
descritivo de x, sendo x um referente discursivo acessível (Estado descritivo (eβ,
x)) (cf. Prevót, Vieu e Asher, 2009:215).
Apesar da distinção entre estes dois tipos de Elaboração poder contribuir
para explicar de forma mais precisa as relações de significado deste tipo, as suas
definições não dão conta de todos os dados, particularmente de dados de textos
literários e jornalísticos.
A análise dos dados que reunimos revela que podemos distinguir dois tipos
de Elaboração-Ev e dois tipos de Elaboração-Ent.
Assim, neste trabalho, para além de uma breve análise crítica de propostas
sobre Elaboração, analisamos dados recolhidos de três contos e de notícias de
alguns jornais. Nesta análise, os nossos objetivos são: por um lado, mostrar que,
para os dados serem explicados de modo completo, é necessária uma definição
mais clara das condições de inferência da relação Elaboração, o que só será possível
se identificarmos os elementos/mecanismos que configuram os segmentos; por
outro lado, verificar se as condições de inferência dos subtipos de Elaboração são
as mesmas nos dois tipos de textos considerados. No final, apresentaremos uma
proposta de diferentes subtipos e das respetivas regras de inferência.
Abstract (EN):
The aim of this work is to contribute to the refinement of the
rhetorical relation of Elaboration, which, despite being present in most Discourse
theories (Mann e Thompson, 1988, Asher e Lascarides, 2003), it has been the
subject of some debate due to the ambiguity of the definitions that are proposed (cf.
Fabricius-Hansen e Behrens, 2001).
To handle this problem, namely the lack of clarity in the distinction between
Elaboration and Background, Prevót, Vieu e Asher (2009) propose the rhetorical
relation Entity-Elaboration (Ent-Elaboration), distinct from the ‘classical’
Elaboration relation, now named Eventuality-Elaboration (Ev-Elaboration).
The Ent-Elaboration is inferred when the β segment represents a
proposition in which the main eventuality is a state eβ descriptive of x, where x is
an accessible discourse referent (Descriptive State (eβ, x)) (cf. Prevót, Vieu and
Asher, 2009:215).
Although the distinction between these two types of Elaboration can
contribute to explain more accurately meaning relations of this kind, their definitions
do not account for all data, particularly data in literary and journalistic texts. The
analysis of the data reveals that we can distinguish two subtypes of Ev-Elaboration
and two subtypes of Ent-Elaboration.
In this work, in addition to a brief critical review of existing proposals on
Elaboration, we analyse data collected from three short stories and news from some newspapers. In this analysis, our objectives are, on the one hand, to show that,
for the data to be fully explained, we need a clearer definition of Elaboration’s
inference conditions, which is only possible if we identify the linguistic elements/
mechanisms that configure the segments; on the other hand, we check if the
inference conditions of the Elaboration subtypes are the same in both types of text.
Finally, we will make a proposal on Elaboration subtypes and their respective rules
of inference.
Idioma:
Português
Tipo (Avaliação Docente):
Científica