Resumo (PT):
São esporádicas as investigações que se centram no grupo de pessoas solteiras e
especificamente em mulheres solteiras. A sociedade confere uma suprema importância às
relações heterossexuais românticas e assume que estas são as mais significativas na vida
de uma mulher. As normas e expetativas culturais sociais normativas associadas aquilo
que é percecionado como sendo o papel da mulher pressionam a mulher solteira para a
ideologia do casamento e da família.
Pretendeu-se, com esta dissertação, perceber como é compreendida, significada e
vivenciada a solteirice em mulheres solteiras e idosas e explorar os possíveis
estereótipos/rótulos, representações sociais e discriminação associados à identidade de
mulher solteira e mulher idosa.
Para o efeito foram conduzidas entrevistas semiestruturadas a oito mulheres idosas
solteiras com idades compreendidas entre os 65 e os 78 anos de idade. Os discursos das
entrevistadas foram submetidos a análise temática (Braun & Clarke, 2006). Emergiram
desta análise quatro temas principais, identificados por frases discursivas das
entrevistadas: 1) “Foi uma escolha que eu fiz”, 2) “Digo que sou Mãe, Mãe Solteira”, 3)
“Na minha terra chamam-se Solteironas”, e 4) “Ser velha é ser triste”. O organizador
central dos temas é o Estatuto de Solteira, que marca todos os elementos da análise.
Entre as principais conclusões do trabalho, destaca-se que a permanência no estatuto de
solteira é uma decisão voluntária desejada e uma identidade legítima. A ausência de uma
parceira romântica deve ser encarada com naturalidade e como uma opção/estilo de vida.
À mulher solteira ainda são atribuídos rótulos/estereótipos que a definem socialmente e
que moldam a sua identidade pessoal. O estatuto de solteira impacta a trajetória de vida
da mulher no que concerne também ao seu processo de envelhecimento.
Language:
Portuguese
No. of pages:
76