Medicina Geral e Familiar II
Áreas Científicas |
Classificação |
Área Científica |
OFICIAL |
Medicina |
Ocorrência: 2021/2022 - SP (de 13-09-2021 a 20-05-2022) 
Ciclos de Estudo/Cursos
Sigla |
Nº de Estudantes |
Plano de Estudos |
Anos Curriculares |
Créditos UCN |
Créditos ECTS |
Horas de Contacto |
Horas Totais |
MIM |
197 |
Plano Oficial em Vigor |
6 |
- |
9 |
97 |
243 |
Língua de trabalho
Português
Objetivos
A unidade curricular (UC) de Medicina Geral e Familiar (MGF) pretende dar a conhecer o Médico de Família enquanto agente central dos Cuidados de Saúde Primários (CSP) que conhece e gere problemas que afectam os indivíduos, a sua família e a comunidade a que pertencem.
Na continuidade da MGF I, em que os conteúdos formativos são veiculados de
modo fundamentalmente teórico-prático e em que os estudantes obtiveram essencialmente conhecimentos e foram orientados para atitudes e competências a adquirir e desenvolver, inerentes a um bom desempenho em MGF, em MGF II o objectivo global é a formação e treino dos estudantes, indispensável para a prática da Medicina, mediante uma prática orientada, sendo integrados nas actividades de uma Unidade de Saúde dos CSP.
O grupo EURACT (European Academy of Teacher’s in General Practice) através da Agenda Educativa Euract de Medicina Geral e Familiar (¹) – delineou as características fundamentais que a disciplina e o ensino da Medicina Geral e Familiar deve conter agrupando-a em seis competências nucleares que uma vez adquiridas se convertem em aptidões de desempenho com vista à sua aplicação prática nos cuidados de saúde.
Essas competências nucleares são: Gestão em Cuidados Primários; Cuidados Centrados na Pessoa; Aptidões para a resolução de problemas específicos; Abordagem abrangente; Orientação comunitária; Abordagem holística.
Os cuidados prestados pelos Médicos de Família são: centrados na pessoa; abrangentes; holísticos; longitudinais; coordenados.
Objectivos Gerais• Propor aos estudantes a adopção de uma abordagem sistémica e centrada na pessoa
• Permitir aos estudantes interiorizarem o papel do MF e as particularidades da MGF:
1. acessibilidade, continuidade, longitudinalidade e coordenação de cuidados;
2. visão dos pacientes enquanto pessoas que podem adoecer, procurando o impacto que a doença tem em cada um; utilização de métodos de consulta e de registo próprios;
3. do raciocínio à decisão clínica;
4. capacidade para tolerar e lidar com a incerteza;
5. Gestão do tempo de consulta e priorização dos problemas.
• Familiarizar os estudantes com:
1. os padrões mais comuns das queixas, sintomas, problemas de saúde
2. a morbilidade da comunidade
3. a aplicação de técnicas de comunicação na consulta
4. trabalho de equipa
5. a autoavaliação e a melhoria da qualidade
• Treinar a capacidade de avaliação, diagnóstico e tratamento dos problemas mais comuns na consulta de MGF
• Contribuir para uma decisão mais informada por parte dos estudantes na futura escolha de uma especialidade
Objectivos específicosÁrea dos Conhecimentos - Em MGF II devem ser aprofundados e objecto de reflexão os conhecimentos veiculados em MGFI (ver Ficha de UC de MGFI)
Área das Competências - No final do programa, os estudantes devem ser capazes de:
1. Realizar uma consulta completa, usando o modelo «Os 7 passos da consulta» e o «Método clínico centrado no paciente»
2. Coligir os dados psicossociais (familiares, culturais, profissionais e ambientais, entre outros) e identificar factores de risco para a saúde
3. Realizar o exame físico dirigido, incluindo, sempre que apropriado:
a) avaliação da tensão arterial
b) avaliação da glicemia capilar
c) execução de testes rápidos de urina
d) exame dos pés dos pacientes com diabetes
e) exame de recém-nascidos e crianças
f) exame da orofaringe e otoscopia
g) avaliação do estado físico e mental em pessoas idosas
h) determinação de alterações da audição e da visão (utilizando as tabelas disponíveis)
i) exame clínico da mama
j) exame ginecológico e obstétrico e a colheita para citologia cervico-vaginal
4. familiarizar-se no uso das classificações de doenças e problemas de saúde
5. saber utilizar quando necessário escalas ou métodos de avaliação das funções cognitivas e outras
6. saber fazer “intervenção breve” (por ex. para a cessação tabágica)
7. saber informar sobre a contracepção
8. saber informar/aconselhar os pais sobre problemas comuns da infância
9. saber informar/educar sobre medidas gerais de alimentação e actividade física
10. saber informar/educar sobre a técnica de avaliação ambulatória da TA
11. saber informar/educar sobre os procedimentos necessários para prevenir o pé diabético
12. Avaliar os problemas dos pacientes:
a) - priorizando os problemas e definindo os que necessitem de intervenção urgente
b) integrando os problemas biológicos com os psicossociais
c) reconhecendo e gerindo a complexidade da multimorbilidade
d) formulando hipóteses clínicas tendo em conta dados
epidemiológicos/probabilísticos
13. Saber, para os problemas mais comuns:estabelecer um plano diagnóstico, com uso racional de meios complementares e interpretação dos seus resultados; prescrever um plano educacional e de capacitação do paciente; prescrever medicamentos usando as regras da prescrição racional; identificar os recursos pessoais, médicos e sociais/comunitários necessários e disponíveis para a concretização dos planos
14. Fazer registos clínicos usando o método RMOP (registo médico orientado por problemas), actualizando sempre que oportuno a informação básica do doente; redigindo notas clínicas de seguimento em formato SOAP; verificando eatualizando no final de cada consulta, se necessário, a lista de problemas, bem como a classificação dos mesmos como ativos ou inativos; utilizar aplicações electrónicas de registo clínico, prescrição e referenciação
15. Saber comunicar com pacientes os seus familiares e/ou cuidadores de modo empático e segundo e as orientações recomendadas de acordo com o contexto e a circunstância
Área das Atitudes e Comportamentos profissionais
No final do programa, o estudante deve ter atitudes e comportamentos profissionais
1. Demonstrar empatia e uma postura ética
2. Respeitar a autonomia dos pacientes, bem como os seus valores e preocupações
3. Ser sensível às diferenças de género, socioculturais, económicas e religiosas
4. Ser pontual e apresentar-se de acordo com as normas
5. Estabelecer relações cordiais e cooperantes com os diferentes profissionais da unidade de saúde
6. Ter postura crítica para com procedimentos sem base científica comprovada
Resultados de aprendizagem e competências
Atingir os objectivos elencados anteriormente
Modo de trabalho
Presencial
Pré-requisitos (conhecimentos prévios) e co-requisitos (conhecimentos simultâneos)
É necessario a aprovação na UC MGF I, ou seja a aquisição dos conhecimenos atitudes e competências ministradas.
Programa
1 - GESTÃO EM CUIDADOS PRIMÁRIOS
a) Conhecer a epidemiologia dos problemas e queixas apresentados pelos doentes em
Cuidados de Saúde Primários;
b) Conhecer o papel e as funções dos diferentes elementos da equipa de C.S.P. e a
integração da sua actuação nos serviços de saúde.
c) Reconhecer os padrões mais comuns de queixas e sintomas no âmbito da MGF.
d) Saber diagnosticar os problemas do doente (utilizando a história clínica, exame físico e
E.C.D.’s) e geri-los para conseguir elaborar um plano de actuação negociada;
e) Demonstrar capacidade de comunicação e perceber a sua importância na relação médico-doente.
f) Valorizar a abordagem dos cuidados segundo uma perspectiva generalista com capacidade para lidar com a incerteza.
2 - CUIDADOS CENTRADOS NA PESSOA
A Medicina Geral e Familiar posiciona-se como “medicina centrada na pessoa”, distinguindo-se por isso das outras especialidades; É necessário a busca da compreensãoda doença no seu contexto individual, familiar, social cultural, não descurando os aspectos subjectivos da doença. Estes dois conceitos constituem os pilares fundamentais e as condições prévias do método clínico centrado no paciente: ver o doente como uma pessoa tendo em conta as vertentes familiar, comunitária, social e cultural, respeitar as crenças e valores.
a) Aplicar modelo da consulta centrada no doente, tendo em conta a grande importância da continuidade do processo relacional pessoal, da informação e dos cuidados (responsabilização)
b) Estabelecer parcerias sustentadas (compromisso e deliberação).
c) O médico como pessoa com equilíbrio e valores:
•Capacidade para pôr os doentes à vontade
•Comportamento profissional (pontualidade, apresentação e cortesia)
•Respeito pela decisão e dignidade dos doentes
3 - APTIDÕES PARA A RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS ESPECÍFICOS
a) Conhecer a incidência e a prevalência dos problemas comuns e a sua resolução de modo
contextualizado;
b) Saber como definir e gerir um problema
c) Saber conduzir uma pesquisa eficiente para definir os problemas.
d) Saber envolver o paciente no plano de acção.
e) Saber tomar decisões em situações de “urgência” em cuidados primários.
f) Saber lidar com problemas indiferenciados e ter capacidade para tolerar e lidar com a incerteza.
g) Valorizar a abordagem ética e ter conhecimentos dos recursos e a noção custo – eficiência e custo – benefício (uso e percepção dos recursos limitados).
4) ABORDAGEM ABRANGENTE
a) Compreender como fazer a gestão simultânea de queixas e patologias múltiplas (multimorbilidade/co-morbilidade), assim como de problemas agudos e crónicos do mesmo indivíduo;
b) Promover a saúde a nível individual como parte integrante da consulta;
c) Promover a saúde do indivíduo, família e populações, através de programas de prevenção e promoção da saúde no âmbito dos cuidados primários.
5 - ORIENTAÇÃO COMUNITÁRIA
“ A responsabilidade dos Médicos de Família não acaba com a consulta do doente, mas é também influenciada pela composição da comunidade em que trabalha, fazendo-o tomar
muitas vezes decisões que podem influenciar a política de saúde na comunidade”.
a) Compreender/conhecer a estrutura do sistema da saúde.
b) Compreender as necessidades de saúde da comunidade.
c) Compreender as inter-relações entre saúde e cuidados sociais.
d) Compreender o papel dos outros profissionais envolvidos na saúde da comunidade.
e) Conhecer os recursos de saúde da comunidade, disponíveis de modo a conciliar as necessidades de saúde da pessoa e da comunidade.
6- ABORDAGEM HOLÍSTICA
a) Conhecer o conceito holístico e as suas implicações nos cuidados dos doentes.
b) Entender o doente como um “todo” biopsicossocial.
c) Demonstrar aptidões para transformar a componente holística em medidas prática.
Bibliografia Obrigatória
Goroll A.H. et al; Primary Care Medicine, Lippincott Williams and WilKins, 2009. ISBN: 978-0-7817-7513-7/0-7817-7513-2
Nunes JM; Comunicação em contexto Clinico, Bayer Healh Care, 2007
Caeiro R.; RRegistos Clínicos em Medicina Geral e Familiar, ICG - ZS
McWhinney, I.R.; Textbook of Family Medicine, Oxford University Press, 1997
Ramos, V; A consulta em 7 passos, 1.º ed. VFBM Comunicação Lda, 2008
Observações Bibliográficas
Blibliografia especifica será fornecida à medida que os assuntos são abordados
Métodos de ensino e atividades de aprendizagem
A) Ensino acompanhado. Estagio observacional e tutoreado
Como se pretende que os alunos adquiram contacto e treino básico em Medicina Geral e Familiar o estágio de 6 semanas (25 h/sem) será feito nos Centros de Saúde e Unidades de Saúde Familiares com os quais o ICBAS tem protocolo
Em situações excecionais em que possa estar vedado a possibilidade das actividades lectivas presenciais, será acautelado o ensino-aprendizagem através de meios audiovisuais/ensino à distancia com utilização de diversas ferramentas ou plataformas ajustadas aos conteúdos e objectivos (Zoom, slides com áudio, Moodle, etc.).
As metodologias pedagógicas a usar serão:
— Exposição oral
— Trabalhos de grupo, simulação de registos clínicos, pesquisa de informação científica e sua análise crítica, flipped classroom, etc.
— Análise e discussão de casos clínicos
— Simulação/role-play
— Observação e participação nas actividades clínicas em contexto da prática (ver Ficha de objectivos) acautelando situações de exceção que possam vir a ocorrer, por segurança dos pacientes e dos alunos e profissionais.
B) Sessões teórico-práticas e seminários
Poderão ser “trabalhados” casos clínicos de situações prevalentes na prática clínica, realizadas videogravações de consultas simuladas para análise , discussão em pequenos grupos de temas pertinentes, seminários.
Em situações especiais em que não seja possível ou segura a realização destas sessões presencialmente, as mesmas serão substituídas por sessões remotas utilizando as plataformas online disponíveis mantendo os conteúdos programáticos previamente definidos.
A comunicação da Unidade Curricular com os discentes, far-se-á via Moodle, onde, atempadamente será divulgada toda a informação detalhada necessária.
Tipo de avaliação
Avaliação distribuída sem exame final
Componentes de Avaliação
Designação |
Peso (%) |
Participação presencial |
10,00 |
Prova oral |
30,00 |
Trabalho escrito |
60,00 |
Total: |
100,00 |
Componentes de Ocupação
Designação |
Tempo (Horas) |
Estudo autónomo |
146,00 |
Realização de Estágio |
97,00 |
Total: |
243,00 |
Obtenção de frequência
Obtenção na Classificação Final igual ou superior a 10 valores numa escala de 20. É necessário obter classificação positiva dada pelo Tutor de estágio.
De acordo com o regulamento da Faculdade, a ocorrência de mais de 1/4 de faltas às aulas incorre em Falta de Frequência à Unidade Curricular.
Fórmula de cálculo da classificação final
A classificação é feita numa escala de 0 a 20 valores. Para tal contribuem:
- Avaliação do Desempenho no Estágio Clínico:
- 1) Apreciação Global - 2 valores
- 2) Avaliação de Conhecimentos, Competências e Atitudes - 6 valores
- Relatório da Visita Domiciliária - 3 valores
- Relatório Estudo do Agregado Familiar - 9 valores
Avaliação especial (TE, DA, ...)
Teste escrito de escolha múltipla e análise e comentário de caso(s) clinic (s)
As classificações obtidas em "Avaliação do Desempenho no Estágio Clínico - Apreciação Global" e "Avaliação de conhecimentos, Competências e Atitudes" mantêm-se.
Melhoria de classificação
Quando se pretenda fazer melhoria da classificação, será realizado teste com questões de escolha múltipla e análise de casos clínicos. As classificações obtidas em "Avaliação do Desempenho no Estágio Clínico - “Apreciação Global" e "Avaliação de conhecimentos, Competências e Atitudes" mantêm-se.
Observações
No âmbito da pandemia COVID-19, as metodologias de ensino/aprendizagem dependerão da situação epidemiológica existente e poderemos ter um dos 3 cenários:
A. Presencial - as aulas decorrerão nos moldes habitualmente previstos
B. Semipresencial para as horas de contacto:
. Aulas teóricas serão realizadas com alguns estudantes presencialmente ou totalmente à distância via Zoom de modo síncrono.
. Aulas TP serão realizadas com alguns estudantes presencialmente ou totalmente à distância via Zoom de modo síncrono com discussão de casos clínicos.
. Aulas Práticas: os grupos serão subdivididos em 2, metade deverá ter contacto com o doente real e a outra metade com o doente virtual ou realizar outra atividade indicada pelo docente, com alternância na semana seguinte.
C. À distância - este modelo só será aplicado se não houver condições para o ensino semipresencial e será feito integralmente com recurso a doentes virtuais e a plataformas digitais.