Estudantes, alumni e professores de todas as idades, dos mais jovens aos “veteranos” com mais de 90 anos de idade e 70 como médicos, reuniram-se no passado dia 9 de junho para celebrarem a união, o convívio, a emoção, a memória e a cultura da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP), numa altura em que esta comemora o seu Bicentenário.
A iniciativa iniciou-se com o descerramento da placa comemorativa dos 70 anos do curso médico de 1948 a 1954, com Maria Amélia Calheiros, Joaquim Torres, António Gama Brandão e Levi Guerra. A placa está situada na antecâmara do átrio da Aula Magna, em lugar de destaque.
Falando em nome dos demais, Joaquim Torres regozijou-se por este regresso às origens, que poderá “servir de lição aos mais novos”. “Espero que estes médicos jovens não se esqueçam da honra que é serem médicos”, desejou. Maria Amélia Calheiros recordou os tempos da juventude e Levi Guerra usou da palavra para dizer que a Faculdade é “a origem dos médicos, a classe que mais cuida das pessoas, com respeito e tolerância”, enquanto Gama Brandão realçou os aspetos éticos e da dignidade humana como centrais para o exercício da medicina.
Ao descerramento da placa seguiu-se um almoço, “um momento marcante” e “enriquecedor”. Num espírito de confraternização, os participantes invocaram os nomes dos seus antecessores. Aos graduados há 70 anos e aos alumni mais antigos que se associaram a este septuagésimo aniversário, caso de Serafim Guimarães, juntaram-se muitos estudantes, desde caloiros a finalistas e recém-licenciados pela FMUP, que emprestaram a sua frescura ao ato simbólico.
Altamiro da Costa Pereira, enquanto diretor da FMUP, evocou algumas das personalidades mais sonantes, lembrando que “eram pessoas com grande cultura e com grande interesse pelo conhecimento, pela ciência e pela educação”. Considerando muito importante “cultivar as emoções”, desafiou os presentes a fazerem parte da recém-criada AMA – Associação de Medicina da Academia do Porto, cuja escritura de constituição foi celebrada na FMUP.
“A FMUP tem esta capacidade de ter professores que a marcam, década após década”, afirmou a ex-presidente da AEFMUP e recém-eleita representante dos estudantes para o Conselho Geral da Universidade do Porto, Emília Pinho.
“É uma honra poder ouvir estas palavras e celebrar as pessoas que por aqui passaram”, enalteceu a presidente da Associação de Estudantes da FMUP, Inês Sousa, enquanto o presidente da Associação Nacional de Estudantes de Medicina (ANEM), Paulo Simões Peres, considerou esta ligação intergeracional como “fundamental”. “Se calhar, daqui a 70 anos, seremos nós a estar aqui a falar”, augurou.
Nuno Ferreira, estudante da FMUP, foi um dos jovens presentes. Usou da palavra para elogiar o diretor atual e o seu esforço para vincar a cultura desta Faculdade. “Uma instituição que não celebra a sua cultura e o seu passado não tem presente e muito menos terá futuro”, vaticinou.
João Aleixo, estudante da FMUP, tal como a avó tinha sido, falou da mística e da vivência nesta Faculdade. Como membro da Tuna de Medicina e da Comissão de Praxe, destacou a intergeracionalidade aqui patente. “Já pedi conselhos e continuo a aprender muito. Os mais velhos, se tiverem paciência, continuem a ajudar-nos neste caminho sinuoso”, frisou.
César Guedes, pertencente ao Grupo de Fados da FMUP, congratulou-se como este “momento de partilha, que constitui uma fusão entre passado e presente”. “Estes momentos são fundamentais para o nosso crescimento enquanto estudantes e enquanto futuros médicos”, disse.
A FMUP está a celebrar, este ano, o seu Bicentenário com uma programação extensa, que pode ser consultada no site oficial.