IV CONGRESSO PORTUGUÊS DE LITERATURA BRASILEIRA
(17 e 18 de Novembro de 2005)
Desde há muito se sabe das importantes relações históricas do Brasil com o Porto, cidade onde, por exemplo, nasceram Pero Vaz de Caminha, Brás Cubas e Tomás António Gonzaga, cidade de que Bartolomeu de Gusmão foi historiador e José Bonifácio intendente da polícia, cidade onde se guarda o coração do imperador D. Pedro I e para onde se exilou D. Pedro II, cidade que ao longo de séculos foi porto de partida e de chegada de grandes contingentes de emigrantes luso-brasileiros e que no século XIX inventou o “brasileiro” de torna-viagem, cidade que soube exportar para terras brasileiras modos ou modelos sócio-culturais, de campos tão diversos como os da expressão linguística, da arte culinária, dos ritos festivos ou da arquitectura religiosa.
Do que se sabe menos é do contributo que o Porto deu para a literatura brasileira. Na abertura do II Congresso Português de Literatura Brasileira (Porto,1997) foi dito por Arnaldo Saraiva que o Porto é a cidade, fora do Brasil, “mais digna de figurar no mapa da literatura brasileira”. E explicou porquê: porque no Porto (ou na sua região) nasceram alguns importantes autores clássicos da literatura brasileira (Pero Vaz de Caminha, Bento Teixeira, Tomás António Gonzaga....), e alguns autores modernos como Carlos Malheiro Dias, Ferreira de Castro, Adolfo Casais Monteiro, Domingos Carvalho da Silva, ou Maria Adelaide Amaral; porque pelo Porto passaram e sobre o Porto escreveram alguns dos mais apreciados escritores brasileiros (Casimiro de Abreu, Gilberto Freyre, Cecília Meireles, Érico Veríssimo, João Cabral de Melo Neto, Antônio Torres...); porque numerosos escritores portuenses tiveram larga influência ou acção na literatura e na cultura brasileira (Garrett, Camilo, Faustino Xavier de Novaes, Gomes de Amorim, Eça, Junqueiro, António Nobre, Alberto de Oliveira, Sampaio Bruno, Agostinho da Silva...); porque a amigos portuenses com quem conviveu desde a adolescência e a uma portuense com quem se casou deveu muito Machado de Assis, que aliás foi colaborador de publicações portuenses; porque sempre houve no Porto editores e livreiros (Chardron, Lello, Figueirinhas, Campo das Letras, Centro do Livro Brasileiro, Livros do Brasil...), jornais (Jornal de Notícias, O Comércio do Porto, O Primeiro de Janeiro...) e revistas (A Águia, Terra de Vera Cruz, Brasil Cultural, Terceira Margem...) a prestar especial atenção à literatura brasileira; porque se conhece alguma correspondência importante entre escritores brasileiros e portuenses (Alberto de Serpa, Óscar Lopes, Egito Gonçalves...).
Assim, justifica-se a realização de um Congresso, organizado pela Faculdade de Letras do Porto e pelo seu Centro de Estudos Brasileiros, em que se estudem sistematicamente as relações entre o Porto e a Literatura Brasileira, e os autores ou os agentes (e os textos) que as evidenciam. As comunicações a apresentar a este Congresso, de pendor historicista, comparatista ou interpretativo, deverão portanto incidir sobre algum ou alguns dos seguintes tópicos:
I. Autores nascidos no Porto ou na sua região que fazem parte do cânone da Literatura Brasileira;
II. Autores nascidos no Porto ou na sua região que tiveram especial repercussão na Literatura ou na Cultura Brasileira;
III. Editores e livreiros portuenses especialmente dedicados à Literatura Brasileira;
IV. Revistas e jornais portuenses especialmente consagrados à Literatura Brasileira;
V. Autores brasileiros que estiveram no Porto ou na sua região e sobre ele ou ela escreveram;
VI. Correspondência entre escritores portuenses e brasileiros.
Congresso aberto ao público, sendo passados
certificados às pessoas que se inscreverem no DEPER (FLUP - Torre A, piso 3).
Programa
Ficha de inscrição