Resumo (PT):
A História da Cartografia Portuguesa conheceu um período de franco
desenvolvimento durante o Estado Novo, no quadro de uma historiografia
nacionalista e defensora dos princípios coloniais. Os mapas antigos foram
analisados como provas do papel de vanguarda da ciência portuguesa nos séculos
XV e XVI, como testemunhos da prioridade dos descobrimentos portugueses e
dos direitos de ocupação e exploração colonial de territórios africanos, americanos
e asiáticos. Na sequência da implantação do regime democrático, no início da
década de 1990, a situação da História da Cartografia em Portugal, não era a mais
auspiciosa. Apenas dois pequenos grupos de investigadores se interessavam pelo
tema, na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa e no Instituto de
Investigação Científica Tropical.
Os estudos e a divulgação da História da Cartografia Luso-Brasileira ganharam um
novo impulso, com a presença de Joaquim Romero Magalhães na Comissão Nacional
para as Comemorações dos Descobrimentos Portugueses (1996-2002). A principal
missão era “comemorar” a chegada oficial dos navegadores portugueses à América
do Sul. O “achamento do Brasil” e a relação entre Portugal e o Brasil, não só no
período colonial mas também desde a independência do território, foram os grandes
temas para a organização de exposições, edições de fontes e estudos históricos,
concessão de bolsas de estudo, estabelecimento de projetos de investigação,
organização de reuniões científicas, apoio a centros de investigação e a instituições
académicas e culturais. Sob a coordenação de Romero Magalhães, em muitas destas
realizações estiveram presentes os mapas antigos, com um destacado papel.
Abstract (EN):
The History of Portuguese Cartography underwent strong development during the
Estado Novo, within a framework of nationalist historiography, supporting colonial
postulates. The old charts were presented as evidence of the leading role of
Portuguese science during the Renaissance, and as proof of the primacy of the
Portuguese geographic discoveries and the rights of colonial occupation and
exploration of different territories. With the democratic regime, in the early 1990s,
the future of this field of knowledge in Portugal was not quite auspicious. Only two
small study groups interested in the History of Cartography coexisted at the
University of Lisbon and at the Institute for Tropical Scientific Research.
The studies and the diffusion of the History of Luso-Brazilian cartography gathered
momentum in Portugal from the mid-1990s, with the presence of Joaquim Romero
Magalhães (1942-2018) at the Comissão Nacional para as Comemorações dos
Descobrimentos Portugueses, as Commissioner (1999-2002). His mission was to
carry out the challenging task of “commemorating” the official arrival of the
Portuguese navigators to South America. The “discovery of Brazil” and the relation
between Portugal and Brazil, not only in the colonial period but also since the
independence of that territory in 1822 to the present, were the major subjects for
the organisation of great exhibitions, for publishing historical research works and
primary sources, for granting scholarships, for the development of research
projects, for organizing scientific meetings, for providing assistance to research
centres. Under his supervision old maps and charts were always present in these
events and works.
Idioma:
Inglês
Tipo (Avaliação Docente):
Científica