Resumo (PT):
O presente estudo teve como objetivo analisar o papel do stress parental, da parentalidade
consciente e do uso problemático da internet na tecnoferência parental, que se refere à
interferência da tecnologia, especialmente de dispositivos móveis, nas interações entre pais e
filhos. Mais especificamente, investigou-se em que medida o stress parental, a autorregulação
na parentalidade (dimensão da parentalidade consciente), e o uso da internet como forma de
regulação de humor (dimensão do uso problemático da internet) contribuem para explicar a
tecnoferência parental. A amostra foi constituída por 113 pais e mães com filhos em idade pré-
escolar, dos quais 95 (84.1%) são do sexo feminino e 18 (15.9%) do sexo masculino, com
idades compreendidas entre os 25 e 54 anos. Os participantes tinham entre um e quatro filhos.
Para a recolha de dados foi utilizado um questionário sociodemográfico e quatro instrumentos:
Disrupt para medir a distração nas relações sociais e o uso da tecnologia parental, a Escala de
Stress Parental para medir o stress parental, a Escala de Mindfulness Interpessoal na
Parentalidade para medir a autorregulação na parentalidade e o Generalized Problematic
Internet Use Scale 2 para medir o uso da internet como forma de regulação de humor. Procedeu-
se ao modelo de regressão linear múltipla, e os resultados sugerem que pais que utilizam a
internet como forma de regulação do seu humor reportam níveis mais elevados de interferência
da tecnologia na relação com os seus filhos (r = .21, p = .032) . Verificou-se também que existe
uma correlação negativa entre a tecnoferência parental e a autorregulação na parentalidade (r =
-.28, p =
.003), confirmando a hipótese de que pais com menores competências de gestão
emocional demonstram maior tendência a envolver-se em comportamentos de interferência da
tecnologia na relação com os seus filhos. Os resultados sugerem a importância de adoção de
estratégias na parentalidade para minimizar o impacto desta interferência da tecnologia, bem
como considerar dimensões emocionais dos pais na compreensão do impacto da tecnologia nas
relações parentais. Salienta-se, assim, a necessidade de intervenções que não se limitem à gestão
do tempo de ecrã, mas que promovam o bem-estar emocional e competências de autorregulação
dos pais.
Language:
Portuguese
No. of pages:
37