Resumo (PT):
O presente trabalho tem como objectivo retratar a actividade de pirataria ao largo e sobre a costa portuguesa durante os séculos XVI e XVII e, as implicações da mesma, na distribuição do povoamento e defesa do litoral.
Serão analisados três aspectos, que se supõe estarem intimamente relacionados: as acções de pirataria, os postos de defesa na linha de costa e o maior ou menor afastamento dos aglomerados populacionais em relação ao mar.
Assim, locais que, pelas suas características geográficas, criem condições para o sucesso das emboscadas, ou sejam locais de afamada riqueza, decerto serão alvos preferenciais para as investidas dos piratas. Esses mesmos lugares, pelo potencial perigo que representam, afastarão as povoações das suas imediações, a não ser que, essas mesmas povoações, tenham um posto de vigia, forte ou castelo que lhes assegure alguma defesa e segurança.
É pois objectivo demonstrar toda esta articulação entre os factores referidos, e a dinâmica e organização espacial por eles criadas, não negligenciando qualquer outro factor que possa estar na base da explicação de determinada situação.
Após uma breve análise da pirataria sobre a costa portuguesa, este trabalho incidirá sobre a costa algarvia, particularizando e restringindo assim a escala de análise. Serão descritas as principais características dos fenómenos em estudo (pirataria, defesa e povoamento) e as suas interligações. Ainda a salientar a especial atenção dada à pirataria francesa (por disponibilidade de dados), embora se tenham verificado, no período em estudo, ataques de piratas ingleses, holandeses, bárbaros, turcos e até mesmo espanhóis, tendo sido alguns deles verdadeiramente avassaladores. No que diz respeito à costa algarvia, os ataques dos Mouros, até mesmo pela sua proximidade geográfica, eram uma constante. Infelizmente, não são disponíveis dados suficientes e sistemáticos que possibilitem uma análise conclusiva.
Language:
Portuguese
Type (Professor's evaluation):
Scientific