Resumo (PT):
A museóloga brasileira Marília Xavier Cury tem um percurso amplamente reconhecido, seja no âmbito académico, seja no contexto das práticas dos museus, integrando o Museu de Arqueologia e Etnologia da Universidade de São Paulo como professora e investigadora. Desenvolve atualmente um projeto de investigação que cruza o estudo de coleções de museus portugueses e brasileiros, razão que tornou ainda mais oportuna esta entrevista. A partir de uma conversa virtual conduzida por Elisa Noronha e Patrícia Roque Martins, foram vários os temas focados. Cury partilhou um balanço da sua experiência colaborativa com os povos indígenas no Brasil. Abordou, nomeadamente, o seu entendimento sobre o lugar dos povos indígenas nos discursos e nas práticas museológicas, apontando encontros e tensões que caraterizam o panorama museológico da atualidade. Fez ainda uma leitura sobre o processo de decolonização dos museus e da museologia, e da necessidade de ampliar as possibilidades de diálogo e de trabalho, para além dos modelos mais tradicionais. Identificou experiências colaborativas e narrativas expositivas que relatam algumas das relações que tem estabelecido entre Portugal e Brasil no domínio das coleções arqueológicas e etnográficas. Na última parte da entrevista, Cury propõe que a museologia seja mais aberta ao “outro”, uma museologia necessariamente mais colaborativa, mais experimental, e sublinha a importância de se desenvolverem abordagens mais analíticas e críticas, sublinhando também o papel da formação pós-graduada em museologia neste contexto.
Abstract (EN):
Brazilian museologist Marília Xavier Cury has a well-known career in both academia and museum practice, working as a professor and researcher at the Museu de Arqueologia e Etnologia da Universidade de São Paulo (Museum of Archaeology and Ethnology/University of São Paulo). She is currently working on a research project that combines the study of Portuguese and Brazilian museum collections, which is why this interview was so timely. In a virtual conversation conducted by Elisa Noronha and Patrícia Roque Martins, several topics were discussed. Cury shared an overview of her collaborative experience with indigenous peoples in Brazil. In particular, she talked about her understanding of the place of indigenous peoples in museological discourses and practices, pointing out the encounters and tensions that characterise today’s museological landscape. She also looked at the role of decolonising museums and museology, and the need to expand the possibilities for dialogue and work beyond the more traditional models. She identified collaborative experiences and exhibition narratives that relate some of the relationships she has established between Portugal and Brazil in the field of archaeological and ethnographic collections. In the last part of the interview, Cury proposes that museology should be more open to the “other”, a museology that is necessarily more collaborative, more experimental, and on the importance of developing more analytical and critical approaches, also emphasising the role of postgraduate training in museology in this context.
Language:
Portuguese
Type (Professor's evaluation):
Scientific
No. of pages:
17