Resumo (PT):
A enxaqueca é uma doença neurovascular crónica caracterizada por ataques de cefaleia episódicos e incapacitantes com sintomas autonómicos associados. Os mecanismos relacionados com a sua fisiopatologia ainda não estão completamente esclarecidos, mas a inflamação neurogénica, a alteração no sistema serotoninérgico e a vasodilatação das artérias meníngeas parecem ser os principais responsáveis pela dor. A enxaqueca pode ser desencadeada por um mecanismo químico, no qual os constituintes dos alimentos podem promover a libertação de noradrenalina, serotonina ou monóxido de azoto ou estimular directamente os gânglios do nervo trigémio, do tronco cerebral e das vias neuronais do córtex; ou por um mecanismo imunológico mediado pela imunoglobulina G.
A lista de alimentos, bebidas e aditivos alimentares mais frequentemente associados à enxaqueca, inclui o queijo curado, iogurte, chocolate, frutas cítricas, carnes curadas, alimentos fritos e com gordura, vinho tinto e glutamato monossódico. Os factores desencadeantes não são a verdadeira causa de enxaqueca, mas podem despoletar uma condição pré-existente. Por outro lado, existe uma grande variabilidade inter- e intra-individual no que respeita aos factores alimentares desencadeantes.
Embora tenha sido demonstrado que uma elevada proporção de indivíduos com intolerância alimentar beneficiou consideravelmente com uma intervenção alimentar, o factor alimentar é frequentemente negligenciado a favor da terapia farmacológica preventiva. No entanto, antes de preconizar qualquer tratamento nutricional devem considerar-se as possíveis deficiências nutricionais e o impacto social que a restrição alimentar pode provocar. Assim, torna-se necessário estabelecer metodologias de diagnóstico, tratamento e prevenção para uniformizar a abordagem nutricional do doente com enxaqueca.
Palavras-chave: Enxaqueca; inflamação neurogénica; alimentação; nutrientes.
Idioma:
Português
Tipo (Avaliação Docente):
Científica
Contacto:
carmensb@fcna.up.pt
Tipo de Licença: