O estudo agora divulgado na publicação Scientific Reports, do grupo Nature, reflete os primeiros resultados de um projeto cuja investigadora responsável é Marta Correia da Silva docente da Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto (FFUP).
Os objetivos principais do estudo visam desenvolver novas substâncias, inspiradas em produtos sulfatados de origem marinha, capazes de impedir a bio-incrustação em embarcações e com reduzido risco ambiental.
A bio-incrustação marinha é um fenómeno que causa graves problemas e consideráveis prejuízos às indústrias do sector marítimo em todo o mundo, pelo que têm sido utilizadas tintas anti-incrustantes para combater este processo. No entanto, o elevado grau de toxicidade ambiental conduziu a que estas tintas tenham sido quase exclusivamente proibidas pelas autoridades competentes. Neste sentido, e de acordo com Vitor Vasconcelos, docente da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto (FCUP) e presidente do Centro Interdisciplinar de Investigação Marinha e Ambiental (CIIMAR), “o CIIMAR tem procurado identificar tecnologias anti-incrustantes mais ecológicas e menos tóxicas para combater a bio-incrustação marinha através da linha de investigação NOVELMAR do projeto INNOVMAR (Norte 2020), da linha NOMORFILM (Horizonte 2020) e do projeto coordenado pela docente Marta Correia da Silva”.
Marta Correia da Silva juntamente com Emília Sousa e Madalena Pinto, também investigadoras do CIIMAR e docentes da FFUP, desenvolveram uma metodologia para sintetizar eficazmente compostos sulfatados inspirados em substâncias produzidas pelo meio marinho. A parceria criada com outra equipa de investigação do CIIMAR – Joana Reis de Almeida, Isabel Cunha, Vitor Vasconcelos (docentes da FCUP) e Jorge Antunes (investigador da FCUP) – permitiu demonstrar a eficácia destas moléculas de origem sintética. Reforçando a eficácia molecular, Joana Reis de Almeida, primeira autora do artigo, explica que, “as substâncias sintetizadas apresentam resultados promissores na inibição da adesão de larvas de mexilhões a estes substratos, uma das espécies de invertebrados mais problemática no processo de incrustação sem demonstrarem toxicidade face a um invertebrado não alvo – Artemia Salina”.
No sentido de garantir a aplicabilidade deste trabalho foi criada uma parceria com Elisabete Silva e Maria José Calhorda, respetivamente investigadora e docente da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, que contribuirão, numa fase futura, com a sua experiência na imobilização de agentes anti-incrustantes em tintas marítimas, para imobilizar estas novas e promissoras substâncias sintetizadas pela Universidade do Porto. De acordo com Marta Correia da Silva, “a combinação destas duas tecnologias pode contribuir significativamente para ultrapassar no futuro as limitações existentes no controlo da incrustação de organismos em superfícies submersas, providenciando novos revestimentos com caraterísticas menos tóxicas mas igualmente eficazes”.
O estudo sobre a bio-incrustação, publicado numa edição internacional insere-se num projeto (PTDC/AAG-TEC/0739/2014) coordenado pela investigadora e docente Marta Correia da Silva, e foi cofinanciado pela Fundação da Ciência e Tecnologia (FCT/MCTES/PIDDAC) e pelo Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional (FEDER) através do Programa Operacional Fatores de Competitividade (COMPETE) (POFC) – POCI-01-0145-FEDER-016793 – e do programa Reforçar a Investigação, o Desenvolvimento Tecnológico e a Inovação (RIDTI) – projeto 9471 – com um total de cerca de 160 mil euros.