Resumo: |
Em 2021, a União Europeia (Eu-27) produziu cerca de 6.7 milhões de toneladas de ovos tornando-se o segundo maior produtor mundial [1]. A avicultura europeia gera anualmente 23 bilhões de euros e emprega cerca de 300.000 pessoas. Com base nos últimos dados do Instituto Nacional de Estatística português, foram produzidas perto de 150 000 toneladas de ovos em 2020, e os resultados preliminares para 2021 apontam para um aumento de 5% na produção [2].
Segundo a Autoridade Europeia para a Segurança dos Alimentos (EFSA), o consumo de ovos e produtos derivados são a principal fonte de salmonelose humana, sendo esta a segunda doença transmitidas por alimentos mais reportada (≥100 000 casos / ano). O que se reflete numa perda económica global superior a ¤ 3 bilhões / ano [3,4]. Os ovos podem ser infetados por contato com fezes contaminadas (via externa) ou antes da postura devido á presença de Salmonella spp. nos órgãos reprodutivos das galinhas poedeiras (via interna). Além dos riscos para a saúde humana e animal, a produção de ovos diminui com a presença de Salmonella spp. nos órgãos reprodutivos das galinhas [5]. A utilização de antibióticos como medida profilática foi uma das estratégias mais utilizadas no controle de infeções causadas por Salmonella spp. em aves. No entanto, a disseminação da resistência antimicrobiana (AMR) em várias espécies microbianas levou a proibição de tais estratégias.
Aqui, propomos o desenvolvimento de novos antimicrobianos específicos para espécies, capazes de prevenir ou combater infeções por Salmonella spp. na indústria avícula, mantendo o microbioma natural intacto e, consequentemente, dificultando a propagação de AMR e diminuindo o peso económico e social associado a salmonelose. Estes antimicrobianos espécie-específicos serão baseados em mímicos de ácidos nucleicos (NAMs), capazes de inibir a expressão de genes bacterianos essenciais, eliminando assim as bactérias através de uma estratégia antisense, sem afetar o microbioma nat |
Resumo Em 2021, a União Europeia (Eu-27) produziu cerca de 6.7 milhões de toneladas de ovos tornando-se o segundo maior produtor mundial [1]. A avicultura europeia gera anualmente 23 bilhões de euros e emprega cerca de 300.000 pessoas. Com base nos últimos dados do Instituto Nacional de Estatística português, foram produzidas perto de 150 000 toneladas de ovos em 2020, e os resultados preliminares para 2021 apontam para um aumento de 5% na produção [2].
Segundo a Autoridade Europeia para a Segurança dos Alimentos (EFSA), o consumo de ovos e produtos derivados são a principal fonte de salmonelose humana, sendo esta a segunda doença transmitidas por alimentos mais reportada (≥100 000 casos / ano). O que se reflete numa perda económica global superior a ¤ 3 bilhões / ano [3,4]. Os ovos podem ser infetados por contato com fezes contaminadas (via externa) ou antes da postura devido á presença de Salmonella spp. nos órgãos reprodutivos das galinhas poedeiras (via interna). Além dos riscos para a saúde humana e animal, a produção de ovos diminui com a presença de Salmonella spp. nos órgãos reprodutivos das galinhas [5]. A utilização de antibióticos como medida profilática foi uma das estratégias mais utilizadas no controle de infeções causadas por Salmonella spp. em aves. No entanto, a disseminação da resistência antimicrobiana (AMR) em várias espécies microbianas levou a proibição de tais estratégias.
Aqui, propomos o desenvolvimento de novos antimicrobianos específicos para espécies, capazes de prevenir ou combater infeções por Salmonella spp. na indústria avícula, mantendo o microbioma natural intacto e, consequentemente, dificultando a propagação de AMR e diminuindo o peso económico e social associado a salmonelose. Estes antimicrobianos espécie-específicos serão baseados em mímicos de ácidos nucleicos (NAMs), capazes de inibir a expressão de genes bacterianos essenciais, eliminando assim as bactérias através de uma estratégia antisense, sem afetar o microbioma natural [6]. O nosso grupo foi pioneiro no desenvolvimento de estratégias para combater infeções clínicas conjungando NAMs com vetores bioinspirados[7,8]. Agora está interessado em aplicar a mesma estratégia no combate a infeções em animais, abrindo caminho para a medicina "personalizada" em animais.
Na tarefa 1, os NAMs serão acoplados com vetores bioinspirados, como lípidos fusogénicos e peptídeos capazes de entrar nas células, de modo a eliminar a Salmonella enterica enteritidis (S. Enteritidis), responsável pela maioria dos casos de salmonelose. O coeficiente de difusão dos NAMs-conjugados através do envelope celular bacteriano será avaliado por técnicas como fluorescence recovery after photobleaching (FRAP), enquanto a cinética de hibridação será avaliada por hibridação in situ fluorescente (FISH) (Tarefa 2). Na Tarefa 3, os NAMs-conjugados serão testados na presença de S. Enteritidis e outras spp. relacionadas, para avaliar a capacidade antimicrobiana e especificidade. Serão, ainda, avaliados quando a biocompatibilidade, utilizando linhas celulares animais. Para garantir que os NAM-conjugados atingem o intestino do animal, os conjugados mais promissores serão encapsulados em nanocápsulas biodegradáveis (Tarefa 4). No final deste projeto, espera-se que haja um ou mais conjugados ativos que possam ser patenteados e posteriormente explorados in vivo como medida profilática para evitar a salmonelose na avicultura. |