Em 1924, Portugal participou na grande aventura de voar, realizando, com êxito, o primeiro raide aéreo Portugal-Macau. A viagem, a bordo do “Pátria”, realizou-se entre 7 de abril e 20 de junho. Para assinalar este êxito, a Universidade do Porto vai promover um programa de atividades, a decorrer no dia 15 de maio e com entrada livre para toda a comunidade.
As celebrações vão abrir com a inauguração, pelas 16h30, na Casa Comum (à Reitoria), de Portugal na aventura de voar, uma mostra que reúne, entre outros objetos, a hélice do “Pátria”, alguns troféus que a viagem arrecadou e vários painéis com texto e fotografias da época que contextualizam a história deste marco da aviação nacional.
A inauguração da mostra será antecedida de uma atuação da Banda da Força Aérea. Segue-se um painel de conferências que contará com a presença de Isabel Morujão (Universidade do Porto- CITCEM), Carlos Mouta Raposo (Diretor do Museu do Ar), Cátia Miriam Costa (ISCTE – Instituto Universitário de Lisboa), Paulo Lage (FEUP) e Armando Malheiro da Silva (Universidade do Porto – CITCEM).
Pelas 21h30, haverá um concerto pela Banda da Força Aérea Portuguesa, no Anfiteatro da Faculdade de Engenharia da U.Porto (FEUP).
A mostra Portugal na aventura de voar ficará patente ao público até finais de junho.
Em 1922, o centenário da Independência do Brasil foi assinalado com a primeira travessia aérea do Atlântico Sul, protagonizada por Gago Coutinho e Sacadura Cabral. O sonho da aviação portuguesa era colocar Portugal no rumo da modernidade, competindo com as potências estrangeiras que, por essa altura, financiavam voos de longo alcance.
O voo de longo curso a Macau não teve financiamento do Governo. Brito Paes, Sarmento de Beires e o alferes mecânico Manuel Gouveia fizeram a viagem com um avião adquirido em segunda mão, em França. A compra foi custeada pelo dinheiro de um prémio oferecido a Beires e Paes por Charles Bleck (como resultado da primeira tentativa que fizeram de viagem aérea à Madeira, onde só não aterraram por causa do intenso nevoeiro sobre a ilha); e por uma subscrição pública aberta pelo Aeroclube de Portugal para completar o pagamento, a que se seguiram outras iniciativas para recolha de fundos: campeonatos de futebol, récitas, leilões, venda de livros, espetáculos de teatro e de música, etc.
O país mobilizou-se para apoiar esta viagem, numa altura política e socioeconomicamente adversa, o que levou os aviadores a classificarem este raide como uma viagem “de esmolas”. O avião escolhido foi um Breguet XVI, um antigo bombardeiro noturno de guerra, que transportava até 550 kg de bombas.
Já depois de dois terços do percurso percorrido, o “Pátria” sofreu um acidente ao aterrar de emergência na Índia. Para a sua substituição, foi, novamente, o povo português que pagou a compra do segundo avião na Índia, igualmente usado, que completaria a viagem até Macau.
Após o sucesso do raide, os três aviadores foram apoteoticamente recebidos pelas comunidades portuguesas de Macau, Hong Kong e Changai. No regresso para Portugal, de barco, fizeram diversas paragens em comunidades portuguesas na América, onde foram festejados. Em Lisboa, durante dias, os aviadores foram aclamados como heróis e condecorados com a Ordem de Torre Espada de Valor, Lealdade e Mérito pelo Presidente da República.