Luiza Sarsfield Cabral
Januário Torgal Ferreira
José Manuel Pureza
Antes do 25 de Abril, não havia sindicalismo livre. O regime tinha criado um Estado Corporativo, no qual as oligarquias se sustentavam à revelia dos direitos dos trabalhadores. As famílias eram pobres, não tinham acesso aos direitos elementares como a saúde e a educação. As habitações não tinham condições dignas e os problemas sociais foram adensando a cada ano que passava. Também a guerra colonial se juntava como fator de incerteza e desespero para tantas famílias que viam partir os seus maridos e filhos para um combate injusto e desnecessário. Alguns setores da população iam tomando consciência de que a organização coletiva era necessária. E aqui, os movimentos operários e os grupos da ação católica progressista assumiram um papel fundamental no combate à ditadura, ainda que protestassem na clandestinidade e tivessem de se sujeitar ao risco da prisão e da tortura.
Desde há 50 anos que a realidade é diferente. O protesto é hoje livre e pode mover-se ao passo da consciência dos nossos direitos. Mas estaremos hoje a perder a força do coletivo perante aquilo que achamos terem sido direitos adquiridos? O que nos move politicamente além das bolhas mediáticas ou das causas mainstream? Seremos hoje capazes de nos mover com consciência política ou somos cobaias de um sistema económico que nos paralisa?
Para a terceira conversa deste ciclo, o Comissariado Cultural convida: Luiza Sarsfield Cabral, professora aposentada, ativista política antifascista, militante da Juventude Universitária Católica e da cooperativa PRAGMA, detida e torturada pela PIDE; Januário Torgal Ferreira, bispo emérito das Forças Armadas e Segurança, ex-professor de Filosofia e História na FLUP, ex-assistente da Juventude Universitária (década de 60); e José Manuel Pureza, Professor de Relações Internacionais na FEUC, ex-deputado à Assembleia da República, membro da Comunidade de Acolhimento Cristão João XXIII.