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'Iremos precisar de uma nova receita para alimentar o mundo no futuro'. Na sociedade moderna, os consumidores evoluíram da compreensão tradicional de 'alimento' como uma fonte principal de nutrientes, para uma procura mais exigente, que inclui o potencial para melhorar a saúde [1,2]. Como a população continua a crescer, a necessidade de fontes de proteína sustentáveis e alternativas também cresce. Algas como fonte proteica e sustentável já é uma realidade em países como China e Japão [3]. Por outro lado, a sociedade ocidental, e em especial a Portuguesa e Europeia, tem vindo a procurar alternativas para o consumo de carne, tendo como principal substituto a proteína vegetal [4]. No entanto, o uso de terra arável e água potável é limitado, fazendo com que, na última década a sociedade tenha voltado a sua atenção para o mar. A chamada economia azul, dá um grande destaque a alimentos marinhos e em especial às algas [3,5].
Muitos consumidores ocidentais não estão familiarizados com a ingestão de algas fora do conceito de alimentos como o sushi. Mas como mudar a cultura de consumo de algas? É necessário criar alternativas para o seu consumo no estado bruto. A partir da produção de concentrados proteicos, é possível aumentar facilmente a sua aceitação e consumo, ao serem incorporados em produtos já comercializados e aceites pela sociedade. Isto, somado ao seu potencial bioativo, em especial nos péptidos puros e hidrolisados proteicos [6], pode trazer para além do valor nutricional, um elevado valor nutracêutico e farmacêutico.
Este valor pode ser mais elevado se o pudermos utilizar para prevenir doenças não transmissíveis (DNTs), incluindo uma série de doenças crónicas como o cancro, diabetes, doenças cardiovasculares, hipertensão, doença de Alzheimer (DA) e outras demências. Segundo a OMS, as DNTs são um enorme desafio para a saúde global, matam 41 milhões de pessoas por ano, o equivalente a 71% de todas as mortes a nível mundial. Pessoas de t |
Summary
'Iremos precisar de uma nova receita para alimentar o mundo no futuro'. Na sociedade moderna, os consumidores evoluíram da compreensão tradicional de 'alimento' como uma fonte principal de nutrientes, para uma procura mais exigente, que inclui o potencial para melhorar a saúde [1,2]. Como a população continua a crescer, a necessidade de fontes de proteína sustentáveis e alternativas também cresce. Algas como fonte proteica e sustentável já é uma realidade em países como China e Japão [3]. Por outro lado, a sociedade ocidental, e em especial a Portuguesa e Europeia, tem vindo a procurar alternativas para o consumo de carne, tendo como principal substituto a proteína vegetal [4]. No entanto, o uso de terra arável e água potável é limitado, fazendo com que, na última década a sociedade tenha voltado a sua atenção para o mar. A chamada economia azul, dá um grande destaque a alimentos marinhos e em especial às algas [3,5].
Muitos consumidores ocidentais não estão familiarizados com a ingestão de algas fora do conceito de alimentos como o sushi. Mas como mudar a cultura de consumo de algas? É necessário criar alternativas para o seu consumo no estado bruto. A partir da produção de concentrados proteicos, é possível aumentar facilmente a sua aceitação e consumo, ao serem incorporados em produtos já comercializados e aceites pela sociedade. Isto, somado ao seu potencial bioativo, em especial nos péptidos puros e hidrolisados proteicos [6], pode trazer para além do valor nutricional, um elevado valor nutracêutico e farmacêutico.
Este valor pode ser mais elevado se o pudermos utilizar para prevenir doenças não transmissíveis (DNTs), incluindo uma série de doenças crónicas como o cancro, diabetes, doenças cardiovasculares, hipertensão, doença de Alzheimer (DA) e outras demências. Segundo a OMS, as DNTs são um enorme desafio para a saúde global, matam 41 milhões de pessoas por ano, o equivalente a 71% de todas as mortes a nível mundial. Pessoas de todas as idades, regiões e países são afetadas por estas doenças. O aumento contínuo da incidência das DNTs exige o desenvolvimento urgente de terapêuticas preventivas e/ou curativas verdadeiramente eficazes.
Os investigadores, em associação com instituições de saúde pública, concentram-se na descoberta de uma possível estratégia de prevenção/tratamento de DNTs utilizando péptidos. Existem provas científicas de que alguns péptidos (derivados de alimentos) podem reduzir a pressão sanguínea através da inibição da enzima conversora de angiotensina (ECA) do sistema renina-angiotensina, um dos principais mecanismos de hipertensão [7,8]. Há também estudos que mostram que os péptidos podem estar envolvidos no tratamento da DA. Podem inibir a agregação tóxica do péptido beta-amilóide (Aβ), que é responsável pela deterioração de células cerebrais saudáveis, causando perda de memória e eventual comprometimento cognitivo [9]. Desta forma, o estudo de novos péptidos bioativos é de particular interesse.
Procurando uma resposta para estes problemas emergentes, a SeaProPep foi criada. Trata-se uma equipa de investigação multidisciplinar (RT) com membros de diferentes origens e especialização. O seu objetivo é utilizar as algas como uma fonte alternativa de proteína, assim como para a obtenção de hidrolisados e novos péptidos bioativos, para potenciais aplicações nutracêuticas e farmacológicas. Além disso, irá focar-se numa visão sustentável, desde a recolha de matéria prima até a sua potencial aplicação no mercado, potencializando o uso da biomassa para coprodutos.
Para alcançar os objetivos propostos, SeaProPep pretende caracterizar nutricionalmente as espécies nativas dos três grupos representativos de algas (verde, vermelho e castanho). A partir dessas amostras, as condições de extração de proteínas serão otimizadas utilizando um método de extração não convencional.
Serão obtidos concentrados proteicos e peptídicos (péptidos nativos) com potenciais bioatividades. Embora inativos dentro da estrutura primária das proteínas de origem, a hidrólise mediada por enzimas pode libertar péptidos com sequências específicas de aminoácidos que exibem atividade biológica [10 13]. Desta forma, será efetuada a otimização da hidrólise dos concentrados proteicos, de forma a obter hidrolisados e novos péptidos bioativos.
A PI (Investigadora Principal), Tânia Tavares, e a sua equipa têm grande experiência na extração de componentes de algas, processo de hidrólise de proteínas, e caracterização de bioatividades. No CTC, José Manuel Lorenzo, como Co-PI e a sua equipa irão empregar a sua vasta experiência na utilização de tecnologias emergentes e verdes para a recuperação de compostos bioativos e sua identificação.
O projeto SeaProPep visa fazer emergir a valorização das proteínas de algas marinhas, os seus hidrolisados e novos péptidos obtidos a partir destes, de uma forma sustentável, o que vai de encontro com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas (ODS3, ODS12 e ODS17). |