Resumo: |
A taxa de cobertura da rede nacional de creches/amas tem vindo a aumentar nos últimos anos (13% em 1996 [1]; 35% em 2010 [2]). A taxa de ocupação das creches era de 89% em 2010 [2]. Estes números parecem indicar que as creches são um recurso importante para os pais. Pesquisas em vários países demonstraram que a qualidade da creche é importante, revelando uma associação positiva entre esta e os resultados desenvolvimentais das crianças a curto e longo prazo[3][5][6]. Por exemplo, os nossos estudos anteriores com crianças de 1 e 2 anos mostraram que a qualidade das creches e os comportamentos interactivos das educadoras influenciam o envolvimento e o desenvolvimento da criança[7][8]. Num estudo longitudinal de larga escala nos EUA, verificou-se que a qualidade e quantidade da prestação de cuidados estavam relacionadas com o funcionamento do adolescente aos 15 anos, reforçando os efeitos a longo prazo encontrados em outros estudos[9]. Ademais, a pesquisa realizada em Portugal pelos elementos desta equipa examinou também a qualidade das creches contribuindo para o conhecimento actual e validação das medidas de observação da qualidade [10][11]. Contudo, nestes estudos portugueses, não foram observadas as salas para crianças com menos de 12 meses.
De acordo com uma perspectiva sistémica, e seguindo a teoria de Bronfenbrenner [12], embora as características de cada um dos contextos mais imediatos (microssistemas) sejam importantes para o desenvolvimento da criança, são também relevantes as transacções entre eles (mesossistema). Porém, a pesquisa acerca do mesossistema é escassa, especialmente em Portugal. A nível internacional, alguns estudos têm demonstrado a importância da comunicação pais-cuidadores, das atitudes e comportamentos dos pais na transição da criança para a creche [13][14][15], mas há ainda poucos estudos. De acordo com uma perspectiva sistémica, é crucial compreender estas relações porque as experiências precoces durante o primeiro ano de vida constitue |
Resumo A taxa de cobertura da rede nacional de creches/amas tem vindo a aumentar nos últimos anos (13% em 1996 [1]; 35% em 2010 [2]). A taxa de ocupação das creches era de 89% em 2010 [2]. Estes números parecem indicar que as creches são um recurso importante para os pais. Pesquisas em vários países demonstraram que a qualidade da creche é importante, revelando uma associação positiva entre esta e os resultados desenvolvimentais das crianças a curto e longo prazo[3][5][6]. Por exemplo, os nossos estudos anteriores com crianças de 1 e 2 anos mostraram que a qualidade das creches e os comportamentos interactivos das educadoras influenciam o envolvimento e o desenvolvimento da criança[7][8]. Num estudo longitudinal de larga escala nos EUA, verificou-se que a qualidade e quantidade da prestação de cuidados estavam relacionadas com o funcionamento do adolescente aos 15 anos, reforçando os efeitos a longo prazo encontrados em outros estudos[9]. Ademais, a pesquisa realizada em Portugal pelos elementos desta equipa examinou também a qualidade das creches contribuindo para o conhecimento actual e validação das medidas de observação da qualidade [10][11]. Contudo, nestes estudos portugueses, não foram observadas as salas para crianças com menos de 12 meses.
De acordo com uma perspectiva sistémica, e seguindo a teoria de Bronfenbrenner [12], embora as características de cada um dos contextos mais imediatos (microssistemas) sejam importantes para o desenvolvimento da criança, são também relevantes as transacções entre eles (mesossistema). Porém, a pesquisa acerca do mesossistema é escassa, especialmente em Portugal. A nível internacional, alguns estudos têm demonstrado a importância da comunicação pais-cuidadores, das atitudes e comportamentos dos pais na transição da criança para a creche [13][14][15], mas há ainda poucos estudos. De acordo com uma perspectiva sistémica, é crucial compreender estas relações porque as experiências precoces durante o primeiro ano de vida constituem bases para a aprendizagem e desenvolvimento posteriores.
A comunicação pais-cuidadores, especialmente quando partilham informação acerca da criança, pode estabelecer uma ligação entre o contexto familiar e a creche, contribuindo para que cuidadores e pais disponibilizem cuidados de elevada qualidade e consequentemente para a adaptação da criança [14]. É importante desenvolver pesquisas que contribuam para este conhecimento e fundamentem o trabalho dos educadores responsáveis pelas salas dos bebés. O objectivo principal deste estudo é investigar a transição do bebé para a creche no primeiro ano de vida, examinando em que medida variáveis da família, da creche e a comunicação pais-cuidadores influenciam a adaptação do bebé ao longo dos primeiros 6 meses (i.e., manutenção das rotinas, envolvimento na creche, comportamento adaptativo), controlando diversas variáveis. Especificamente pretende-se a) descrever as experiências na creche durante o período de transição, a nível da qualidade e das práticas de transição; b) analisar a comunicação pais-cuidadores e a sua associação à adaptação da criança ao longo do tempo; e c) verificar se a adaptação da criança à creche está associada às características da creche, ao ambiente familiar e à comunicação pais-cuidadores, controlando variáveis da criança. Neste estudo, a transição para a creche é conceptualizada como envolvendo 4 dimensões ao longo do tempo: a creche, o ambiente familiar, a comunicação pais-cuidador e a adaptação do bebé.
Os participantes, seleccionados aleatoriamente, incluirão (a) 90 salas para bebés de 90 creches do distr |