Resumo: |
The reuse of sewage sludge in agricultural fields as fertilizers has raised a growing concern, particularly with the possible migration of organic contaminants present in sludge to soil and crops. Although the European Commission is focused on this issue for more than 30 years in an attempt to avoid harmful effects related to this practice, there are still insufficient studies to prove that there are no real environmental and human health risks. Therefore, this projects intends to contribute to improve the knowledge on the safety use of sewage sludge/compost on cropland: (1) providing data on the concentrations of PAHs, PCBs, SMs and VMSs in sewage sludge and compost from various national urban WWTPs, (2) assessing if the application of sewage sludge/ compost to agricultural fields may promote the migration of these contaminants to soils, (3) studying plant uptake in field tests and (4) assessing the risks associated to this practice. |
Resultados: |
Os objetivos iniciais traçados para o projeto foram alcançados, tornando possível responder às cinco perguntas originalmente colocadas:
i) Os contaminantes orgânicos selecionados estão presentes nas lamas de depuração/biossólidos? A que níveis?
Foram desenvolvidos e implementados métodos analíticos rápidos e fiáveis para a caracterização das amostras de lamas de depuração, mas também para os solos (alterados ou não), águas de lixiviação e plantas. Os métodos permitiram confirmar a presença de PAHs, PCBs, almíscares sintéticos (SMs), metilsiloxanos voláteis (VMSs) e metais pesados nas lamas de depuração recolhidas em 42 ETARs (Verão/Inverno). A maioria dos compostos orgânicos foram concomitantemente detetados nas lamas de depuração, em concentrações que variaram entre 1 e 38550 ng/g dw. Não foram encontradas diferenças significativas entre as amostras recolhidas no Verão e no Inverno, mas existem diferenças significativas nas amostras recolhidas em diferentes ETARs, mostrando a sua dependência com o tipo de esgoto recebido (doméstico, industrial, serviços, etc.).
ii) Existe alguma absorção destes contaminantes por parte das plantas quando as lamas de depuração/biossólidos são aplicadas nas culturas?
Foram utilizadas duas culturas modelo - tomate e ervilheira. Foram efetuados ensaios em condições controladas (câmara de crescimento) e em estufas para avaliar a absorção/ translocação de SMs e VMSs (contaminantes emergentes). Em ambas as experiências, ocorreu a absorção e até a translocação nas plantas. A aplicação de lamas de depuração não afetou negativamente o desenvolvimento das culturas.
iii) Existe alguma acumulação e impacto negativo no solo?
Da mesma forma, no final das experiências, os contaminantes-alvo foram detetados nos solos, demostrando a sua capacidade para se acumularem. Contudo, em média, cerca de 80% dos contaminantes aplicados aos solos em que se fizeram crescer plantas foram dissipados, , enquanto que naqueles em que não se colocaram plantas (controlo) apenas 61% sofreram dissipação.
iv) Podem causar riscos para o ambiente e, em última análise, para os seres humanos?
Para responder a esta pergunta, foram realizadas diferentes avaliações dos riscos ambientais e humanos com base nos Guias Técnicos da UE. Não foi observado qualquer risco para a saúde humana devido à ingestão de ervilhas ou tomates cultivados em solos alterados por lamas de depuração. No entanto, a análise do quociente de risco do solo produziu valores preocupantemente elevados para o HHCB e AHTN em quase todas as condições testadas.
v) A reutilização de lamas de depuração para fins agrícolas é um procedimento seguro?
Esta é a pergunta mais difícil de ser respondida. Na verdade, com base nos resultados deste projeto, a reutilização de lamas de depuração é uma solução interessante para este resíduo. Contudo, níveis elevados de microrganismos patogénicos podem impedir que as lamas sejam aplicadas sem passar por um processo de estabilização, tal como a compostagem. Por outro lado, a presença de poluentes emergentes, tais como os avaliados neste projeto, demonstra claramente a existência de riscos para o ambiente, devido à sua potencial acumulação nos solos, embora não tenham sido encontrados riscos associados à ingestão de alimentos produzidos por esta técnica. |