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História da FCUP

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Na Chancelaria do Rei D. José existe o registo, datado de Maio de 1761, de uma carta de Piloto das Carreiras da Índia, Brasil, Angola, S. Tomé, Guiné e Ilhas "e de qualquer outra navegação", em nome de José Monteiro Salazar.

Em Novembro do mesmo ano o Rei atende o pedido de autorização da construção de duas Fragatas, destinadas a proteger a navegação que saía ou demandava a barra do Douro. E, em Julho de 1762, criava "doze tenentes do mar e dezoito guardas-marinhas para servirem nas referidas fragatas, com Aula e residência na mesma Cidade do Porto".

As duas fragatas, Nº Sª da Guia e S. João Baptista, são prontamente construídas, no estaleiro da Ribeira do Ouro, cada uma em cerca de ano e meio, com custos de 50 e 60 milhões de reis (1763 e 1765).

Entretanto, D. José tinha nomeado "Capitão-Tenente das Fragatas de Guerra da Repartição da Cidade do Porto, com a obrigação de ser Mestre da Aula daquela Cidade, na qual lerá todos os dias que não forem de guarda...", António Rodrigues dos Santos, que servira na Índia, onde fora Mestre da Aula de Náutica da Cidade de Goa e, posteriormente, Substituto na de Lisboa (Maio 1764).
Reprodução da determinação régia
que cria a Aula Náutica do Porto.
Diploma de 1762
página 1
As aulas tiveram início em Novembro de 1764, competindo à Junta da Companhia (Geral da Agricultura das Vinhas do Alto Douro) a aquisição de material necessário: a título de exemplo, 2 globos e 3 livros para a Aula de Náutica, em Janeiro de 1766. António Rodrigues dos Santos apenas ensinou escassos cinco anos, falecendo em Julho de 1769.

Nessa altura José Monteiro Salazar era, desde Maio de 1768, por nomeação de João de Almada e Melo (Membro do Conselho de Sua Majestade, Governador das Armas na Cidade do Porto, Presidente da Junta da Marinha, etc, etc), Primeiro Piloto "desta Marinha". Na qualidade de Piloto das Fragatas de Guerra, José Monteiro Salazar não podia embarcar em navios mercantes; a nomeação permitia-lhe "vencer em terra metade do saldo quando embarcado".

Dois anos depois, invocando uma representação dos oficiais da Marinha da Cidade, bem como dos "Aulistas" que cursavam a Academia Náutica, e os prejuízos causados por ter deixado de haver exercício desde o tempo que faleceu o lente António "Roiz" dos Santos, João de Almada e Melo determinou que o cargo seja exercido por José Monteiro Salazar "enquanto Sua Majestade assim o houver por bem e não mandar o contrário ou prover de proprietário o mesmo lugar".
Carte de la Mer Mediterranée en douze feuilles,
Joseph Roux, 1764 (Fundo Antigo)
página 2
Iniciava-se assim um longo período de 19 anos (Outubro de 1770-Outubro 1789) em que José Monteiro Salazar se manteve à frente da Aula de Náutica.

Não viriam a faltar sinais de apreço pela preparação dos Aulistas do Porto. Tendo Sua Majestade decidido, em Julho de 1774, extinguir o Corpo de Guardas-Marinhas, o Marquês de Pombal responde a uma carta de João Almada e Melo, de Fevereiro de 1775, nos seguintes termos: "Pelo que respeita à Aula de Náutica não só não deve ser extinta mas que, pelo contrário, recomenda Sua Majestade a conservação e os progressos dela, na forma que V.Exª me participa, em benefício da utilidade pública".

Com a ascensão ao trono de D. Maria I, poderia ficar em causa a nomeação de José Monteiro Salazar. Mas a carta do Marquês de Angeja (Presidente do Real Erário depois da queda de Pombal), dirigida em Outubro de 1778 ao Provedor da Junta da Companhia, é muito clara: "Bem entendido que ao Lente da Aula de Náutica se deve mandar continuar no exercício da mesma Aula".
Livro de contas demonstrativas (…), 1762-1771
(Arquivo da Companhia Geral da Agricultura
das Vinhas do Alto-Douro)
página 3
Antecipando-se aos tratados entre Portugal e a Rússia, de "Neutralidade Armada" (1782) e de Comércio (1787), a Companhia começou a enviar, a partir de 1779, corvetas ou outros navios com produtos do império português (e não apenas vinhos) a portos do Mar Báltico: S. Petersburgo, Cronstadt, Riga, etc; logo na primeira corveta seguiram dois Aulistas.

Anos depois (1782), o nosso primeiro embaixador na Rússia, Horta Machado, comentava em ofício para Lisboa: "Não há senão três anos que teve princípio a nossa navegação para estes mares, e já hoje a maior parte dos navios que vem do Porto são comandados por moços, que tem vindo nos antecedentes por praticantes, e já são tão experimentados nestes mares que alguns nem trouxeram Pilotos do Estreito de Sund". E propunha que os barcos provenientes de Lisboa seguissem o exemplo dos do Porto.

José Monteiro Salazar foi, certamente, um bom Piloto e um bom Lente da Aula de Náutica. E, além disso, o seu nome é um dos cinco cartógrafos portugueses do século XVIII mencionados por Armando Cortesão nas suas prestigiadas publicações.
Carta náutica das costas de Aunis e Saintonge,
França, ed. Johannes van Keulen, Amsterdam,
1695 (Museu de Ciência/Núcleo FCUP)
página 4
Quando, em 2003, a Universidade do Porto comemorou o 2º centenário da Academia Real da Marinha e Comércio foi localizada, no Inventário de 1830 daquela Academia, uma referência a "huma Planta da Costa de Portugal e África, em Pergaminho". Não constando do Inventário de 1873 da Academia Politécnica, sucessora daquela outra Academia, era provável que já não existisse. Felizmente localizada em 2008, foi imediatamente reconhecida como uma carta náutica de José Monteiro Salazar, datada de 1777, em relativamente bom estado de conservação.

Assim passaram a ser conhecidos quatro trabalhos cartográficos de José Monteiro Salazar: a Sociedade de Geografia de Lisboa possui, há mais de um século, três outras cartas, todas seleccionadas para a grande Exposição de Cartografia Nacional (1903-1904). Uma dessas cartas é um "Mapa da Barra e Ryo da Cidade do Porto com todas as suas Pedras e Bancos de Areya", de 1779, feito - como todos os outros - em S. João da Foz, freguesia de onde era natural; a Biblioteca Municipal do Porto possui uma cópia, de 1784.

Em Março de 1965, a Câmara Municipal do Porto aprovou a atribuição do nome José Monteiro Salazar a uma nova rua, próxima da confluência da Rua de Serralves com a Rua do Campo Alegre.
Portulano, José Monteiro Salazar,
1777 (Fundo Antigo)
página 5
Compositor: Johann Sebastian Bach - Christmas Oratorio BWV 248 Sinfonia
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