Saltar para:
Logótipo
Você está em: Início > Centenário - Discurso Diretor da FCUP parte 2
Mapa das Instalações
FC6 - Departamento de Ciência de Computadores FC5 - Edifício Central FC4 - Departamento de Biologia FC3 - Departamento de Física e Astronomia e Departamento GAOT FC2 - Departamento de Química e Bioquímica FC1 - Departamento de Matemática

Centenário da FCUP - Intervenções

Abertura - Professor António Fernando Silva (parte 2)




Decidimos também instituir um prémio destinado a homenagear aqueles que por qualquer tipo de acção tenham contribuído ou venham a contribuir para o prestígio da FCUP e que denominamos de troféu centenário da Faculdade de Ciências do Porto. Mais detalhes sobre este troféu serão dados mais tarde no programa.


Fomos bafejados pela sorte quando lutávamos para encontrar algo que servisse a intenção de involver a comunidade em que nos inserimos nestas comemorações. De facto, através de um contacto ocasional de uma empresa de Lisboa, Terra Esplendida, tivemos conhecimento da possibilidade de trazer a Portugal e ao Porto em particular, de uma exposição admirável de fotografia que nas palavras do subdirector, Prof José Luís Santos, constitui uma simbiose feliz entre momento, movimento, ciência e arte e que reflecte exemplarmente a mensagem a transmitir que a realidade é o momento presente mas que só faz sentido ancorado no passado e projectado no futuro. A exposição acompanhada de notas biográficas do autor cientista/artista Harold Edgerton, constitui um marco na aproximação da FCUP á sociedade pois benefecia do seu enquadramento na casa Andressen magnificamente recuperada para as comemorações que decorrem do centenário da nossa universidade , do ambiente revigorante e reconfortante do Jardim Botânico e da presença em simultâneo na casa da exposição de obras dessa maravilhosa artista que é Armanda Passos.
Tal como sublinhou o prof José Luís Santos na breve sessão de abertura da exposição, e passo a citar “ a exposição de Harold Edgerton- Fragmentos do tempo, é a necessária componente das comemorações com uma certa extensão temporal que traduzisse algo que consideramos importante que esteja presente nas comemorações do centenário da FCUP e que, de uma forma difusa se poderá identificar como pausa criativa dinâmica”.

Aproveito o momento para agradecer a todos os que apoiaram esta iniciativa a Câmara Municipal do Porto, o Jornal Publico, a Rádio Nova, a Hicox e em particular às administrações da Metro do Porto e dos STCP. A direcção que lidero e a quem presto aqui a minha homenagem e o meu agradecimento pela colaboração empenhada e competente que me tem prestado, só possível pelo ambiente de confiança mútua que entre nós se estabeleceu, adoptou como lema, para estas comemorações do centenário da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto
100 anos. Compromisso com o futuro
Aqui atrás projectado e cujo mensagem principal foi o salientar que o legado valioso acumulado durante um trajecto de cem anos deve, essencialmente, e servir de ponto de partida no assumir do compromisso com objectivos ambiciosos para o futuro.
No programa que apresentei na minha candidatura a Diretor da FCUP, 18 meses atrás, depois de um enquadramento da situação defini um conjunto de áreas estratégicas que passavam por revigorar a coesão interna, reforçar o paradigma de qualidade no ensino e na investigação, dinamizar a internacionalização e inovação e assegurar a gestão responsável dos recursos da FCUP. Os objectivos então traçados bem como as linhas de acção definidas foram recentemente reformuladas no novo plano estratégico para 2011-2015 de modo a integrar-se no plano estratégico da UP para o mesmo quinquénio.
Não entrarei nos grandes objectivos e metas incluídos no plano pois eles carecem ainda de aprovação. Limitar-me-ei nesta sessão, de um modo muito breve, para não abusar da vossa paciência, a salientar alguns aspectos da realidade da FCUP que serviram de base à definição das opções estratégicas incluídas no plano que foi enviado ao Conselho de representantes da Faculdade para análise de modo a ser posteriormente enviado ao Conselho Geral da UP.

Desde a sua Fundação a FCUP funcionou no edifício histórico da U. Porto na Praça Gomes Teixeira, com exceção do Departamento de Botânica que se situava no Jardim Botânico. Na década de oitenta foi definido o plano para a mudança da FCUP para o pólo II da Universidade no Campo Alegre que foi implementado de um modo faseado tendo-se iniciado em 1996 e terminado em 2009 com muitas alterações do plano inicial.

No âmbito do RJIES, em 2009 a FCUP procedeu à revisão dos seus estatutos que contemplou as seguintes alterações :
  • Fusão dos anteriores departamentos de Matemática Pura e Matemática Aplicada num único Departamento de Matemática, de onde saíram as valências de Engenharia Geográfica e Astronomia;
  • Fusão dos anteriores departamentos de Botânica e de Zoologia e Antropologia num único Departamento de Biologia, de onde saiu a valência Arquitetura Paisagista;
  • Integração da valência de Astronomia no Departamento de Física, constituindo-se um Departamento de Física e Astronomia;
  • Constituição de um novo Departamento de Geociências, Ambiente e Ordenamento do Território integrando o anterior Departamento de Geologia, a Secção Autónoma de Ciências Agrárias, a componente de Engenharia Geográfica anteriormente no Departamento de Matemática Aplicada e a componente de Arquitetura Paisagista anteriormente no departamento de Botânica; a este novo departamento foi também atribuída a coordenação científica e gestão da área do Ambiente, que se encontrava dispersa por vários departamentos.
  • O Departamento de Química foi rebatizado como Departamento de Química e Bioquímica em face da crescente importância da formação em Bioquímica proporcionada por este departamento em colaboração com o ICBAS.

Neste processo somente o Departamento de Ciência de Computadores se manteve inalterado.

A implementação destas disposições estatutárias, complexas por natureza, teve início em 2010 e implicou:
  • A transferência de docentes entre departamentos;
  • A reformulação dos espaços atribuídos aos novos departamentos;
  • A elaboração de regulamentos para os novos departamentos refletindo o novo enquadramento científico e operacional.

Considera-se que esta profunda reorganização constitui uma das maiores mudanças da FCUP dos últimos 25 anos, racionalizando uma estrutura departamental construída ao longo do tempo. A nova estrutura é potenciadora da concretização de um melhor ensino e de uma melhor investigação no contexto FCUP, mas está ainda numa fase de execução e de estabilização, exigindo o devido acompanhamento.

A FCUP será provavelmente a Unidade Orgânica da U. Porto com a envolvente mais complexa, com uma larga diversidade de estudantes, metodologias de ensino e de investigação, e toda uma panóplia de instalações e infraestruturas que, com centro no Campo Alegre se estendem desde o Monte da Virgem até à Foz.

Relembro que a FCUP tem sob sua gestão
  • Seis edifícios no pólo central da FCUP no Campo Alegre
  • Jardim Botânico no Campo Alegre, incluindo a casa Andressen
  • Observatório Astronómico Prof. Manuel de Barros no Monte da Virgem, Vila Nova de Gaia
  • Instituto Geofísico na Serra do Pilar em Vila Nova de Gaia
  • Estação de Zoologia Marítima na Foz
  • E ainda ocupa instalações no Campus da U. Porto em Vairão

Acresce que, no edifício histórico da U. Porto, na Praça Gomes Teixeira, a FCUP está também envolvida na gestão do Museu de Ciência da Universidade do Porto/Pólo FCUP e do Museu de História Natural da Universidade do Porto, tendo também responsabilidades institucionais no Fundo Antigo e na Pinacoteca.

Esta realidade coloca compreensivelmente uma maior pressão na estrutura de gestão da Faculdade, nos seus serviços e em última análise nos seus recursos humanos e materiais sendo prudente e necessário uma cuidada adaptação de regras gerais de gestão e de procedimentos.
Nos últimos anos (2005 a 2010) houve, na FCUP, uma redução substancial do número de docentes (~ 16% ) e funcionários (~23%), tendência que se acentuou ao longo de 2011 devido ao elevado número de aposentações ( docentes e não docentes ). Hoje, a FCUP tem 236 docentes de carreira todos com o grau de doutor, 111 funcionários não docentes com contrato a termo incerto e 9 funcionários com contrato a termo certo.
Apesar da pressão que esta realidade coloca no nível de serviços proporcionados pela FCUP, é, no entanto, uma oportunidade para reorganizar as redundâncias que poderiam eventualmente existir e para atuar na estrutura no sentido da sua racionalização e otimização.
Neste contexto, permito-me salientar duas das prioridades da FCUP para os próximos anos:
  • Estudar e implementar uma reorganização curricular que possibilite racionalizar recursos docentes e simplificar a estrutura administrativa;
  • Implementar uma política de contratação de funcionários que pela sua qualidade e competências, possibilite a sua ação em diversas áreas dos Serviços da FCUP;

Gostaria de mencionar ainda no âmbito da gestão de recursos em infraestruturas a prioridade dada ao processo de instalação da Biblioteca Central da FCUP que está em curso a qual inclui um espaço de trabalho para os estudantes ;
E o aproveitamento de todas as possibilidades da plataforma Sigarra bem como a instalação de sistemas de gestão documental e de gestão da qualidade.

A FCUP oferece uma formação diversificada em Ciências Exatas e Naturais, a cerca de 3800 estudantes, repartidos por 13 cursos de 1º ciclo (licenciaturas e mestrados integrados), 38 cursos de 2º ciclo e 20 cursos de 3º ciclo (programas doutorais), num total de 71 ofertas formativas. Do total de estudantes inscritos cerca de 30% são de ensino pós graduado, metade dos quais está inscrito em programas doutorais. Com excepção deste ano, a procura dos nossos cursos de primeiro ciclo tem sido excelente. A diminuição verificada este ano na 1ª fase do concurso parece ter sido colmatada na 2ª fase pois só temos menos 13 estudantes inscritos no 1º ano do que tínhamos no ano passado. Em 2010, o número total de diplomados na FCUP, foi de 724, dos quais 382 concluíram cursos de 1º ciclo ou mestrado integrado, 278 cursos de mestrado e 51 programas de doutoramentos. Com algumas exceções, de que se salienta a licenciatura e mestrado em Bioquímica em parceria com o ICBAS, certamente um caso de sucesso, a FCUP tem tido êxito limitado na construção de cursos interdisciplinares abrangendo outras Unidades Orgânicas da UP sendo esta uma área onde a colaboração tem de ser incentivada. Nesta breve caracterização da realidade FCUP não podemos deixar de mencionar que o insucesso escolar na FCUP é relativamente elevado (cerca de 25% no primeiro ciclo) tendo já sido identificado que um dos principais fatores que possa estar na origem desse insucesso é possivelmente a metodologia de avaliação não adaptada ao perfil médio do estudante FCUP. Foi já publicado um novo regulamento de avaliação dos estudantes que se espera venha a contribuir para reduzir o efeito desse factor de insucesso.

A atividade de formação não creditada é ainda reduzida na FCUP, e a formação creditada situa-se fundamentalmente ao nível dos cursos curtos de atualização para professores do ensino básico e secundário.

De entre as linhas de acção definidas no âmbito da formação permitam-me que saliente
  • Continuar a formação de professores para o ensino básico e secundário com sólida formação científica nas áreas das Ciências Exatas e Naturais para o que iremos necessitar to apoio dos directores de Escolas e orientadores que connosco tem colaborado a quem neste momento agradeço a colaboração já prestada
  • Racionalizar a oferta formativa ao nível do 2º ciclo, demasiado pulverizada na sequência da transformação de Bolonha,
  • Reforçar os recursos instrumentais para o ensino experimental

Neste contexto a actual direcção da FCUP comprometeu-se a investir mais de 1 milhão de euros em três anos para melhorar equipamento laboratorial destinado ao ensino/aprendizagem. O investimento para este ano deverá atingir um pouco mais de 700 000¤. Os órgãos de gestão da FCUP seguem atentamente os dados recolhidos pelo observatório do emprego na UP. É opção estratégica para o próximo quinquénio apostar na empregabilidade e empreendorismo dos nossos estudantes não só através da aquisição de competências em áreas de gestão como incentivar a realização de estágios e dissertações em ambiente laboral. Neste contexto apraz-me aqui realçar a conclusão recente dos primeiros dois doutoramentos realizados em parceria universidade/empresa.

É conhecida a contribuição relevante da FCUP para a produção científica da Universidade do Porto. Os docentes e investigadores da FCUP realizam a sua atividade científica em 18 unidades de investigação reconhecidas pela Fundação para a Ciência e Tecnologia , (das quais 8 têm classificação de Excelente ou Muito Bom e 7 têm o estatuto de Laboratório Associado)

A produção científica, medida pelo número de artigos publicados em revistas referenciadas pelo ISI Web of Science (ISI-WoS), tem tido um crescimento quase linear desde 2005, tendo atingido cerca de 700 artigos científicos em 2010 Desde 2005 que a produção científica da FCUP, indexada ao ISI-WoS, tem representado cerca de 22 a 25% da produção científica total da U. Porto.
O crescimento verificado em 2010 em relação a 2009 (cerca de 15%) corresponde a um aumento de produtividade que passou de 2,1 em 2009 para 2,5 artigos/ETI (doutorado) em 2010.

Como ponto prévio para o estabelecimento dos objetivos estratégicos da Faculdade na investigação, é essencial reconhecer-se que a sua concretização não depende somente da ação direta da FCUP.
De facto, o modelo de desenvolvimento da atividade de I&D em Portugal nos últimos 20 anos assentou no estabelecimento de unidades de investigação com fontes de financiamento e de avaliação de resultados distintas das associadas às universidades.
Por exemplo, no caso do financiamento, a sua origem para as universidades está essencialmente ancorada nos estudantes do 1º e 2º ciclo de estudos (Orçamento de Estado e propinas), enquanto as unidades de investigação têm um financiamento associado à qualidade da investigação produzida e à sua competitividade na angariação de projetos nacionais e internacionais.
Sendo certo que um recurso fundamental das unidades de investigação são os docentes financiados pelas instituições do ensino superior, e que os resultados da investigação são fulcrais para a afirmação destas, factos que, por si só, aconselhariam a uma estreita coordenação universidades/unidades de investigação, A existência de cadeias distintas de responsabilidade institucional tem como consequência natural a consolidação de diferentes prioridades e a quase total ausência de articulação de ação.

Esta realidade, conjugada com o facto do docente universitário ter que gerir as suas facetas de docente e de investigador em diferentes enquadramentos institucionais, gera frequentemente situações que se podem referir como quase esquizofrénicas, altamente desgastantes e penalizadoras para a produtividade científica das instituições.
É urgente encontrar soluções clarificadoras desta realidade
Entretanto a FCUP considera central a construção de uma plataforma regulamentar FCUP/Unidades de Investigação que possibilite e estimule sinergias recíprocas, potenciadoras do acréscimo da qualidade e quantidade da produção científica.
Gostaria somente de indicar algumas linhas de acção no âmbito da investigação pelo que podem representar para o desenrolar normal de projectos e incentivar os mais jovens.

Propomo-nos
  • Ampliar o Fundo de Investigação já constituído de modo a proporcionar liquidez à execução de projetos e atribuição de bolsas aprovadas por programas de financiamento;
  • Apoiar projectos de investigação de mérito de jovens investigadores, afectando parte das receitas das overheads a “seed money”

Propomo-nos também
  • Implementar o princípio de que a utilização de recursos FCUP por parte das unidades de investigação, particularmente espaços, e serviços, tenha associada uma contrapartida para os custos da sua manutenção e sustentabilidade.
  • Regulamentar a possibilidade de atribuição de estímulos financeiros a docentes/ investigadores da FCUP com origem no financiamento dos projetos de I&D (ou de prestação de serviços) quando os programas que os sustentem assim o permitam.


A Universidade do Porto considera como objetivo nuclear da sua ação no Tema Estratégico Desenvolvimento Económico e Social da Região e do País: “Participar ativamente no desenvolvimento económico e social da Região e do País através da interação com a sociedade em geral e com o tecido produtivo em particular”.
A FCUP assume este objetivo pois tem naturalmente na sua matriz a vertente da valorização económica reconhecendo-se, no entanto, que o envolvimento da instituição nesta vertente não está ao nível do que é possível e desejável
Todavia gostaria de brevemente referir o aumento crescente de estudos e consultadorias nas áreas das Geociências, da Matemática e Ciências da Computação. A constituição de empresas em zonas tecnológicas de elevado valor acrescentado como na área da Fotónica.
Um excelente exemplo de prestação de serviços de caráter multidisciplinar é o Laboratório de Exame de Documentos e Escrita Manual (LEDEM), vocacionado para o exame pericial de documentos, reconhecido como de elevada competência e cujos serviços são sistematicamente solicitados pelos tribunais. Passam este ano 25 anos sobre a data em que o primeiro relatório de exame pericial foi feito e desde então para cá a reputação de qualidade do LEDEM foi consolidada.

Uma das consequências das longas raízes da FCUP foi o acumular de um vasto património com componentes infraestruturais, científicas, museológicas e culturais, que deve ser preservado e trabalhado de modo a proporcionar aos estudantes da FCUP, da U. Porto e à Sociedade em geral a perspetiva global do projeto científico do Homem, indutora de sabedoria e de progresso sustentado.

As componentes principais desse património são

Museu de História Natural, Museu de Ciência

Fundo Antigo, Jardim Botânico

Instituto Geofísico e a Estação de Zoologia Marítima


Os quais devem constituir-se pólos de divulgação científica, de enquadramento e debate dos grandes problemas da atualidade, de formação e de motivação humanista para as novas gerações, de atividades lúdicas e de cultura, num encadeamento sintetizado no slogan Do Monte da Virgem à Foz.

Este é um resumo da realidade e das opções estratégicas que traçamos. Mas não nos iludamos. A curto e médio prazo o crescimento não passará por atrairmos mais estudantes para os primeiros ciclos. A demografia e o desempenho no secundário não nos ajudarão. A imagem que a sociedade, em particular os empregadores e os jovens fazem das formações em ciências não é propiciadora ao reconhecimento da importância dessas formações.

Confrontamo-nos hoje externa e até internamente, com uma preocupação, possivelmente exagerada, de demonstrar a utilidade da formação em ciências; de encontrar aplicações práticas do conhecimento científico. Ainda não conseguimos passar as barreiras já identificadas pelo prof. Manuel Correa de Barros, que era professor de engenharia e que foi Reitor da UP, falando sobre a utilidade da ciência pura dizia, na notável oração de sapiência proferida na abertura do ano lectivo de 1950/51,
“o progresso técnico, depende sobretudo, do desenvolvimento das ciências puras; e “este facto é hoje (1950) tão conhecido nos países tecnicamente mais adiantados, que muitas empresas industriais gastam milhões em laboratórios onde se fazem estudos científicos que, em muitos casos, ninguém sabe ao certo para que poderão servir” fim de citação.
Interrogo-me como estaríamos nós hoje se mais jovens e as empresas portuguesas tivessem dado ouvidos a estas ponderadas palavras.

Creio que a combinação de factores que enumerei conduz à necessidade de encontrar alternativas e lutar arduamente por elas, pois não estamos sós. A competição interna irá acentuar-se. Temos que ser melhores e ter melhores alternativas que os nossos concorrentes quer a nível interno quer a nível externo. Temos que ser capazes de fazer melhor ensino e antecipar as tendências para a empregabilidade. Temos que potenciar as sinergias entre a investigação fundamental e aplicada e o ensino e aprendizagem para o que , a actual separação dos centros de investigação e as unidades orgânicas não é, no meu entender, a solução mais adequada.

A situação actual e o cenário previsível para um futuro próximo aponta para a necessidade de também entrar na competição internacional por estudantes para os diversos graus de de ensino. Temos que trabalhar as vantagens competitivas que temos em alguns mercados nomeadamente nos países de expressão em língua portuguesa, em certos sectores da juventude americana, na América latina e, possivelmente, em Timor e Macau. Entre essas vantagens estão, como salientou recentemente a presidente da FLAD, o reconhecimento dos nossos diplomas no quadro da declaração de Bolonha, o baixo custo das nossas propinas, a produção cientifica e a possibilidade de aprender a língua portuguesa. Eu acrescentaria ainda a possibilidade de oferta de graus multitulados através de programas de formação conjuntos como os que resultam dos programas Erasmus Mundus.
Mas para que o aproveitamento destas vantagens resulte é necessário ainda vencer algumas barreiras, e aumentar a oferta de formação em língua inglesa e assegurar a aprendizagem da língua portuguesa que passa obviamente pela colaboração da Faculdade de Letras.
A tarefa será árdua e possívelmente requererá a tomada de medidas, algumas certamente estruturais, na Universidade, para que culmine com sucesso.
Todavia temos a obrigação de analisar com profundidade as vantagens e desvantagens das alterações a fazer. As medidas a tomar devem ser devidamente ponderadas, discutidas e avaliadas nas suas consequências, de modo a fortalecer a coesão pelo reconhecimento do seu potencial para o desenvolvimento da UP e das suas unidades orgânicas. É necessario assegurar as condições para que haja ampla aceitação e empenho na implementação desss medidas o que se consegue trabalhando em clima de diálogo e de total confiança.
Se no dizer do poeta o sonho comanda a vida é preciso estar acordado e com os pés bem assentes na terra para viver a vida com o sentido humanista e social que se impõe.

Sr Reitor da UP, caros colegas muitas outros aspectos relacionados com o futuro da FCUP mereceriam a minha atenção mas o tempo já vai longo.
Sr Reitor, a Faculdade de Ciências, reafirma hoje nesta sessão solene comemorativa do seu centenário que continuará a manter a sua abertura, o seu empenho e determinação em trabalhar para contribuir para uma Universidade do Porto prestigiada no plano nacional e internacional, contribuindo assim para o progresso da sociedade em que está inserida e para o País em geral.
Apesar de algum sentimento de algum desilusão que sinto pelas recentes medidas anunciadas, gostaria de terminar com uma palavra de confiança e estímulo para que, colectivamente, mantenhamos o mesmo empenho de sempre para construirmos uma Faculdade melhor

Muito Obrigado


Recomendar Página Voltar ao Topo
Copyright 1996-2025 © Faculdade de Ciências da Universidade do Porto  I Termos e Condições  I Acessibilidade  I Índice A-Z  I Livro de Visitas
Última actualização: 2012-02-13 I  Página gerada em: 2025-06-14 às 14:13:05 | Política de Utilização Aceitável | Política de Proteção de Dados Pessoais | Denúncias