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Intervenção de Cláudio Carvalho

Presidente da Associação de Estudantes da Faculdade de Ciências - 19 de Outubro de 2011







Magnífico Reitor da Universidade do Porto,
Professor Doutor Marques dos Santos

Sua Eminência Reverendíssima O Bispo do Porto,
D. Manuel Clemente

Exmo. Senhor Director do Serviço de Ciência da Fundação Calouste Gulbenkian,
Professor Doutor João Caraça
Exmo. Senhor Director da Faculdade de Ciências,
Professor Doutor António Fernando Sousa da Silva

Exmos. Directores das restantes Unidades Orgânicas da Universidade do Porto,

Exmos. Directores ou Presidentes das demais instituições de ensino superior nacionais aqui presentes,

Exmo. Senhor Presidente dos Conselhos de Representantes e Científico,
Professor Doutor Manuel Ricardo Falcão Moreira

Exma. Senhora Presidente do Conselho Pedagógico,
Professora Doutora Maria do Rosário Pinto

Exmo. Senhor Sub-Director da Faculdade de Ciências,
Professor Doutor José Luís Campos de Oliveira Santos

Demais Membros do Conselho Executivo e dos restantes Órgãos de Gestão da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto,

Exmos. Presidentes dos diversos Departamentos da Faculdade de Ciências,

Estimados Colegas Dirigentes da Associação de Estudantes da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto,

Demais Colegas dos diversos Grupos e Núcleos Académicos da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto,

Estimado Corpo Docente e não Docente,

Caros Estudantes, Amigos e Amigas,
Escreveu um antigo estudante da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto:
"Eles não sabem, nem sonham,
que o sonho comanda a vida,
que sempre que um homem sonha
o mundo pula e avança
como bola colorida
entre as mãos de uma criança."
Este excerto do poema de Rómulo Vasco da Gama de Carvalho, sob o pseudónimo de António Gedeão, poderia, muito bem, retratar a expansão da Educação Pública no raiar da Primeira República, a génese da Universidade do Porto e desta Faculdade.

Tal como a República, esta Faculdade também nasce de um sonho, da aposta de progressistas visionários, da ruptura com o “statu quo” sócio-cultural...

Nos tempos idos de 1911 não seria fácil prever ou adivinhar o futuro desta instituição mas hoje, não restam dúvidas, que a Universidade do Porto e, a Faculdade de Ciências, enquanto sua parte integrante, são das mais reputadas instituições de ensino superior à escala nacional e, por conseguinte, todos temos o dever, enquanto singulares constituintes desta Centenária "Casa", de contribuir diariamente para a contínua excelência e para o aperfeiçoamento dos seus resultados pedagógicos e científicos.

Mas não tenhamos uma visão tão enviesada sobre qual deve ser a actual e a futura missão do ensino superior em geral e destas instituições em particular.

Mais que bons futuros profissionais, a Universidade de hoje e de amanhã e, particularmente a Faculdade de Ciências, têm o dever de formar "Homens" com “H” maiúsculo: cidadãos solidários, socialmente consciencializados, verdadeiros mutualistas ou humanistas, responsáveis, cidadãos livres, versáteis e criativos numa sociedade globalizada em constante mutação que pede, como de "pão para a boca", soluções novas e não antigas para problemas recorrentes.


Caríssimos,

São momentos difíceis estes. São, pois também, momentos únicos estes.

A Primeira República que rompeu com a monarquia liberal do século XIX, também ela caiu sem nunca esta Faculdade quedar. Ao raiar republicano de 5 de Outubro seguiu-se o 28 de Maio e a este o florescer do 25 de Abril. Neste momento atravessamos outra revolução: a tecnológica e a sócio-cultural pelo que, inevitavelmente, a Educação Superior não pode ficar para trás.


Caríssimos,

Está na altura de romper com o “statu quo” novamente...

As instituições de ensino superior de hoje já não podem continuar a viver no reaccionarismo da intocabilidade e da inimputabilidade. Perante a incapacidade política que se restringe, diria verga, à ortodoxia do pensamento económico hegemónico e ultrapassado, à Universidade compete estimular o conhecimento, desenvolver investigação com aplicabilidade empresarial e possibilitar que esta esteja ao serviço da criação de riqueza.

A redução da pobreza, das desigualdades sociais ou o fomento da coesão social só serão alcançados através do crescimento económico possibilitado pela transferência da informação em conhecimento e, consequentemente, do conhecimento em capital pela inovação. Nesta cadeia de valor da vida, a Universidade e a Faculdade tem um papel central, preponderante e inestimável, do qual não se pode imiscuir.

Advogamos, também, sem prejuízo da responsabilidade e da necessidade prévia de aperfeiçoar os mecanismos internos da garantia de qualidade através da avaliação interna e externa, assim como, através da acreditação, pelo menos até 2016 e, ainda, através do aconselhamento institucional, mais autonomia administrativa e pedagógica, mais autonomia financeira e contabilística, ainda que sem prejuízo da promoção da igualdade de oportunidades no acesso e frequência do ensino superior.

Os jovens de hoje querem também mais autonomia, liberdade de escolha e mais liberdade económica: "Liberdade não é liberdade de todo sem liberdade económica”.

Neste sentido, a Universidade do Porto e, obviamente, a Faculdade de Ciências de hoje, nos seus pilares pedagógicos, científicos e sócio-culturais, têm que liderar estas novas bandeiras e têm que se transformar não só numa Universidade ou Faculdade de Investigação mas numa Universidade ou Faculdade de Empreendedorismo, de Empreendedores e para Empreendedores.

Em 2009, Diogo Vasconcelos disse ao Jornal i: "Inovação significa liberdade, partilha de informação, colaboração, rasgo, iniciativa, tolerância e aprendizagem do fracasso.”

Uma Faculdade de e para Empreendedores é uma Faculdade que inova, cria, fomenta a coopetição entre os seus pares e arrisca. Esta Nova Faculdade não pode nem deve arriscar sozinha mas em estrita colaboração com outras para que o “bem comum” da Universidade do Porto em particular e do País por inerência sejam uma realidade.

Está na altura de reestruturar a oferta formativa na Universidade e nas unidades orgânicas, também na nossa unidade orgânica; está na altura de partilhar recursos intra-institucionais e acabar com os corporativismos internos.

As instituições, também esta instituição deve construir o seu próprio futuro de uma forma realmente autónoma e deve chamar a si própria as suas devidas responsabilidades: as responsabilidades pelas suas apostas, pelos seus sucessos e, igualmente, pelos seus fracassos.

A fraternidade "tem a haver com uma decisão concreta de aproximação e acolhimento do outro como ele é e não como nós imaginaríamos."

Repito.

A fraternidade "tem a haver com uma decisão concreta de aproximação e acolhimento do outro como ele é e não como nós imaginaríamos."

Quem disse esta frase, que assino por baixo, foi Sua Eminência Reverendíssima O Bispo do Porto, D. Manuel Clemente.

A postura da Universidade e da Faculdade de hoje, nomeadamente dos órgãos de gestão, não se pode coadunar com modelações sociais por decreto ou regulamentação, proibições ou coacções conservadoras. A adopção de uma postura digna ao nível ético-moral, dá-se pela educação humanista e pelo tratamento horizontal e equitativo dos estudantes pelos órgãos de representatividade, pelos serviços e pela docência.

A fraternidade trascende a sua componente solidária e revela-se, de igual forma, pelo respeito e envolvimento institucional. Infortunada e diria naturalmente, os legítimos interesses estudantis não são sempre atendidos fruto das afectações na representatividade institucional produzidas pela Lei n.º 62/2007, por muitos conhecida como o Regime Jurídico das Instituições de Ensino Superior. Todavia, se é verdade que o poder político tem culpas neste capítulo, também, não é menos verdade que a não representatividade estudantil no Conselho Executivo desta unidade orgânica induz-nos enormes preocupações.


Caros e Caras Estudantes,

Façamos também nós uma introspecção...

Se é verdade que nem sempre somos auscultados, se é verdade que não temos a melhor acção social directa e indirecta, se podemos ser críticos quanto ao modelo pouco meritocrata de financiamento das instituições de ensino superior, se temos visto serviços internos a fecharem ou a perderem qualidade, não é menos verdade que muitos de nós se têm alienado do seu papel para lá do académico, na construção de uma Faculdade de Ciências e de um Ensino Superior mais justo, meritocrata, rigoroso e transparente.

Aos estudantes volto a apelar para não alienarem o papel que lhes incumbe: não percam esta oportunidade única e tal como no passado, afirmo que não deverão sair desta instituição como entraram. Os resultados académicos e científicos são importantes, mas são também redutores... são apenas uma pequena parte da missão da FCUP ou do que deve ser a Universidade de hoje.

Desperdiçar esta diversidade que a Faculdade e a Academia têm para oferecer, é desperdiçar o grande investimento efectuado por vocês e pelo o Estado e mais do que isso: é desperdiçar a janela de oportunidade de se formarem enquanto cidadãos preparados para o novo modelo social que está a emergir e ao qual o nosso País necessita de se adaptar urgentemente.


Caros e Caras Colegas,

É certo que muito há a melhorar e que somos responsavelmente, tanto insatisfeitos como construtivos.

É certo que muito há a louvar nestes cem (100) anos mas preferimos falar do futuro.

De minha parte, um agradecimento final sentido e intemporal a todos os que, outrora, trabalharam afincadamente para o crescimento e afirmação desta instituição...

Aos que hoje aqui trabalham, aqui estudam e se formam quero-lhes dizer que todos seremos poucos para colocar esta instituição ao serviço da sociedade, todos seremos poucos para fazer face à adversidade.

De nossa parte, contem connosco para que os próximos cem anos (100) sejam ainda mais radiosos que os últimos cem (100).


Virtus Unita Fortius Agit

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