Resumo: |
Nos últimos anos os padrões de mobilidade têm sofrido profundas alterações que tem comprometido, entre outros factores, os níveis de qualidade de vida, a competitividade económica e a sustentabilidade global das grandes cidades e áreas metropolitanas. Torna-se assim importante reflectir sobre as crescentes necessidades de deslocação das populações na perspectiva do desenvolvimento sustentável. É essencial promover uma compreensão mais alargada dos factores comportamentais que influenciam as deslocações para chegarmos a políticas de mobilidade verdadeiramente eficazes.
O paradigma tradicional do Planeamento dos Transportes que se podia sintetizar na frase "prevêr e fornecer" (predict and provide) já não é adequado à gestão das necessidades correntes de mobilidade. O novo paradigma "prever e prevenir" (predict and prevent) coloca novos desafios às políticas de gestão da mobilidade. Neste contexto a CE aponta as seguintes condições básicas: reduzir as necessidades de deslocação e tornar mais sustentáveis as restantes deslocações. Estas condições ultrapassam claramente o âmbito normalmente atribuído ao planeamento dos transportes. Vários autores defendem que o desenvolvimento sustentável da mobilidade urbana necessita, assim, de um enquadramento holístico. Contudo estas políticas integradas raramente têm vindo a ser aplicadas na prática. Têm sido igualmente sugeridas políticas orientadas para os comportamentos e escolhas pessoais tendo em consideração factores demográficos e sócio-económicos.
A nossa proposta é baseada em dois projectos de investigação anteriores que incidiram sobre factores e motivações complementares dos padrões de mobilidade urbana. Um destes projectos, desenvolvido no nosso centro de investigação, baseia-se no conceito de "mobilidade potencial" em áreas metropolitanas. Este projecto considera apenas factores estruturais, isto é factores relacionados com a ocupação do solo e com o sistema de transportes, e te |
Resumo Nos últimos anos os padrões de mobilidade têm sofrido profundas alterações que tem comprometido, entre outros factores, os níveis de qualidade de vida, a competitividade económica e a sustentabilidade global das grandes cidades e áreas metropolitanas. Torna-se assim importante reflectir sobre as crescentes necessidades de deslocação das populações na perspectiva do desenvolvimento sustentável. É essencial promover uma compreensão mais alargada dos factores comportamentais que influenciam as deslocações para chegarmos a políticas de mobilidade verdadeiramente eficazes.
O paradigma tradicional do Planeamento dos Transportes que se podia sintetizar na frase "prevêr e fornecer" (predict and provide) já não é adequado à gestão das necessidades correntes de mobilidade. O novo paradigma "prever e prevenir" (predict and prevent) coloca novos desafios às políticas de gestão da mobilidade. Neste contexto a CE aponta as seguintes condições básicas: reduzir as necessidades de deslocação e tornar mais sustentáveis as restantes deslocações. Estas condições ultrapassam claramente o âmbito normalmente atribuído ao planeamento dos transportes. Vários autores defendem que o desenvolvimento sustentável da mobilidade urbana necessita, assim, de um enquadramento holístico. Contudo estas políticas integradas raramente têm vindo a ser aplicadas na prática. Têm sido igualmente sugeridas políticas orientadas para os comportamentos e escolhas pessoais tendo em consideração factores demográficos e sócio-económicos.
A nossa proposta é baseada em dois projectos de investigação anteriores que incidiram sobre factores e motivações complementares dos padrões de mobilidade urbana. Um destes projectos, desenvolvido no nosso centro de investigação, baseia-se no conceito de "mobilidade potencial" em áreas metropolitanas. Este projecto considera apenas factores estruturais, isto é factores relacionados com a ocupação do solo e com o sistema de transportes, e tem vindo a ser aplicado à Área Metropolitana do Porto. A metodologia foi concebida para revelar o potencial dos padrões de ocupação do solo e das características do sistema de transportes para oferecer as condições necessárias (mas não suficientes) a uma mobilidade mais sustentável.
O outro projecto de investigação, da responsabilidade do Prof. Petter Naess, correspondeu a um estudo exaustivo dos padrões de mobilidade e das suas relações com a estrutura urbana e foi aplicado à Área Metropolitana de Copenhaga. A metodologia adoptada privilegiou os aspectos comportamentais centrando-se nos efeitos da localização residencial sobre os padrões de mobilidade. Esta metodologia é inovadora segundo várias perspectivas de análise, alargando o âmbito de investigações anteriores e contribuindo para uma melhor compreensão das complexas motivações e aspectos comportamentais que estão na base dos actuais padrões de mobilidade encontrados nas nossas cidades e áreas metropolitanas.
A possibilidade de combinar a complementaridade das duas metodologias associadas a estes dois estudos anteriores, constitui o elemento distintivo e inovador desta proposta. Esta combinação envolverá a aplicação da nossa metodologia à área metropolitana de Copenhaga e, inversamente, a aplicação da metodologia do Prof. Petter Naess à área metropolitana do Porto. Deste modo os aspectos estruturais e comportamentais dos padrões de mobilidade serão analisados e comparados nos dois casos de estudo, tirando partido de todo o trabalho já desenvolvido por ambas as partes. Reconhecendo as significativas diferenças de natureza social e económica entre as duas áreas metropolitanas será ainda assim possível analisar a importância de diferentes estruturas metropolitanas sobre os padrões de mobilidade, já que a área metropolitana de Copenhaga é monocêntrica, enquanto a área metropolitana do Porto é verdadeiramente uma área metropolitana policêntrica. |