Resumo: |
A redução da exploração de recursos naturais não renováveis tem sido uma das constantes preocupações associadas à preservação do meio ambiente que, simultaneamente, encoraja a aplicação de materiais alternativos. Assim, ao longo dos últimos anos a sustentabilidade ambiental tem vindo a exigir um progressivo aumento da valorização de resíduos na construção. Este projeto pretende avaliar uma nova aplicação de Resíduos de Construção e Demolição (RCD) como material de aterro de estruturas reforçadas com geossintéticos.
A Comissão Técnica de Valorização de Resíduos em Obras Geotécnicas (CT-VROG) da Sociedade Portuguesa de Geotecnia (SPG) identificou recentemente um conjunto de resíduos com possibilidades de valorização em obras geotécnicas, de entre os quais se destacam: os resíduos de exploração de pedreiras; as escórias da combustão do carvão; as escórias de aciaria; os resíduos de pneus usados; os resíduos de construção e demolição e as escórias de incineração de resíduos sólidos urbanos.
Embora os diferentes resíduos identificados se encontrem em estádios diferentes de investigação quanto à possibilidade de valorização em obras geotécnicas, quer a nível nacional, quer internacional, os que se encontram em fase mais avançada (por exemplo: escórias de aciaria, escórias de incineração de resíduos sólidos urbanos, resíduos de construção e demolição) admitem, para já, apenas a possibilidade de utilização como materiais granulares em bases e sub-bases de estradas. A valorização dos Resíduos de Construção e Demolição em aterros reforçados com geossintéticos é uma área praticamente não explorada.
Com este projeto pretende-se alargar a potencialidade de aplicação em obras geotécnicas dos Resíduos de Construção e Demolição, investigando a possibilidade de substituírem os solos naturais como materiais de aterro em estruturas reforçadas com geossintéticos (muros e taludes).
A persecução deste objetivo baseia-se na vasta experiência da equipa do projeto no estudo do refor |
Resumo A redução da exploração de recursos naturais não renováveis tem sido uma das constantes preocupações associadas à preservação do meio ambiente que, simultaneamente, encoraja a aplicação de materiais alternativos. Assim, ao longo dos últimos anos a sustentabilidade ambiental tem vindo a exigir um progressivo aumento da valorização de resíduos na construção. Este projeto pretende avaliar uma nova aplicação de Resíduos de Construção e Demolição (RCD) como material de aterro de estruturas reforçadas com geossintéticos.
A Comissão Técnica de Valorização de Resíduos em Obras Geotécnicas (CT-VROG) da Sociedade Portuguesa de Geotecnia (SPG) identificou recentemente um conjunto de resíduos com possibilidades de valorização em obras geotécnicas, de entre os quais se destacam: os resíduos de exploração de pedreiras; as escórias da combustão do carvão; as escórias de aciaria; os resíduos de pneus usados; os resíduos de construção e demolição e as escórias de incineração de resíduos sólidos urbanos.
Embora os diferentes resíduos identificados se encontrem em estádios diferentes de investigação quanto à possibilidade de valorização em obras geotécnicas, quer a nível nacional, quer internacional, os que se encontram em fase mais avançada (por exemplo: escórias de aciaria, escórias de incineração de resíduos sólidos urbanos, resíduos de construção e demolição) admitem, para já, apenas a possibilidade de utilização como materiais granulares em bases e sub-bases de estradas. A valorização dos Resíduos de Construção e Demolição em aterros reforçados com geossintéticos é uma área praticamente não explorada.
Com este projeto pretende-se alargar a potencialidade de aplicação em obras geotécnicas dos Resíduos de Construção e Demolição, investigando a possibilidade de substituírem os solos naturais como materiais de aterro em estruturas reforçadas com geossintéticos (muros e taludes).
A persecução deste objetivo baseia-se na vasta experiência da equipa do projeto no estudo do reforço de solos com geossintéticos [1, 2, 3, 4]. A equipa do projeto tem desenvolvido investigação na área do reforço de solos com geossintéticos, quer no estudo de um dos aspetos fundamentais que é a interação solo-geossintético [3, 4, 5, 6], quer na modelação numérica do comportamento de estruturas de solo reforçado com geossintéticos em condições de carregamento estático [7, 8] e sísmico [9, 10, 11]. Tirando partido do conhecimento disponível e tendo em atenção preocupações em termos de sustentabilidade ambiental, considera-se relevante avaliar a potencialidade de utilização dos RCD em substituição dos solos naturais nas estruturas reforçadas com geossintéticos.
De acordo com a lista Europeia de Resíduos existem resíduos de construção e demolição classificados como inertes, não perigosos e perigosos pelo que o seu poder contaminante terá de ser avaliado. Para ser possível a sua utilização, particularmente em obras geotécnicas, a presença de materiais poluentes deve ser evitada, tendo um papel decisivo uma demolição seletiva e criteriosa. A caracterização física, mecânica, hidráulica e ambiental (esta última de acordo com o decreto-lei 183/2009 de 10 de agosto) dos RCD é fundamental para perspetivar a sua valorização como materiais de aterro de estruturas reforçadas com geossintéticos.
Após a seleção de dois tipos de geossintéticos correntemente aplicados como reforço (geogrelhas e geocompósitos de reforço) proceder-se-á à sua caracterização mecânica. Tendo em consideração que nas estruturas reforçadas com geossintéticos os movimentos relativos nas interfaces com maior probabilidade de ocorrência são o arranque e o corte direto, serão efetuados ensaios de caracterização do comportamento das interfaces RCD/Geossintético através da realização de ensaios de arranque e de corte direto. Estes ensaios serão realizados para diferentes graus de compactação dos resíduos e distintos valores de tensão de confinamento.
Com vista à avaliação da possibilidade de construção deste tipo de estruturas em zonas de elevada sismicidade, a caracterização do comportamento das interfaces será efetuada quer em condições de carregamento monotónico, quer em condições de carregamento cíclico.
Os resultados da caraterização laboratorial dos resíduos e do comportamento das interfaces resíduo/geossintético permitirão modelar numericamente o comportamento de estruturas reforçadas com geossintéticos utilizando como material de aterro os RCD.
Com este projeto pensa-se poder contribuir para o alargamento das possibilidades da valorização dos RCD em obras geotécnicas, para o aumento da economia na construção e para uma maior sustentabilidade ambiental. |