Luís Couto dos Santos 1872-1938 Engenheiro civil e professor universitário |
Luís Couto dos Santos, filho do comendador Miguel Couto dos Santos e de D. Maria Cristina de Alcântara Santos, nasceu no Rio de Janeiro, Brasil, a 1 de março de 1872.
Já em Portugal, inscreveu-se no curso de Engenharia Civil e de Obras Públicas da Academia Politécnica do Porto, no ano letivo de 1887-1888. Durante o curso, foi aluno de figuras de vulto da Academia, como foi o caso de Francisco Gomes Teixeira, António Ferreira da Silva e José de Azevedo Albuquerque.
Depois de concluída a licenciatura a 30 de novembro de 1894, encetou a sua atividade profissional numa empresa produtora e distribuidora de energia elétrica na zona central do Porto, da qual transitou para "A Construtora", que se dedicava à construção de imóveis e à montagem de instalações de iluminação e de tração elétrica.
Na área da Eletrotecnia fundou, em 1901, a fábrica denominada "A Electra", especializada na produção de material hospitalar. A sua ação foi fundamental para o progresso da "Companhia Carris de Ferro do Porto", fundada em 1873, que, juntamente com a "Companhia Carril Americano do Porto", criada em 1872, dominava os transportes públicos do Porto - de tração animal e mecânica, a vapor e elétrica.
Na "Companhia Carris de Ferro do Porto", Luís Couto dos Santos dirigiu os Serviços de Exploração, promoveu a obra da Estação Central Geradora de Massarelos - projetada em 1909, reformulada em 1912 devido ao aumento das necessidades energéticas e inaugurada em 1915 -, indispensável ao funcionamento dos elétricos do Porto, e desempenhou as funções de Engenheiro-chefe.
Ao longo da sua carreira desempenhou, também, as funções de consultor técnico da Câmara Municipal do Porto, tendo nesse âmbito desenvolvido o plano de urbanização da Foz do Douro, de diretor dos Serviços Municipalizados de Gás e Eletricidade do Porto (entre o final de 1917 e o início de 1918) e de consultor de outros municípios.
Entretanto, a 29 de fevereiro de 1915, iniciou uma carreira de docência no ensino superior ao assumir as funções de assistente provisório na Faculdade Técnica da Universidade do Porto. Em 1916 passou a assistente definitivo e em maio de 1919 a professor ordinário da 3.ª secção (Mecânica e Eletrotecnia). Doutorou-se em Engenharia em 1927 e, em 1930, era professor catedrático do 6.º grupo (Eletrotecnia) da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto.
Nesta Universidade, para além do exercício da docência, foi diretor da Faculdade Técnica (nomeado em 14 de agosto de 1919) e do seu Laboratório Eletrotécnico (1919) e, ainda, primeiro diretor da Faculdade de Engenharia (nomeado e eleito em 1926). Em 1935 foi, de novo, nomeado diretor desta Faculdade, mas, em janeiro do ano seguinte, viu-se obrigado a abandonar o cargo por motivos de saúde. Em 1927 participou nas comemorações do 90.º aniversário da Academia Politécnica do Porto, assinaladas pelo assentamento da 1.ª pedra da nova Faculdade de Engenharia.
Na área da construção civil encontrou uma solução para a estrutura metálica do pavilhão das nascentes das águas minerais de Melgaço e ganhou uma medalha de ouro Exposição do Rio de Janeiro de 1908, com o material cirúrgico que apresentou a concurso.
Na Administração Pública, Luís Couto dos Santos foi vogal do Conselho Superior de Eletricidade, da Comissão Eletrotécnica Portuguesa e do Conselho Superior de Obras Públicas.
Foi casado com D. Laura Eulália de Azevedo e Albuquerque Couto dos Santos. Tiveram dois filhos: Luís de Albuquerque Couto dos Santos, engenheiro e administrador dos Correios, Telégrafos e Telefones, e Carlos Afonso de Albuquerque Couto dos Santos, chefe das Oficinas da Faculdade de Engenharia.
Luís Couto dos Santos faleceu no Porto a 31 de janeiro de 1938, na sua casa na rua das Virtudes e foi a sepultar no Cemitério de Agramonte, Porto. No cerimonial religioso, as insígnias doutorais foram conduzidas pelos seus assistentes - os engenheiros João Pais de Aguilar e Luís Delgado Santos -, os responsos fúnebres rezados pelo Dr. Correia Pinto, cónego da Sé do Porto, tendo discursado o professor Tomás Dias, diretor da FEUP, e o engenheiro Flávio Pais, representante da Ordem dos Engenheiros à qual o homenageado pertencera.
(Universidade Digital / Gestão de Informação, 2011)