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Memória U.Porto

Antigos Estudantes Ilustres da Universidade do Porto

Gonçalo Sampaio

Fotografia de Gonçalo Sampaio / Photo of Gonçalo Sampaio Gonçalo Sampaio
1865-1937
Professor universitário e naturalista botânico



Capa de livro Biográfico sobre Gonçalo Sampaio / Cover of the Biographical book about Gonçalo SampaioGonçalo António da Silva Ferreira Sampaio nasceu na freguesia de S. Gens de Calvos, concelho da Póvoa de Lanhoso, a 29 de março de 1865.

Em 1885 inscreveu-se na Escola Normal do Porto com o objetivo de se tornar professor primário, mas acabou por abandoná-la e regressar ao Liceu de Braga para concluir os estudos liceais.
De seguida, matriculou-se no curso de Matemática da Universidade de Coimbra, que veio a interromper, apesar de aprovado nas cadeiras de Álgebra Superior e Geometria Analítica. No ano letivo de 1890-1891 ingressou na Academia Politécnica do Porto, onde cursou Química Mineral, Botânica e Zoologia, sem que, no entanto, tivesse concluído o curso.
Durante o primeiro ano frequentou a 7ª cadeira - Química Inorgânica, 1ª parte - e a 10ª – Botânica, 1ª parte; no segundo (1891-1892), inscreveu-se de novo na 7ª cadeira e ainda na 8ª - Química Inorgânica e Analítica, 1ª e 2ª partes e na 11ª - Zoologia, 1ª parte. Nos dois anos letivos seguintes não se inscreveu em qualquer disciplina. No ano de 1894-1895 inscreveu-se na 2ª cadeira - Cálculo Diferencial e Integral, na 4ª - Geometria Descritiva, 1ª parte, na 6ª - Física, 1ª parte, na 8ª - Química Orgânica e Analítica, 2ª parte, e na 18ª - Desenho, 1ª e 2ª partes. Obteve aprovação na 7ª, na 10ª e na 11ª cadeira.

Durante esta época da sua vida, Gonçalo Sampaio revelou talento para o estudo de plantas, tendo organizado um herbário para o professor de Botânica, Manuel Amândio Gonçalves, e publicado o seu primeiro trabalho nesta área, intitulado "Flora Vascular Portugueza. Quadro dichotomico para a determinação das famílias" (1895). A 5 de dezembro de 1901 foi nomeado naturalista-adjunto de Botânica da Academia Politécnica do Porto por indicação de Amândio Gonçalves e no ano seguinte ficou incumbido de dirigir os trabalhos dos alunos da disciplina de Botânica.

Foto do Busto de Gonçalo Sampaio no Jardim Botânico do Porto / Photo of the bust of Gonçalo Sampaio at the Botanical Gardens of PortoEntre 1909 e 1914, Gonçalo Sampaio publicou o "Manual da Flora Portuguesa", obra indispensável ao conhecimento da flora nacional, e, em 1910, devido ao estado de saúde de Amândio Gonçalves, passou a reger a cadeira de Botânica. Porém, aquando da proclamação da República, viu-se obrigado a interromper a atividade letiva para se refugiar na Galiza devido ao facto de ser um manifesto apoiante de João Franco (1855-1929).

Foto da Rua Gonçalo Sampaio (Porto) / Photo of the street Gonçalo Sampaio (Porto)De regresso a Portugal, assumiu o exercício de funções como professor de Botânica na recém-criada Faculdade de Ciências da Universidade do Porto, nomeado pelo decreto de 7 de dezembro de 1912, tendo tomado posse a 9 de janeiro do ano seguinte. Nas suas aulas práticas, aplicou a técnica histológica.
Nesse ano de 1912 foi nomeado diretor do Gabinete de Botânica e na sessão do Conselho Escolar da Faculdade de Ciências que decorreu a 30 de novembro de 1918 foi-lhe conferido o grau de Doutor em Ciências Histórico-Naturais.

Em 1919, após a tentativa de restauração da Monarquia (Monarquia do Norte), ocorrida na sequência da morte de Sidónio Pais (1872-1918), Gonçalo Sampaio foi implicado na organização do Batalhão Académico e, por este motivo, aprisionado no Aljube. Durante os meses passados em cativeiro escreveu a obra "Epítome da Flora Portuguesa", a qual, porém, não chegou a ser editada.
Depois de libertado, Gonçalo Sampaio retomou o ensino e assistiu à conversão do Gabinete de Botânica, de que era diretor, em Instituto de Botânica. Foi, ainda, nomeado diretor do Instituto de Investigações Científicas de Botânica, em 1921, e diretor do Laboratório e Museu de Botânica, anexos à FCUP, em 1926.

Enquanto investigador, destacou-se como um grande sistemata e nomenclaturista. Nesta qualidade, descreveu cerca de 50 novas espécies de plantas vasculares, editou a monografia "Rubus portuguesa" (1904) e elaborou um herbário. Publicou um catálogo de líquenes de Portugal continental, estudou a flora liquenológica galega com Luiz Crespi, organizou uma exsiccata de líquenes portugueses e descreveu cerca de 70 novas espécies e um género novo, denominado "Carlosia". Dedicou-se igualmente às algas marinhas desmídias, tendo identificado 5 novas espécies.
Esteve envolvido no estabelecimento de regras internacionais de investigação, nomeadamente no Congresso Luso-espanhol do Porto (1921), travou relações com botânicos distintos, portugueses e estrangeiros, e colaborou com Júlio Augusto Henriques (1838-1928) e D. António Xavier Pereira Coutinho (1851-1939) no estudo da flora continental portuguesa, e com o micologista espanhol, Romualdo Gonzalez Fragoso (1862-1928).

Foto do livro Flora Portuguesa de Gonçalo Sampaio / Photo of the book Flora Portuguesa, by Gonçalo SampaioGonçalo Sampaio foi também um amante de música. Estudou violino como autodidata e empenhou-se na investigação do folclore. Efetuou a recolha de cerca de 200 canções populares, editadas no "Cancioneiro Minhoto".

Morreu no Porto a 27 de julho de 1937 com 72 anos de idade. Deixou dois manuscritos praticamente prontos ("Flora de Portugal" e "Catálogo dos Líquenes portugueses"), postumamente editados sob a direção de Américo Pires de Lima em 1946, com o título "Flora Portuguesa".
(Universidade Digital / Gestão de Informação, 2009)

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