Resumo: |
A implementação de intervenções parentais baseadas na evidência (IPBE) no contexto das instituições da comunidade é um passo essencial da investigação translacional, permitindo disponibilizar os programas de intervenção que se revelam eficazes e, consequentemente, contribuem para a melhoria da vida das crianças e das suas famílias. Contudo, estes programas permanecem subutilizados pelos serviços da comunidade, já que a transferência das IPBE dos contextos da investigação para os contextos comunitários é complexa e ainda pouco compreendida. Embora vários estudos tenham abordado os efeitos das IPBE, pouco se sabe ainda sobre a forma como as famílias vulneráveis, nomeadamente as famílias que recorrem aos serviços sociais e/ou estão envolvidas nos serviços de proteção infantil, beneficiam dos serviços disponíveis para as apoiarem no exercício das suas funções parentais.
A utilização das IPBE para apoiar os pais é também uma forma de promover os direitos das crianças, tendo em conta os benefícios conhecidos de uma parentalidade positiva para o desenvolvimento infantil e para a saúde mental e bem-estar das famílias. Algumas das mais disseminadas IPBE fazem parte do sistema Triplo P - Programa de Parentalidade Positiva e consistem em IPBE do tipo cognitivo-comportamental, tendo por base o eixo conceptual da autorregulação. Vários estudos apoiam a eficácia deste sistema de intervenção, revelando a promoção da parentalidade positiva e efeitos positivos sobre os problemas de comportamento infantil, as práticas parentais e a rede de apoio social da família. No entanto, apesar da ampla divulgação do sistema Triplo P, pouco se sabe sobre o custo-efetividade das suas intervenções, sendo que escassos estudos identificam a intervenção Standard Triple P (STP) como apresentando custoefetividade na diminuição dos problemas de comportamento das crianças.
As intervenções do sistema Triplo P podem constituir recursos úteis para o apoio parental em serviços da comunidade. Em particul |
Resumo A implementação de intervenções parentais baseadas na evidência (IPBE) no contexto das instituições da comunidade é um passo essencial da investigação translacional, permitindo disponibilizar os programas de intervenção que se revelam eficazes e, consequentemente, contribuem para a melhoria da vida das crianças e das suas famílias. Contudo, estes programas permanecem subutilizados pelos serviços da comunidade, já que a transferência das IPBE dos contextos da investigação para os contextos comunitários é complexa e ainda pouco compreendida. Embora vários estudos tenham abordado os efeitos das IPBE, pouco se sabe ainda sobre a forma como as famílias vulneráveis, nomeadamente as famílias que recorrem aos serviços sociais e/ou estão envolvidas nos serviços de proteção infantil, beneficiam dos serviços disponíveis para as apoiarem no exercício das suas funções parentais.
A utilização das IPBE para apoiar os pais é também uma forma de promover os direitos das crianças, tendo em conta os benefícios conhecidos de uma parentalidade positiva para o desenvolvimento infantil e para a saúde mental e bem-estar das famílias. Algumas das mais disseminadas IPBE fazem parte do sistema Triplo P - Programa de Parentalidade Positiva e consistem em IPBE do tipo cognitivo-comportamental, tendo por base o eixo conceptual da autorregulação. Vários estudos apoiam a eficácia deste sistema de intervenção, revelando a promoção da parentalidade positiva e efeitos positivos sobre os problemas de comportamento infantil, as práticas parentais e a rede de apoio social da família. No entanto, apesar da ampla divulgação do sistema Triplo P, pouco se sabe sobre o custo-efetividade das suas intervenções, sendo que escassos estudos identificam a intervenção Standard Triple P (STP) como apresentando custoefetividade na diminuição dos problemas de comportamento das crianças.
As intervenções do sistema Triplo P podem constituir recursos úteis para o apoio parental em serviços da comunidade. Em particular o STP, que sendo uma intervenção do tipo individual e ajustada às necessidades de cada família, apresenta um potencial acrescido para apoiar as famílias vulneráveis. No entanto, a implementação de IPBE em contextos comunitários coloca um desafio fundamental que consiste em garantir uma implementação flexível, introduzindo adaptações em função das necessidades das famílias e do contexto, mas sem comprometer a fidelidade aos componentes centrais do programa.
Para compreender o potencial do STP quando implementado pelos serviços da comunidade em famílias vulneráveis Portuguesas, o presente projeto visa responder a quatro importantes questões: Como é o STP implementado em contextos da comunidade? O STP é eficaz? Quais são os benefícios para as famílias? Até que ponto a intervenção apresenta custo-efetividade?
O plano de investigação proposto para responder a estas perguntas inclui um ensaio quase-experimental com o objetivo de avaliar as características da implementação, os efeitos e o custo-efetividade do STP, quando implementado em contextos da comunidade junto de famílias vulneráveis com crianças de 6 a 12 anos (N>200). Os dados do estudo serão recolhidos junto dos pais, das crianças e dos profissionais dos serviços sociais, em 3 momentos de avaliação, até 10 semanas após a intervenção, comparando as famílias que recebem o STP (n>100) com as que recebem a intervenção habitualmente oferecida na comunidade (IHC, n>100). Serão recolhidos ainda dados sobre a implementação do STP, incluindo listas de verificação de fidelidade da implementação sessão a sessão e os custos e benefícios associados ao STP e à IHC. Esta investigação permitirá conhecer melhor a prática e a eficácia da implementação do STP em contextos da comunidade, nomeadamente a nível das práticas educativas parentais e do ajustamento das crianças, bem como quais as famílias e em que circunstâncias o STP apresenta custo-efetividade. Os resultados trarão um contributo fundamental para a investigação translacional, ao revelarem as características da implementação, os efeitos e o custo-efetividade do STP, quando implementado junto de famílias vulneráveis em contextos da comunidade, informando assim a prática e a
formulação de orientações políticas. Daqui decorrerão contribuições para a sociedade e para a tomada de decisões informando sobre o STP como uma intervenção preventiva para famílias vulneráveis e mostrando em que condições o STP pode ser implementado de forma mais eficaz para reduzir encargos e custos familiares e sociais. |